Ainda não é o fim do motorzinho nos consultórios dos dentistas
Após um estudo divulgado em janeiro, especialistas chegaram a decretar a aposentadoria do barulhinho tão comum aos consultórios de dentista
atualizado
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Nas primeiras semanas de janeiro, o pesquisador brasileiro Vitor Neves, ao lado de companheiros britânicos, anunciaram uma técnica que promete revolucionar o tratamento de cárie. Jornais do Brasil chegaram a decretar a aposentadoria do “motorzinho de dentista”. Mas a realidade não é bem assim.
O estudo, de fato, trouxe avanços significativos e promete uma melhora no processo de restauração de dentes danificados ou cariados. E no futuro, quem sabe, pode acabar com a necessidade de aparelhos normalmente usados no processo. As evidências atuais, no entanto, mostram que o barulhinho, tão comum nos consultórios de dentistas, ainda permanecerá. E os equipamentos que o produzem continuam importantes aliados nos tratamentos.
Explico: a nova técnica estimula a criação de dentina reparatória, o que implicaria um menor uso de resina restauradora. Ou seja faz com que o dente com cárie se regenere sozinho, dispensando boa parte do tratamento tradicional.
O método, porém, não realiza o trabalho principal do “motorzinho”. A broca e o motor removem o tecido cariado e ajudam no preparo do dente para receber o material restaurador. Não realizar o procedimento seria como tapar o buraco de um barco cheio de água, prestes a afundar, e achar que o problema foi resolvido.Se o tecido cariado não for removido, a atividade das bactérias não será interrompida e o processo de deterioração do dente vai continuar. Resultando em dor, pulpite e desvitalização do dente, pode levar até à extração do mesmo ou a procedimentos mais complicados.
Embora seja um avanço enorme e ajude muito no processo de restauração dental, principalmente pelo fato de conservar e estimular a síntese de tecido natural, a nova técnica não substitui ainda o trabalho das brocas e do famoso “motorzinho” de dentista.