Grupo faz tatuagem para homenagear amigo que sobreviveu ao câncer
Os 10 colegas fizeram o mesmo desenho que Eduardo para simbolizar a união e a força deles juntos
atualizado
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As boas amizades são feitas de momentos marcantes, sejam eles bons ou ruins. Foi o que descobriu recentemente o publicitário Eduardo Brandão Sousa Ramos Marinho, 32 anos.
Para entender melhor a história é preciso voltar a 2011. Poucos dias antes do seu aniversário, em setembro, ele descobriu que estava com um tumor cerebral maligno – Glioblastoma Multiforme (GBM) grau 4, o mais agressivo.
Um diagnóstico de câncer é sempre muito assustador. O paciente sofre e, junto com ele, os familiares e amigos.A esposa Giselle Seixas Barros, 34 anos, estava grávida de seis meses da primeira filha do casal, Luísa. “Foi terrível. Demos entrada no hospital às 21h e, com os resultados dos exames, não saímos mais. Ali mesmo marcaram a cirurgia e os médicos chegaram a falar em meses de vida”, resumiu Giselle.
Durante o procedimento os médicos retiraram um pedaço do crânio e depois colocaram de volta. Mas essa parte necrosou e precisou ser substituída por uma peça de acrílico. Da primeira cirurgia ficou apenas uma pequena sequela na fala.
Apesar de continuar o tratamento e aplicar quimioterapia crônica até 2014, a vida seguiu novamente: a filha nasceu, Eduardo voltou ao trabalho e, para encerrar essa fase, fez uma tatuagem com a palavra “fé” dentro de uma mandala.
Obteve excelente controle da doença por cinco anos. Mas, como em um filme, sua vida teve uma reviravolta. “Em maio deste ano, o tumor voltou. Esperávamos algo menor, mas não foi o caso: um novo tumor maligno com altíssima agressividade”, explicou Giselle.
Eduardo teve piora neurológica severa e foi preciso realizar outra cirurgia emergencial. O procedimento foi feito com sucesso e, mais uma vez, o tumor foi retirado. Como sequela, a fala foi afetada ainda mais e houve perda, de condução e motora, do lado direito do corpo.
Foi então que um grupo de 10 pessoas, que incluía amigos e primos, resolveu homenagear Edu. Fez uma tatuagem igual a dele escrita: “Fé” . “Queríamos fazer isso para mostrar que ele pode contar com a gente”, explicou Leandro, irmão de Eduardo, que também participou da homenagem.
Como o grupo era grande, foi impossível reunir todos os envolvidos de uma única vez. Por isso, ficou combinado que cada um faria quando pudesse, filmando e tirando fotos. No final, todo o material foi reunido, editado em um vídeo e exibido para Edu de surpresa.
A homenagem foi revelada em um churrasco de confraternização, no último dia 5 de novembro. O sol forte e o calor não impediram os amigos de usarem calças, camisas de manga longa, joelheira, caneleira, tudo para esconder as tatuagens até a hora certa.
“A reação dele foi do jeito que a gente imaginou ou melhor”, relembrou Pedro. “O que mais pegou foi a expressão no rosto do Dudu. Conseguimos demonstrar o quanto ele pode contar conosco”, complementou Carlos Henrique Soares Lavalle.
Para eles, a homenagem resumiu a melhor forma de retribuir o que Eduardo passa para os amigos: força. “Achei a atitude deles o máximo. A gente passa a vida inteira conhecendo as pessoas e ninguém demonstra algo assim como eles fizeram”, resume Giselle, sorrindo.
“Isso tudo fortalece, a fé fortalece”, fala Edu, cercado pelos amigos. Em fevereiro, ele acaba a quimioterapia e todos mantêm a esperança que seja para sempre.