Dia da Mulher: empreendedoras do DF apostam na diversidade da beleza
Para o Dia da Mulher, o Metrópoles reuniu histórias de empreendedoras do ramo da beleza que realçam a autoaceitação e pluralidade; confira
atualizado
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Quem trabalha no mercado da beleza sabe como a diversidade vem tomando um espaço antes ocupado, em grande maioria, por perfis dentro de um padrão. A partir disso, muitas empreendedoras decidiram iniciar um negócio, de forma a chamar atenção para a autoaceitação. No Distrito Federal, não é diferente. Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8/3), o Metrópoles separou a história de três personalidades de Brasília que lutam pela pluralidade.
A necessidade de independência econômica, juntamente com objetivos pessoais, foram o pontapé para Adriana, Cláudia e Roberta fortalecerem o papel da mulher no ambiente empreendedor da capital.
Confira:
Adriana Ribeiro, especialista em beleza negra
De acordo com o levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizado em 2022, as mulheres representam 34% dos empreendedores do país. O estudo ainda apontou que a maioria começou um negócio por necessidade. Foi o caso de Adriana Ribeiro, CEO da Afro Chic.
“Eu nasci em uma família simples. Quando eu tinha uns 10 anos, minha mãe começou a fazer cursos de cabeleireira e me levava como modelo. Aos 12 anos, já fazia unhas e, logo depois, me tornei assistente dela. Foi assim que nasceu meu amor pelos cuidados com a beleza, em especial a feminina”, relembra.
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Com a missão de elevar a autoestima dos clientes, a educadora capilar fundou um salão especializado em beleza negra no Riacho Fundo I. O intuito é valorizar as madeixas naturais, oferecendo serviços para cabelos ondulados, cacheados e crespos.
“Por não encontrar salões e profissionais adequados, senti a necessidade de saber lidar com o meu cabelo e, por isso, acabei desenvolvendo técnicas especiais. Infelizmente, o mercado da beleza é elitista e preconceituoso. Falta aperfeiçoamento e, principalmente, escolas de beleza negra”, comenta a especialista em cabelos com texturas.
Como empreendedora, Adriana Ribeiro é referência nacional e chama a atenção de mulheres de todo o Brasil. Ela, porém, está longe de parar, e quer ir além. “Pretendo tornar o Instituto Afro Chic a maior escola de beleza preta do Brasil. Também penso em criar uma ONG para profissionalizar as pessoas negras e mudar a vida delas, como mudei a minha, a da minha família e de centenas de profissionais e clientes”, vislumbra.
Cláudia Melo, especialista em maquiagem para pele madura
Ainda na juventude, Cláudia Melo era apaixonada por maquiagem e não imaginava que o amor pelo procedimento iria transformar a sua vida. A partir de um blog sobre o tema, ela começou a trabalhar formalmente na área, idealizando a Clau Melo Beauty. Mas, diferente do “tradicional”, a empreendedora aposta na beleza da mulher madura.
“Baseada nas minhas próprias dificuldades, notei que a maquiagem não dava mais certo devido ao processo de envelhecimento. Quando eu me profissionalizei, ouvi a mesma coisa de outras mulheres e me dediquei a estudar mais sobre o assunto, usando a mim mesma como laboratório de experiências e vivências”, afirma ao Metrópoles.
Mesmo que o mercado da beleza não abrace todo tipo de público, a idealizadora da Clau Melo Beauty acredita que o panorama está mudando desde a pandemia.
“A mulher madura quer se ver refletida na beleza e não apenas em anúncios de cremes anti-aging ou como imagem de mães e avós. Precisamos desapegar dessa imagem discreta e ‘invisível’ — a menos que ela escolha isso”, argumenta.
Maturidade representada
O empreendedorismo ajudou Cláudia a quebrar padrões e comportamentos pré-determinados por outras gerações. Agora, ela oferece atendimento a domicílio e presencial, no espaço Casa Boho, na Asa Sul. Entram no rol, ainda, cursos de maquiagem e consultoria, além de uma linha exclusiva de pincéis. Deu tão certo que, de uma paixão, a empresária se tornou referência em beleza madura na capital.
“Ainda pretendo lançar um curso de automaquiagem fixo, continuar me consolidando como referência em pele madura e, futuramente, transmitir o conhecimento que venho adquirindo para profissionais da área”, diz Cláudia, ressaltando que nunca é tarde para explorar novos caminhos. “Crie novas referências. Não tenha receio em arriscar”.
Roberta Vasconcellos, especialista em estética íntima LGBTQIAPN+
A história da Roberta Vasconcellos com o empreendedorismo começou em 2018, após realizar cursos de tratamentos faciais. No entanto, a brasiliense percebeu que o ramo da estética não atendia todos os públicos. Foi então que ela decidiu abrir a Beleza Íntima, clínica especializada em estética íntima LGBTQIAPN+.
“Percebi a falta de clínicas que se preocupassem com esse tipo de cuidado para o público LGBTQIAPN+. Eles também têm vontade de melhorar a estética íntima, que por si só, já é um tabu. Resolvi ir por esse caminho para abraçar a causa da inclusão”, explica Roberta ao Metrópoles.
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Com o negócio funcionando, a fundadora da Beleza Íntima viu a oportunidade de acolher as diferenças. “O mercado da beleza ainda precisa vencer a barreira do preconceito. Como microempreendedor individual, meu próximo passo é crescer como empresa, contratando transexuais para atuarem comigo”, defende.
Hoje, Roberta trabalha com estética não invasiva facial, corporal e íntima, ramo que sempre quis. Mas, ela conta que, de início, não foi fácil.
“Opiniões diversas sempre surgem para desencorajar os desejos. Não deixe que os comentários te influenciem. Vá em frente e sempre ouça o seu coração”, encoraja a empreendedora.