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Elas enfrentaram o câncer e ajudam outras pessoas a fazer o mesmo. Conheça a história de superação de três mulheres

Para comemorar o Dia Mundial do Câncer (4/2), contamos a história de três mulheres que lutaram contra a doença e hoje fazem diferença na vida de outros pacientes

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Brasília (DF), 02/02/2016Histórias de Superação – Dia Mundi
1 de 1 Brasília (DF), 02/02/2016Histórias de Superação – Dia Mundi - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Nesta quinta-feira (4/2) é celebrado o Dia Mundial do Câncer. A data reforça que a adoção de hábitos de vida saudáveis, a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento são fundamentais para a luta contra a doença.

Foto: Divulgação
Tema da campanha do Dia Mundial do Câncer 2016

De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para 2016/2017, o Brasil deverá registrar 596 mil casos de câncer. Entre os homens, são esperados 295.200 casos e entre as mulheres, 300.800. Mundialmente, a incidência do câncer cresceu 20% na última década.

A campanha de 2016 tem como tema “Nós podemos. Eu posso”. Para mostrar que a doença tem cura e que os pacientes podem levar o tratamento de forma positiva, contamos a história de Laura, Bárbara e Nathália, que tiveram câncer, enfrentaram a doença de uma maneira diferente e encontraram formas para ajudar outros pacientes.

A enfermeira oncológica do Instituto de Oncologia Aliança, Sabrina Capita, 40 anos, atendeu as três mulheres e afirma que a alegria e o ato de ajudar outras pessoas foi primordial para o tratamento delas. “Elas passaram por todas as etapas de cabeça erguida, mostraram a careca e, apesar de tudo que passaram, sempre ajudaram outras pessoas, mesmo quando estavam em tratamento. Isso foi muito importante para que elas seguissem a vida e vencessem a doença”, diz.

Sabrina faz questão de frisar que é possível vencer um câncer e retomar a vida sendo feliz. “Os pacientes vivem um dia de cada vez. Viva o hoje, não se preocupe com o futuro”, enfatiza.

 

Nathália Maria, 17 anos, estudante

Foto: Felipe Menezes/ Metrópoles
Nathalia Maria mostra sua página no Facebook, onde ajuda outras pessoas que combatem ao câncer

 

O câncer realmente é uma doença silenciosa. Quando completou 16 anos, Nathália ficou sem menstruar por um tempo e resolveu procurar um ginecologista. O primeiro diagnóstico dado pela equipe médica que atendeu a estudante apontava que ela tinha um cisto. O “cisto” tinha 30 centímetros e era do tamanho de uma bola de boliche. Em menos de três dias a estudante fez os exames e levou para o médico, que recomendou uma cirurgia o mais rápido possível, pois a vida da menina estava em risco.

Os especialistas não sabiam ao certo como lidar com o problema e davam o caso como perdido. O tumor estava esmagando os órgãos e a perspectiva era de metástase. Ninguém usava a palavra câncer, ela entrou na cirurgia sem saber ao certo o que tinha. Sem saber explicar como, o médico que a operou encontrou o tumor no lugar dele, não estava espalhado. De tão raro, passou por quatro biopsias e, depois de retirado, foi levado para estudo. A sobrevivência foi um milagre.

Ela fez sessões intensas de quimioterapia: seis vezes por semana, de segunda a sábado. Para se ter ideia, em geral um paciente comparece à clínica uma ou duas vezes por semana para dar continuidade ao tratamento. Resumindo: Nathália passou por 24 sessões.

Durante as sessões, a menina começou a publicar no próprio perfil do Facebook fotos e vídeos da sua recuperação e tratamento. Foi recebendo muitas mensagens de apoio e admiração de pessoas de várias partes do Brasil. Nathália compartilha com os 120 mil seguidores, que mantém na rede social, relatos de força e superação, de como enfrentar a doença, fotos carecas, da clínica que fez o tratamento e temas diversos. As fotos têm milhares de curtidas e compartilhamentos.

“Chegava da químio cansada e gostava de responder as mensagens para ajudar quem pedia. Muita gente estava passando pelo mesmo e mereciam uma resposta. Nunca postei foto triste, chorando, sempre posts alegres para ajudar essas pessoas. Tinha gente que me ligava de madrugada, até atrapalhava um pouco o meu tratamento, mas isso me ajudou muito. Eu vi que o meu caso não era o pior do mundo e se eles conseguiam, eu também conseguiria”, afirma a estudante.

Nos comentários, usuários que tiveram câncer ou ainda estão em tratamento contam das angústias e medos que atormentam o paciente durante todo o percurso até a cura.

Nathália precisou tirar o ovário direito, os médicos não sabem explicar como o ovário esquerdo ficou intacto. Como não tirou o útero, contrariou os diagnósticos e poderá ter filhos normalmente. Fazendo acompanhamento, o cabelo já está crescendo e ela continua ajudando as pessoas através da sua página.

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Bárbara Cristina Monteiro de Matos, 32 anos, professora de jiu-jitsu

Foto: Calendário Metafísicos

Em junho de 2012, então com 29 anos, Bárbara foi diagnosticada com câncer na mama esquerda. No intervalo de 30 dias, o tumor passou de pouco mais de dois centímetros para mais de seis centímetros. Os médicos tinham medo de dar metástase para a axila.

Bárbara era professora e faixa preta de jiu-jitsu, tinha orgulho de ser a única mulher da academia que frequenta. Treinava todos os dias, participava de campeonatos brasileiros. Tinha na arte marcial não só o sustento, mas a grande paixão da vida. Estar nos tatames era o sonho que realizava todos os dias.

Foi por isso que se desesperou quando ouviu de um médico que, mesmo se conseguisse cura, poderia nunca mais carregar uma bolsa do lado da mastectomia – ela fez a bilateral que retira as duas mamas – ou fazer as unhas, depilar as axilas, muito menos lutar. O medo de não aguentar o tratamento e o receio de retirar as mamas e os linfomas das axilas eram grandes, mas a possibilidade de nunca mais pisar no tatame doeu muito.

Foram seis meses de quimioterapia e 28 sessões de radioterapia. Com o tratamento rápido e efetivo, o resultado não poderia ter sido melhor. Ela conta que teve um suporte muito grande da equipe médica, os profissionais tinham disponibilidade e ela recebeu todo o apoio necessário. Foi então que a incentivaram a continuar se exercitando. Bárbara terminava a químio 12h, trocava de roupa e ia treinar. Ela diz que era um momento para relaxar, se sentir bem, produzindo.

“Quando a cabeça está saudável, dá comandos para o nosso corpo responder bem. Não me entreguei, minha cabeça ficou boa o tempo inteiro. Descobri a doença cedo, por isso, os médicos só falavam em tratamento de cura. Brinco com minhas amigas que o cabelo cresce e a vida continua”, relembra animada. 

Conversando com outras mulheres que também estavam em tratamento, a professora resolveu voltar à vida de atleta. Foi então que nasceu o primeiro e único grupo de canoagem destinado apenas a mulheres que tiveram câncer de mama do Brasil. São 12 mulheres efetivamente remando e a lista de espera não para de crescer. O projeto surgiu no Canadá e anualmente é realizado um campeonato mundial. Com muito esforço coletivo, o time conseguiu que este ano o evento seja realizado em Brasília. 

Toda semana o grupo com mulheres de idades diversas se reúne, bate papo, fala sobre remédios, efeitos colaterais e temas diversos. Os treinos acontecem todas as sextas, às 9h30, no Lago Paranoá. Formado em Educação Física, o marido de Bárbara voltou a estudar e está terminando o mestrado em atividade física e câncer.

Muito apoiada pelos colegas do jiu jitsu, Bárbara voltou também aos tatames. Na primeira aula, todos os alunos a homenagearam vestindo quimonos rosas e rasparam a cabeça para que ela não se sentisse mal por estar careca. O momento foi eternizado em  vídeo.

“Eu recebi muita ajuda durante meu tratamento. Eu me sinto na obrigação de ajudar outras pessoas, pois recebi tanto amor, tanto amor, que transborda. De todo tratamento a gente consegue tirar essas coisas maravilhosas, sinto um prazer enorme quando alguém me procura, acompanho na primeira químio e quero mostrar que não é mais uma sentença de morte. Precisamos estar bem para os remédios fazerem efeito”, fala baseada em sua experiência. 

Em 31 de dezembro de 2017, Bárbara vai casar de novo – comemorando os sete anos de união, celebrar a cura definitiva após cinco anos de acompanhamento e entrar com tudo em 2018.

 

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Laura Pocceschi, 24 anos, professora de inglês

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Laura tinha 22 anos e terminava o curso de letras na Universidade Católica, quando começou a sentir dores no abdômen. No final de agosto de 2014, fez exames de rotina para descobrir o que causava o incômodo. Quando o diagnóstico saiu, veio o susto: linfoma de Não-Hodgkin.

Um mês depois, começou as sessões de quimioterapia que duraram seis meses e depois fez mais um mês de radioterapia.

“Na minha cabeça era uma questão de tempo, ia passar e eu só precisava ter paciência. Nunca pensei que o tratamento não funcionaria, sempre fui positiva e isso ajudou bastante”, conta a professora.

Com o tratamento, Laura ficava fraca, passava mal e tinha muitas restrições. Vaidosa, um dos pontos críticos do tratamento foi a queda do cabelo. Ela tinha os fios loiros na cintura e nunca tinha pensando em fazer um corte curto. Quando o cabelo caiu por inteiro, ela começou a usar lenços, das mais diversas cores e tamanhos. Chegou a ter 60 peças.

No início, olhava vídeos de nós e amarrações na internet. Depois, começou a inventar as próprias amarrações. O sucesso foi imediato. Muitas pessoas começaram a curtir suas fotos e a fama se espalhou. Ela recebia muitos comentários falando que as amarrações eram bonitas, perguntando como ela fazia, contando que estavam mais felizes depois que aprenderam a usar o lenço. Se encontrava alguém que pedia, Laura não hesitava em ensinar.

“Com certeza essa troca me ajudou muito durante o tratamento. Uma época eu estava bem cansada, tinha muita mensagem para responder e eu acabei desfazendo o perfil no Facebook. Mas as pessoas foram na minha casa pedir para voltar e eu acabei reabrindo um dia depois. Foi um estímulo maravilhoso. Eu pensava: ‘eu vou melhorar, as pessoas estão torcendo por mim, esperando notícias’. E isso me ajudava, dava um empurrãozinho”, fala rindo.

Os enfermeiros da clínica onde Laura fez o tratamento mostram suas fotos para as pacientes, falam das técnicas e a professora de inglês vai pessoalmente ensinar todos os truques. Pode parecer um detalhe, mas faz muita diferença para a mulher que passa por essa situação difícil.

“A autoestima fica muito baixa durante o tratamento. Usar maquiagem, lenços, tudo ajuda a ter mais vaidade e suportar as dores e náuseas causadas pela quimioterapia. Para ter uma ideia, eu escolhia primeiro o lenço, depois a roupa que combinava com ele. Era a parte principal do look”, recorda Laura.

Quando foi fazer novos exames após o tratamento, estava tudo bem. A doença não tinha mais atividade. Fazendo apenas o acompanhamento de seis em seis meses, o cabelo de Laura começou a crescer novamente.

Ostentando o corte chanel com muito orgulho, ela diz que ficou bem melhor com os fios curtinhos. Dos lenços, guarda poucos, e não usa nenhum. Mas não pensa em parar de ensinar as amarrações para outras pacientes que passam pela quimioterapia.

Uma amiga em comum colocou Laura em contato com Luciana Calazans, que teve linfoma aos 19 anos, e criou o projeto “Continuar Sorrindo”. Luciana ligou para Laura, explicou que tinha passado por isso, que daria tudo certo, deu força e convidou a professora para participar do projeto.

O Continuar Sorrindo tem o intuito de apoiar as pessoas que descobrem a doença e também faz doações de lenços e venda de camisetas para ajudar a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale).

 

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