De bem com o espelho. Ativos e vivendo mais, idosos procuram cirurgia plástica para renovar a autoestima
Para profissional de Brasília, procura maior por procedimentos tem a ver com aumento da expectativa e da qualidade de vida. “Se eu estou me sentindo bem, por que não parecer mais jovem?”, questiona cirurgiã
atualizado
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Heloísa Valadão mexe muito os cabelos loiros compridos quando fala – não abre mão do tom, nem do comprimento. Gosta deles assim desde bem novinha. Contorna as qualidades que mais gosta do rosto com maquiagem, veste uma roupa confortável, bem colorida, e muitos acessórios. Prestes a completar sua sétima década, passa, facilmente, por uma mulher 15 anos mais jovem.
Heloísa dança, borda, trabalha na Câmara dos Deputados e está feliz da vida no seu segundo casamento. Não tem vergonha nenhuma em assumir as nove cirurgias plásticas a que se submeteu para fazer aparência e espírito regular em idade.
A primeira aos 28 anos, para corrigir uma falha em um dos olhos depois de retirar um tumor de pele da pálpebra. A última, há dois anos, para retocar os seios. Os procedimentos são a evolução de uma vaidade que ela carrega desde menina. Aos 15 anos, aprendeu a costurar para fazer seu próprio vestido de debutante.
“Aos 70 anos você pode tudo”, ela diz, se lembrando uma frase famosa. “Só não pode achar que tem 20”. completa. No todo, passou por procedimentos nos olhos, fez um lifting facial, uma abdominoplastia para retirar a cicatriz vertical de uma cesárea, mexeu nos seios depois de amamentar dois filhos, uma lipo nos culotes e lá se vão 20 anos de tratamento com botox. Logo menos, pretende mexer no pescoço – ficou sabendo de uma técnica quase invisível.
Viver mais e viver melhor
As cirurgias de Heloísa lhe deram mais confiança para recomeçar a vida depois da morte do primeiro marido, há 14 anos, e tornaram o processo de envelhecimento mais amigável. A escolha, que pode impressionar em um primeiro momento, tem, na verdade, se tornado cada vez mais natural nos consultórios de cirurgia plástica. Vivendo mais e com mais qualidade de vida, homens e mulheres da terceira idade tem batido nas portas das clínicas atrás de melhorar sua autoestima.
“Eles estão bem fisicamente, fazem exercício, trabalham, às vezes estão em um segundo relacionamento…”, enumera a cirurgiã plástica Ivanoska Filgueira. “É um sinal dos tempos”.
No Brasil, os dados mais recentes sobre cirurgia plástica em idosos são de 2009, de um levantamento do Datafolha com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Na época, a grande maioria dos procedimentos – 72% – ainda era feita entre os 19 e os 50 anos. Mas a porcentagem acima dos 50 já era considerável: 16% entre os 51 e os 64 anos e 5% em pessoas com mais de 65 anos de idade.
Hoje, quem contabiliza o aumento da procura são os profissionais. Ivanoska, por exemplo, viu crescer sua cartela de pacientes na terceira idade nos últimos cinco anos.
“Atrasamos em mais ou menos uma década o envelhecimento. Os 60 são os novos 50, os 50 os novos 40… As pessoas estão mais dispostas e querem que rosto e corpo acompanhem esse bem-estar. Se você está bem fisicamente, por que não aparentar ser um pouco mais jovem?”, sublinha.
A mudança, portanto, não acontece de fora para dentro. É o oposto. “Não é extravagância querer o belo, mas você não vai ser escrava da estética. Não é isso. A vida tem muitas outras coisas. A felicidade de verdade vem de dentro, das outras coisas da vida”, pondera Heloísa.
Segundo Ivanoska Filgueira, os procedimentos campeões são de rejuvenescimento, como pálpebras e lifting. O pós-operatório é o mesmo para procedimentos em adultos jovens. O cuidado maior deve estar no pré-operatório, com atenção redobrada aos exames obrigatórios, de saúde.
A nossa sociedade evidencia muito a beleza do jovem. As propagandas são todas com pessoas jovens, então você fica com essa pressão de querer ficar melhor para você e para a sociedade.
Heloísa Valadão, 69 anos