Geração Rivotril e Ozempic: uso simultâneo dos remédios é permitido?
Psiquiatra e endocrinologista revelam se o uso simultâneo dos medicamentos, amplamente procurados atualmente, traz riscos à saúde
atualizado
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Em rodas de conversa sobre saúde mental e emagrecimento, dois remédios costumam ser mencionados: Rivotril, destinado ao tratamento de determinados transtornos mentais, sobretudo o de ansiedade; e Ozempic, medicação injetável criada para pacientes com diabetes, mas relacionada à perda de peso e amplamente utilizada por quem deseja emagrecer.
Os medicamentos têm sido procurados de maneira tão intensa que o uso deles chega a ser banalizado por alguns, ato condenado por especialistas, uma vez que ambos podem desencadear importantes efeitos colaterais. Uma dúvida comum relacionada aos rótulos é se a utilização simultânea deles é permitida.
Para responder ao questionamento, o Metrópoles acionou o psiquiatra Pedro Leopoldo, do Hospital Anchieta de Brasília, e a endocrinologista Daniela Gebrim, do Hospital Brasília. Os profissionais concordaram ao dizer que sim, Rivotril e Ozempic podem ser utilizados simultaneamente, desde que prescritos corretamente.
“O Ozempic é um medicamento muito seguro do ponto de vista neuropsiquiátrico. Ele não causa interação medicamentosa com remédios de ação central, como o Rivotril. Então, para pacientes com doenças concomitantes, o Ozempic pode ser usado com segurança”, tranquiliza a endocrinologista.
O psiquiatra faz coro à fala da médica, mas lembra que cada caso deve ser avaliado individualmente. “Tudo depende do contexto, por isso, a importância de trabalhar com profissionais especializados e cuidadosos. Mas, de fato, não há uma interação medicamentosa entre os dois rótulos”, frisa.
O especialista lança um alerta: “Não tome nenhum remédio por indicação de uma amiga. Procure ajuda profissional”. Por fim, ele destaca a importância de não omitir informações e o uso de medicamentos na hora de qualquer consulta médica. O ato, afinal, pode salvar (ou custar) sua vida.
Geração Rivotril e Ozempic
A cada hora nos últimos oito anos, em média, 5.144 caixas de remédios de tarja preta usados para o controle da ansiedade saíram das drogarias brasileiras — aproximadamente 123,5 mil caixas por dia.
Informações do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mostram que, entre 1º de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2021, o Brasil comprou 345,5 mil caixas de cinco dos ansiolíticos mais vendidos, entre eles, o clonazepam, conhecido popularmente pelo nome comercial Rivotril.
O remédio, encarado por muitos como um “estilo de vida”, vira meme constantemente na internet e estampa produtos dos mais variados tipos.
O Ozempic, muito procurado por pacientes que desejam reduzir medidas, também vem sendo amplamente comercializado no país. Desenvolvido para o tratamento de casos de diabete tipo 2, o medicamento, cujo princípio ativo é a semaglutida, chega a faltar nas farmácias, em razão da alta demanda.
De acordo com a Novo Nordisk, fabricante do remédio, o desabastecimento é resultado de uma procura muito maior do que a prevista. “A empresa tomou conhecimento de uma potencial falta da apresentação 1mg de Ozempic FlexTouch no Brasil durante o primeiro trimestre de 2023, resultado de uma demanda muito maior do que a prevista. Cabe ressaltar que não há problemas de qualidade ou regulatórios com o medicamento”, declarou, em nota.
Lembre-se: antes de incluir qualquer medicamento na rotina, procure um médico.