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Especialistas falam sobre como manter uma dieta vegana para o seu bebê

Optar por uma dieta sem alimentos de origem animal para bebês tão logo eles comecem a se desapegar do leite materno é um assunto que divide pais e especialistas

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Bebê papinha
1 de 1 Bebê papinha - Foto: iStock

É 2016 e ainda há quem torça o nariz para as dietas vegetarianas e veganas. Tem quem ache natureba demais, coisa de hippie ou exagero. E tem ainda os que acreditam que sem a proteína da carne e do leite é impossível levar uma vida saudável. Isso em adultos. Imagina quando o assunto se estende a bebês. Se na mesa de bar o assunto rende debate, entre os especialistas também não existe unanimidade. Mas há quem acredite que é possível, sim, adaptar a alimentação dos pequenos para uma dieta livre de produtos de origem animal sem prejuízos para sua saúde e desenvolvimento.

Até os seis meses de vida todos – ou quase todos – os bebês têm a mesma dieta: leite materno e só. A diferença começa na fase de introdução dos alimentos sólidos. “Quem come carne, introduz a carne. Quem não come, introduz os feijões”, simplifica a nutróloga e pediatra Fernanda de Luca, filiada da Sociedade Vegetariana Brasileira. As leguminosas, como o feijão e a lentilha, são ricas em proteínas e, segundo a médica, entram como substitutas da carne animal nas papinhas veganas e vegetarianas.

 

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“Não tem dificuldade. A dificuldade que surge às vezes é pela falta de informação. O médico, na maioria das vezes, não conhece a alimentação vegetariana o suficiente para falar dela, e aí surgem as coisas como ‘ah, tem que comer carne porque vai ficar com anemia’”, completa. Um dado de 2008 mostrava que 40% das crianças com menos de 7 anos no Brasil tinham anemia. No entanto, a grande maioria delas, segundo lembra Fernanda, seguia uma dieta comum, com carne e leite, o que significa que a anemia é um problema grande, mas de toda a população infantil.

Pelo contrário. Para a especialista, como o acompanhamento de uma criança vegetariana ou vegana costuma ser ainda mais rígido – justamente porque há uma preocupação maior sobre a quantidade de proteínas e micronutrientes – elas costumam ser as que não estão nas estatísticas da doença.

Substituições
Segundo a nutróloga, o ideal é que o aleitamento materno seja exclusivo nos primeiros seis meses, mas mantido pelo menos até o primeiro ano de vida da criança – idealmente até os 2 anos. A partir do sexto mês, começam as substituições graduais. Quando o bebê completa 1 ano, o leite materno ainda fornece de 20% a 30% de todas as calorias que ele precisa. O resto, fica por conta dos alimentos sólidos: legumes, frutas e verduras, e, no caso dos que não vão se alimentar de proteína animal, muito feijão, lentilha, grão de bico, soja e tofu.

Já para o leite, as opções são mais restritas. As versões de castanha ou arroz, por exemplo, encontradas nas lojas de produtos naturais e usadas como alternativas pelos veganos, não devem ser dadas aos pequenos menores de 2 anos porque são pobres em gorduras e calorias e podem causar até desnutrição se usados como substitutos do leite materno.

“A alternativa seria o uso da fórmula infantil à base de soja”, comenta Fernanda. Diferentemente da bebida à base de soja, encontrada em supermercados, a fórmula infantil contém proteína isolada de soja e ainda recebe adição de nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê, o que faz dela um alimento completo. A versão de caixinha, por sua vez, é pobre em gordura e carboidratos.

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Se a mãe não quiser substituir o leite pela fórmula de soja, pode deixar só a alimentação sólida, com as frutas e papinhas. “Mas tomando o cuidado de que essa criança receba a quantidade adequada de calorias por dia, cuidado esse que é todo mundo, inclusive para as que comem carne”, diz a pediatra.

Um dos pontos altos da polêmica sobre as dietas veganas para os bebês é a vitamina B12, uma das poucas achadas exclusivamente em alimentos de origem animal. Até os seis meses, a criança recebe o nutriente pelo leite, por meio da amamentação. Depois, as fórmulas à base de soja e farinhas lácteas (como Mucilon), também são enriquecidas com a vitamina. “Mas, dependendo da quantidade de fórmula que a criança toma, é preciso suplementar”, explica Fernanda de Luca.

A B12 é justamente um dos motivos pelos quais alguns médicos e pediatras são terminantemente contra dietas sem carne para crianças. “Não é seguro”, argumenta a médica Virgínia Weffort, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

“Crianças e adolescentes precisam das vitaminas e minerais presentes nos produtos animais, como ferro, zinco e vitamina B12. Nos dois primeiros anos de vida também é importante o consumo de gordura saturada para desenvolvimento e mielinização dos nervos. A dieta vegetariana é rica em fibras, o que dificulta a absorção de muitas vitaminas e minerais”, continua.

Por isso, além da B12, Virgínia afirma que essas crianças ainda precisam receber suplementos de ferro, zinco, cálcio, vitamina A, D e E e ômega-3. Já Fernanda de Luca, da Sociedade Vegetariana Brasileira, não acha que a suplementação de B12 seja uma necessidade exclusiva das crianças que não comem proteína animal. “Na prática, ninguém se preocupa muito com ela, porque acha que já vem pelo alimento. Eu mesma, como pediatra, não pensava na B12 até me tornar vegetariana, mas muitos trabalhos científicos mostram crianças que comem carne e têm B12 baixa”.

Receita de papinha de grão de bico:

Ingredientes:
– 3 colheres de sopa de quinoa crua
– 1 fatia de abóbora japonesa
– Grão de bico cozido

Preparo:
Descasque e pique a fatia de abóbora e lave a quinoa em água corrente. Cozinhe as duas juntas até abóbora amolecer. Escorra i excesso de água e coloque a abóbora, a quinoa e o grão já cozido num prato. Amasse com um garfo e tempere como quiser.

 

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