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Fios brancos, menos make, mais pelos: a pandemia mudará padrões de beleza?

Suzana Alves, por exemplo, assumiu os cabelos brancos. Para especialistas, movimento não deve continuar no pós-pandemia

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Ela é uma mulher branca, tem cabelo preto e grisalho e usa uma blusa preta. Está sorrindo, com a mão apoiando o queixo - Metrópoles
1 de 1 Ela é uma mulher branca, tem cabelo preto e grisalho e usa uma blusa preta. Está sorrindo, com a mão apoiando o queixo - Metrópoles - Foto: Rerpdoução/Instagram

O isolamento tem mudado muitos comportamentos, incluindo a relação das mulheres com suas rotinas de beleza. Afinal, por que passar maquiagem para ficar em casa, se depilar para ninguém ver, e submeter o corpo a químicas que não fazem nenhum sentido quando se está em casa 24h e o contato com o mundo externo, muitas vezes, se restringe à webcam e à tela do celular?

Para muitas pessoas, a resposta está na autoestima, que também está ligada aos cuidados com a aparência. Para outras, a quarentena tem sido um momento para repensar essas questões, valorizando a estética natural e o conforto.

Suzana Alves, por exemplo, sempre foi adepta de uma vida natural e saudável. Mas, nos últimos meses, resolveu abandonar um dos únicos processos químicos a qual ainda se submetia: o de tingir os cabelos.

Em entrevista ao Metrópoles, a atriz de 41 anos, que fez sucesso como a personagem Tiazinha nos anos 1990, disse se sentir mais bonita, saudável e feliz depois dessa decisão. “Não me considero refém de nenhum padrão estético, evito químicas e uso produtos veganos”, afirma Suzana.

“Pintava o cabelo no automático, de 20 em 20 dias. Me achava bonita assim. De vez em quando, pensava sobre abandonar a tinta, mas não tinha planos. Aconteceu de uma forma muito natural nessa quarentena. No começo, até tentei usar henna. Mas pesquisei, vi que não é 100% natural e desisti”, conta.

O resultado, segundo Suzana, foi surpreendente. Não só pela liberdade de não se preocupar mais com os retoques, mas pela saúde dos fios. “Apesar da alimentação e dos hábitos saudáveis, meus cabelos estavam muito fracos. E agora ele está bonito, com um brilho diferente, mais pesado, sabe?”, avalia Suzana.

O mesmo aconteceu com as unhas, que também não são submetidas ao esmalte desde o início do isolamento social. “Estão lindas e saudáveis. Eu estou bem, me sentindo ótima e bonita”.

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Hoje, aos 41 anos, está  realizada com a própria aparência
A atriz se diz mais feliz e com tempo para se dedicar a hobbies e projetos
Suzana e o marido
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Suzana ficou famosa em todo o Brasil como Tiazinha

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Hoje, aos 41 anos, está realizada com a própria aparência

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A atriz se diz mais feliz e com tempo para se dedicar a hobbies e projetos

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Suzana e o marido

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Segredinhos naturais

Apesar de ter deixado de lado alguns processos, Suzana não abre mão das rotinas de cuidado. “Faço atividades físicas, hidratações naturais nos cabelos com óleos essenciais, e uso loções sem químicas na pele”.

“Costumo lavar o rosto com muita frequência durante o dia. Faz um bem incrível para a pele. Uso shampoo ou sabonete de bebê, que é mais leve, e alguns óleos veganos, como o de melaleuca”, revela.

Mãe de dois filhos, um adolescente de 15 anos e um garoto de 3 anos, Suzana mostra orgulho de “nunca ter sido refém de padrões estéticos”.  Ela acredita que as novas atitudes vieram com o amadurecimento. “A gente vai compreendendo que a beleza vem de dentro para fora e de fora para dentro também. Estou investindo o tempo em cursos e atividades que me deixam feliz, como a culinária funcional”, afirma.

“Bonita, desapegada e relax

A brasiliense Adriana do Carmo Garcez, de 47 anos, está isolada em casa desde março, quando foi afastada do trabalho por estar gripada. Como mora com a mãe e o padrasto, ambos do grupo de risco do novo coronavírus, a funcionária da Câmara dos Deputados teve que abrir mão de hábitos que considera “religiosos”, como sair para malhar, frequentar spas, fazer tratamentos estéticos e ir ao salão pelo menos uma vez por semana.

Ela conta que os primeiros meses foram difíceis. “Eu estava fazendo as atividades domésticas, a cutícula crescendo, as sobrancelhas. A autoestima estava lá embaixo”, lembra.

Porém, o cabelo foi ganhando brilho, as unhas ficaram mais bonitas e o alívio tomou conta. “Fui desapegando de alguns padrões. Acho que nós, mulheres, nos cobramos demais. Tenho tomado alguns cuidados em casa. Porém, no geral, aprendi a me dar bem com o espelho, me achar bonita e me gostar assim, natural, também”, diz Adriana.

Adriana Garcez, rotinas de beleza
A brasiliense Adriana Garcez sentiu saudade de ir ao salão no início da pandemia, mas, agora, tem lidado bem com os novos hábitos: “Nós, mulheres, nos cobramos demais”
Padrões voltarão com tudo?

Como tudo que diz respeito ao futuro pós-pandemia, há bastante especulação sobre o legado do momento atual para as exigências relativas à aparência, que pesam, sobretudo, para as mulheres.

Contudo, especialistas não esperam que as mudanças de hábito se perpetuem quando o coronavírus for superado.

Ao New York Times, a psicóloga americana Caren Shapiro prevê que a saída da quarentena virá com um posicionamento agressivo da indústria cosméticos, que buscará se recuperar “nos bombardeando com mensagens para minar a aceitação da nossa aparência”. Estratégia que, segundo ela, tem funcionado há décadas.

A tendência de abandonar as rígidas imposições ligadas à beleza ainda esbarra na ansiedade e na autocobrança relativas à aparência que “deveríamos” estar exibindo ou que costumávamos fazer antes da pandemia.

É por esse motivo, defende Hilaine Yaccoub, que muitas mulheres ainda pedem desculpa por aparecerem com o cabelo desarrumado ou de cara limpa em videochamadas.

“Nós, como seres humanos, nos organizamos por meio de rituais. Como expressão de cultura, gênero, individualidade. É lógico que existem pessoas que têm uma construção que as permitem ter liberdade de escolha. Abolir o sutiã, deixar de se depilar. Mas quando a gente olha para a maioria das pessoas, para o brasileiro médio, por exemplo, vimos que a tendência é se adaptar a protocolos”, explica a especialista.

“Todos partilhamos de algum ritual de autocuidado e embelezamento. Sentimos essa necessidade, não só por nós, mas pelo outro”, finaliza.

 

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⁣ Nós, mulheres contemporâneas, queremos a beleza real, a liberdade para colorir, mas sem filtro⁣ ⁣ Há mais de uma década realizo pesquisas de mercado no campo da beleza. Na maior parte das vezes, são estudos antropológicos baseados na vida cotidiana de mulheres pertencentes as camadas populares do país, a chamada classe C. No entanto, apesar do enorme interesse das empresas do ramo nesse contingente populacional, também tive o prazer de conhecer a relação das mulheres de classe média e média alta com o universo do autocuidado e cosmética.⁣ ⁣ Apesar das diferenças de contexto, acesso, estilos de vida, condições socioeconômicas e culturais o que mais chama atenção foi que em todas as casas que visitei com cada entrevistada que tive contato, assim como nécessaires e banheiros que tive o prazer de analisar é que todas as mulheres possuem preocupação com a sua autoimagem. ⁣ ⁣ Acredito que isto não seja surpresa pra ninguém, é quase uma regra irrefutável, como a uma lei da gravidade, que mulheres não vivem sem alimentar e construir uma relação com o que entendemos por beleza.⁣ ⁣ Texto na íntegra no link localizado na bio, ou na Revista Exame @exame/ photo @pinogomes

Uma publicação compartilhada por Brazilian Anthropologist, Ph.D (@hilaine) em

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