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Saiba tudo sobre os nutricosméticos, que prometem beleza de dentro para fora

Eles estão no mercado há mais de uma década, mas demorou até que conseguissem conquistar a confiança de médicos e pacientes. Agora, viraram febre. Mas especialistas chamam a atenção para alguns cuidados

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Woman hands holding Omega-3 pills close-up
1 de 1 Woman hands holding Omega-3 pills close-up - Foto: Getty Images

Sabe aquele ditado antigo que diz: “Você é o que você come”? Mais do que nunca, além da saúde, ele tem sido aplicado também à estética. Não bastasse o arsenal de cremes e séruns, as pessoas têm recorrido à nutrição para evitar envelhecimento, câncer, manchas na pele, flacidez e até proteção solar. A diferença, de uns anos para cá, é que em vez de atacar um prato de salada, elas têm comprado tudo isso em cápsulas, na farmácia. São os chamados nutricosméticos, beleza vendida em pílulas, em um conceito que médicos e a indústria têm chamado de “beleza de dentro para fora”.

Fazem parte dessa gama de produtos coisas como colágeno, ômega-3, vitaminas e aminoácidos. Além dos comprimidos, são vendidos como pó, bebida e até bala. Eles estão em prateleiras de lojas de beleza e de drogarias desde o início dos anos 2000, mas só agora, depois de muita pesquisa, começaram a conquistar a credibilidade de médicos e de pacientes. Até então, era o tipo de coisa que pouquíssima gente acreditava. Hoje, são o suprassumo das pesquisas em dermatologia estética.

Pudera. No Brasil, a Anvisa os considera suplementos alimentares, uma classe que, segundo o instituto Euromonitor, deve bater os R$ 5,1 bilhão em vendas até 2020, impulsionado pela mania do estilo de vida saudável. Os consumidores, eles já convenceram. Agora, é a vez de ganhar médicos.


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Mocinhos ou vilões?

“Não é só que o interesse dos pacientes pelos nutricosméticos aumentou”, comenta a dermatologista Valéria Campos, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “As pessoas já chegam ao consultório tomando colágeno, às vezes, de qualidade ruim”, ela diz. Hoje, com mais estudos e novas formulações e substâncias, os dermatologistas têm chegado a um consenso de que eles podem, sim, ser benéficos. Mas o veredito vem com uma série de “poréns”.

O primeiro deles é que eles não fazem milagre sozinhos e nem de um dia para o outro. “Para ver resultados, você tem que tomá-los por três ou quatro meses. São nutrientes que vão lentamente estimulando a síntese de colágeno, por exemplo. E conjuntamente a isso, você ainda precisa fazer uso dos cremes de uso tópico. É um complemento”, explica o dermatologista Erasmo Tokarski.

O tratamento é ‘in and out’ (dentro e fora). Já se sabe que em associação ao tratamento normal, o resultado é mais efetivo. Mas se tomar só a cápsula, sem os produtos tópicos, ele não funciona.

Luciana Costa, farmacêutica da Dermage

iStockUm dos nomes da moda é o exsynutriment, chamado por aí de “pílula da beleza”. Ele é uma forma concentrada de silício orgânico, que ajuda no processo de síntese do colágeno e, por isso, age como um antiaging. Um pote com 30 cápsulas fica em torno de R$ 80. “A partir dos 30 anos, você perde em média 1% de colágeno ao ano. Aos 40, tem uma perda acumulada de cerca de 20%”, comenta Luciana Costa. Assim, fica fácil entender porque a procura pelos tais nutricosméticos é grande.

Outro produto da categoria que tem chamado a atenção são os antioxidantes, vendidos às vezes em formas de protetores solares em cápsulas. Segundo Valéria Campos, da SBD, esses produtos funcionam, desde que não substituam os protetores comuns. Geralmente, eles são feitos de substâncias produzidas pelas plantas para se protegerem do sol, como o polypodium leucotomos, da samambaia. Ele combate os radicais livres na pele. Mas não sozinhos. “Ele é um bom complemento ao protetor. Mas o principal é o de aplicar. Se puder comprar só um deles, é o tópico”, frisa.

Além disso, como suplementos, não existe nada que esteja dentro dessas cápsulas que não possa ser substituído por uma alimentação equilibrada e saudável. O resveratrol, por exemplo, usado como antioxidante, é encontrado na uva roxa e no vinho tinto. Cápsula, só quando faltar na comida.

“O que a gente tem visto são casos de abuso. O excesso dessas substâncias pode ser pior do que a falta. Já existem estudos que mostram alterações na tireoide por excesso de biotina”, alerta Valéria. A biotina geralmente é usada para fortalecer unhas e cabelos. Mas se o seu cabelo cai, apelar para a biotina por conta não resolve nada se sua queda não é causada por fios fracos, diz a médica. O mesmo serve para quem toma outras substâncias esperando algum tipo de milagre em cápsula.

Tomar colágeno, por exemplo, achando que isso vai resolver a flacidez, equivale a tomar suplemento na academia e achar que vai ficar musculoso sem malhar.

Valéria Campos, dermatologista

Por isso, antes de fazer a feira na farmácia, entoe o mantra: colágeno em cápsula não é fonte da juventude.

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Quem são eles?

Proteção solar: Geralmente são substâncias antioxidantes extraídas de plantas e frutas. Os especialistas recomendam o uso um mês antes da exposição. Não substituem o filtro solar comum Exemplos: pomegranate, polypodium leocotomos, picnogenol, resveratrol.

Queima de gordura e celulite: Possuem ativos que melhoram a circulação. Os resultados são discretos e precisam de auxílio de outros tratamentos. Exemplos: cafeína, chá verde, óleo de cártamo.

Fortalecimento de unhas e cabelos: Biotina (vitamina), zinco e ferro são alguns dos mais usados. Fortalecem os fios, mas não acabam com a queda. Precisam de acompanhamento médico.

Flacidez: Substâncias que auxiliam a produção de colágeno e potencializam a renovação celular. Um dos mais conhecidos é o exsynutriment, uma forma concentrada de silício orgânico. O colágeno também é vendido em cápsulas – e quebrado em aminoácidos pelo organismo para ser absorvido.

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