Afinal, cremes de testosterona podem ser usados durante a menopausa?
A fase, para algumas mulheres, requer reposição de certos hormônios
atualizado
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A menopausa é uma época cheia de mudanças na vida feminina. Ondas de calor, dificuldade para dormir, diminuição da libido e depressão são alguns sintomas comumente sentidos na transição para não menstruar mais.
Aos poucos, o organismo para de produzir estrogênio e progesterona. Dependendo das necessidades da paciente, a reposição hormonal pode ser uma grande aliada. “Existem alguns métodos, como medicamento oral, gel, adesivo e implante subcutâneo”, explica a endocrinologista do Hospital Santa Luzia, Cristina Blankenburg.
Os implantes ou chips hormonais são mais conhecidos como forma anticoncepcional, mas podem ser usados também na menopausa. “Além de ter efeito contraceptivo, há chips manipulados por médicos que possuem outras substâncias com diferentes finalidades, como emagrecimento e aumento de massa muscular”, afirma a ginecologista Juliana Dytz, da Aliança Instituto de Oncologia.
Os “tubinhos” são aplicados debaixo da pele, geralmente em um dos glúteos ou braços. Mulheres que preferem tratamentos menos invasivos têm buscado cremes e géis com hormônios variados, como estrogênio e progesterona, mas a polêmica está na receita de testosterona e gestrinona, independentemente do método.
“O grande problema com esse chip é ele, normalmente, ser mais usado por mulheres fora da menopausa, algo proibido. Existe um parecer do Conselho Federal de Medicina alertando aos médicos sobre a proibição de fazer reposição hormonal quando não há necessidade”, comenta a endocrinologista.A médica ressalta também a falta de estudos comprovando benefícios e segurança da utilização de testosterona por mulheres. “No homem, esse hormônio leva à melhora muscular e ao aumento de libido. As pessoas extrapolam e acham que na mulher vai ter o mesmo efeito”. Quando aplicado em doses altas, a testosterona pode causar infarto, AVC, arteriosclerose e está associada ao aparecimento de tumores cancerígenos.
Recorrer à testosterona pode ser a última saída para mulheres que já tentaram outros métodos, mas não obtiveram sucesso. Os cremes e géis de hormônios diversos têm sido mais procurados, apesar dos implantes ainda dominarem o mercado.
Uma das grandes vantagens de realizar o tratamento com remédios de uso tópico é o preço. O processo de implantar um chip pode custar entre R$ 900 e R$ 7 mil, enquanto os cremes e géis variam entre R$ 90 e R$ 500. “Existem comprimidos para reposição também. Os benefícios dependem do objetivo de cada paciente e do conteúdo de cada implante, já que eles não são padronizados”, conta Juliana.
Independentemente do método escolhido pela paciente, Cristina recomenda procurar ajuda profissional. “A mulher na menopausa precisa de orientação. O chip não é o fim do mundo. Como anticoncepcional é comprovado e útil, mas existem outras opções”, reforça.