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Dívida da beleza: aumento nos empréstimos para plástica requer atenção

Especialistas conversaram com o Metrópoles e alertam para riscos e cuidados na saúde (e no bolso!) antes de fazer os procedimentos

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1 de 1 procedimento estético - Foto: Freepik/Reprodução

Na era dos influencers que ostentam o “corpo perfeito” e o padrão de beleza que a sociedade prega, tem sido cada vez mais comum encontrar pessoas insatisfeitas com a própria aparência, ou à procura de procedimentos que possam melhorar o que elas veem no espelho. Contudo, não é todo mundo que tem a conta bancária das “blogueiras” e, na busca pela aparência sem defeitos, homens e mulheres acabam criando dívidas para realizar cirurgias plásticas.

Para além da problemática dos excessos, o desejo de atingir um ideal de corpo e de pele faz, muitas vezes, com que os interessados gastem além da conta com procedimentos, produtos ou mesmo na contratação de profissionais.

Só em território tupiniquim, mais de 1,9 milhões de procedimentos estéticos foram realizados em 2020, ano auge da pandemia. Nos últimos meses, mais brasileiros apostaram no empréstimo pessoal para estar entre os clientes das clínicas de beleza.

Segundo a última edição do Índice FinanZero de Empréstimo (IFE), relatório mensal produzido pela fintech de empréstimos on-line, os pedidos de empréstimo para estética atingiram o maior pico dos últimos 12 meses, com aumento de 97% nas solicitações durante o período. Em relação a março de 2021, houve um crescimento de 10,6% nos empréstimos para este fim até o mesmo período em 2022.

“Este aumento pode estar relacionado a vários fatores, a começar pelo valor da maioria dos procedimentos, que podem ser altos e não contam com a cobertura dos planos de saúde. Soma-se a isso o fato de o Brasil ser um país que apresenta um forte consumo cultural relacionado à estética, prática que perpassa todas as classes sociais e faixas etárias”, avalia Olle Widén, CEO e cofundador da FinanZero.

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O aumento da procura por cirurgias reparadoras comprova o destaque que esses procedimentos ganharam nos últimos anos
O mercado da estética não será mais o mesmo depois da pandemia
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O aumento da procura por cirurgias reparadoras comprova o destaque que esses procedimentos ganharam nos últimos anos

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O mercado da estética não será mais o mesmo depois da pandemia

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O economista Mauro Lúcio de Souza explicou, em entrevista ao Metrópoles, que é preciso ter cuidado na hora de pegar valores altos com essa finalidade. “Assim como todo empréstimo, é preciso ter cuidado. Mas, na minha visão, esse precisa de atenção redobrada, principalmente por lidar com questões como aparência e saúde”.

Para ele, é preciso ter uma rede de apoio muito forte, além de acompanhamento psicológico. “Parece bobagem, porém, é importante que parentes e amigos próximos estejam a par do empréstimo. Se houver complicações na cirurgia ou até problemas psicológicos e financeiros durante a recuperação, há quem ajude a pagar e lidar com o problema”, continua.

O expert disse ainda que atende muitos inadimplentes que pegaram empréstimos para estética. “É mais comum do que se imagina, mas quem tem dívidas assim não saí por aí falando, não é? Vale fazer as contas a longo prazo e ver se vale a pena mesmo”, complementa Souza.

Pessoas estão se endividando para realizar procedimentos estéticos
A cabeça também merece atenção

Muito além do corpo, cuidados com a saúde mental devem ser tomados antes e depois de procedimentos estéticos invasivos. De acordo com a psicóloga Carolina Lemes, a decisão de fazer uma cirurgia plástica deve ser pautada na racionalidade, e não no impulso.

“O paciente deve ser orientado que nem tudo se resolve cirurgia plástica. Ela pode ajudar, mas não pode ser vista como a única resolução dos problemas”, afirma. A especialista explica que é essencial buscar ajuda psicológica. “É necessário entender qual é a necessidade, se aquilo realmente faz sentido, se existe algo que precisa ser corrigido para não se arrepender depois”, frisa.

Além disso, depois do procedimento feito, o tratamento mental deve continuar. “A pessoa precisa entender a nova aparência e saber que aquilo não é tudo na vida dela e que há outras áreas que também merecem atenção”.

Lemes diz que as redes sociais podem deixar pessoas doentes na busca da imagem “perfeita”. “Há muita comparação, e isso pode gerar diversos sentimentos ruins. Vale apostar em terapia para não se deixar levar pela vida aparentemente perfeita pregada na internet”, finaliza.

Recentemente, a modelo e ex-BBB Rafa Kalimann revelou que se submeteu a alguns procedimentos estéticos, no entanto, foi necessário também passar por terapia para lidar com a pressão estética ao longo da carreira. “Eu demorei muito para conseguir me reconciliar com o que sou, com meu corpo, me sentir confortável com ele, me sentir amiga dele de novo. Foram muitos anos de terapia”, contou em entrevista recente ao podcast Vaca Cast.

Os brasileiros e a vaidade

Tendências de beleza como harmonização facial, barriga “chapada” por lipoaspiração e o nariz empinado da rinoplastia tomaram conta das clínicas brasileiras (e, ao que tudo indica, vão permanecer). No topo do mundo, o Brasil e os Estados Unidos lideram o ranking de maior número de realizações de cirurgias plásticas.

Médico realizando lipoaspiração em paciente
O procedimento estético mais realizado em terras tupiniquins é a lipoaspiração

Por aqui, são aproximadamente 1,5 milhão de cirurgias ao ano. O país ultrapassa os Estados Unidos e o México, em segunda e terceira posição, respectivamente. É o que revela um estudo divulgado pela plataforma de descontos CupomValido.com.br que reuniu dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

O procedimento estético mais realizado em solo nacional é a lipoaspiração, com 15,5% do total das cirurgias realizadas. A segunda e terceira cirurgia são, respectivamente, o implante de silicone e a abdominoplastia.

Um fato curioso é que, em comparação com outros países, os brasileiros preferem fazem mais cirurgias na região corporal, com quatro em cada cinco procedimentos. No caso do Japão, por exemplo, acontece o inverso, quatro a cada cinco cirurgias mais realizadas são na face.

Os procedimentos não cirúrgicos preferido dos brasileiros são:

  • Aplicação de toxina botulínica;
  • Aplicação de ácido hialurônico;
  • Peeling químico.
Na contramão do padrão

A nutricionista Luísa Freitas afirma que preferiu saiu do lugar comum que a profissão a habilita de prescrever dietas para focar na alimentação básica como direito e provedora de saúde dos indivíduos. “Procuro não pregar o emagrecimento, e sim a saúde”, comenta.

Caso decida recorrer a tratamentos estéticos para melhorar a autoestima, é necessário ter alguns cuidados na hora da escolha

Para ela, a tentativa de libertar mulheres desses padrões é repleta de represálias, ainda assim, traz alívio para muitas que se tornam reféns desses movimentos. “Conheço mulheres que passaram 40 anos da vida dedicadas à mudança corporal, que fizeram centenas de procedimentos, dietas, e não conseguiram esse objetivo, para elas é um alívio”.

“Percebo ainda como isso é direcionado. Mulheres que estavam presas à rotina de academia e dieta acabam descobrindo outras atividades que gostam de fazer. Acabo encontrando um pouco de sentido de continuar esse trabalho”, revela.

De acordo com a profissional, esse padrão de beleza construído no Brasil de ser magro, musculoso e branco é representado pelas mídias de maneira que atingi-lo soa, sempre, como algo impossível (e não é). “Existe uma noção da controlabilidade do peso do corpo e faz com que a gente acredite que qualquer uma com um procedimento estético terá o corpo igual da modelo do Instagram. Não é errado fazer o procedimento, mas é preciso ser dentro da realidade”.

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