Conheça o procedimento estético que levou a modelo Lygia Fazio à morte
Após sofrer problemas decorrentes da aplicação de PMMA no bumbum, Lygia Fazio morreu de AVC, aos 40 anos, nessa quarta-feira (31/5)
atualizado
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Lygia Fazio teve a morte anunciada nas redes sociais nessa quarta-feira (31/5). A modelo e jornalista de 40 anos estava internada há cerca de três semanas após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A saúde da paulistana já havia sido tema de notícias em 2022, quando ela ficou mais de 100 dias internada por causa de problemas decorrentes da aplicação de PMMA no bumbum. A substância, um plástico industrial, é contraindicada por cirurgiões plásticos e está relacionada a problemas de saúde como o AVC.
“Infelizmente, nossa guerreira fez a passagem. Não é relevante explicar agora todos os detalhes. Respeitem a nossa dor”, comunicou a família no Instagram da influencer. No mesmo perfil, vários amigos da modelo condenaram o uso de PMMA em intervenções estéticas.
Cem dias de internação
Ex-musa do Coritiba e da Acadêmicos do Grande Rio, Lygia precisou se submeter, no ano passado, a várias cirurgias para retirar do corpo três quilos de PMMA e silicone industrial, substância de baixíssimo custo e procedência duvidosa que se espalhou pelo organismo dela depois do implante no bumbum. Foram mais de 100 dias de internação.
Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro (SBCP-RJ), André Maranhão alerta para os riscos do uso de materiais de origem questionável em procedimentos estéticos, sobretudo o PMMA. “O material não deve ser utilizado para fins estéticos”, adverte.
O médico dá sequência à tese. “A substância pode causar riscos gravíssimos, como a formação de nódulos, infecções, dores crônicas, enrijecimento dos tecidos que foram aplicados, além de necrose e rejeição pelo próprio organismo. O PMMA ainda pode passear pelo corpo e gerar estímulos inflamatórios crônicos, como fístulas e abscessos. Outro risco extremamente grave é o de cegueira, que pode acontecer quando o material é injetado por acidente em vasos sanguíneos”, complementa.
O também cirurgião plástico Victor Hugo Cordeiro faz coro à fala do colega. “Infelizmente, problemas com PMMA são recorrentes”, acrescenta.
O produto é permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas para correções volumétricas no corpo de pessoas que sofreram deformações corporais decorrentes de doenças como a poliomelite.
No entanto, o uso estético dele no Brasil se popularizou, especialmente para preenchimento de glúteos.
Os riscos do PMMA para fins estéticos, segundo a SBPC, são:
- Processos inflamatórios e infecciosos;
- Necrose de pele e adjacências;
- Cegueira;
- Embolias;
- Óbito.
Dermatologista da clínica Les Peaux, Daniel Coimbra revela que o aumento dos glúteos pode ser conquistado de maneira eficaz e segura por meio da aplicação de ácido hialurônico, por exemplo. “O ácido hialurônico é uma alternativa saudável para aumentar e/ou reduzir a flacidez dos glúteos”, atesta o médico.
“A substância ainda ganha pontos por ser reversível, caso necessário, ao contrário do PMMA — que se espalha rapidamente pelas diferentes camadas do corpo”, incrementa.
Procedimento clandestino
Segundo a jornalista Meiri Borges, amiga de Lygia Fazio, a “bomba-relógio da vida” da modelo foi a realização de procedimentos clandestinos com material de procedência duvidosa. “Esse produto, que era silicone industrial misturado com PMMA, começou a se espalhar pelo corpo dela, deu infecção, uma bactéria. E por esses três anos ela tentou a cura, tentou tirar essa substância, mas não saiu por inteiro, e isso gerou muitas infecções, muitos problemas”, disse ao G1.
Ainda de acordo com Meiri, a paulistana ficou com sequelas na comunicação antes de falecer.
Lygia Fazio deixa dois filhos pequenos, Davi e Thor.