Como serão as lojas de maquiagem após a pandemia de coronavírus?
Fim dos provadores e compra virtual serão tendências no segmento quando a crise de saúde chegar ao fim
atualizado
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Entrar em uma loja de maquiagem e provar sombras, blushes e batons é um hábito com dias contados. Após a pandemia de coronavírus, esse tipo de estabelecimento passará por transformações importantes para se adaptar às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O futuro, porém, não é desanimador como de outros segmentos. A partir do próximo ano, serviços high tech e personalizados estarão em evidência, algo que a indústria já ensaiava há alguns anos. Em vez de testadores convencionais, os clientes poderão experimentar os cosméticos usando tecnologia de realidade virtual. Além disso, as aulas de make, outrora realizadas em lojas físicas, ficarão restritas ao ambiente on-line.
Quem garante é diretora-geral da divisão de luxo da L’Oréal na Espanha Ana Jaureguizar. Em entrevista a uma rádio local, a executiva, que ocupa um dos postos mais desejados da indústria de beleza, defendeu que passaremos a adotar novas rotinas de compras.
Para isso, a L’Oréal está em processo de criação do dispositivo Nexa. Ele terá diversas funções, como identificar o tipo de pele e fazer sugestões para cada consumidor.
Adaptação
Do outro lado, profissionais acreditam que será preciso tempo para se adaptar a essas medidas. “A diminuição ou a inexistência dos testers nos prejudicará quanto a durabilidade, eficiência e eficácia do produto”, afirma o maquiador Antônio Barbosa, formado em estética e cosmetologia, e um dos nomes do salão Renoir e Ricardo Maia.
“Algumas marcas estão utilizando a tecnologia de filtros no celular, por exemplo, para a escolha da cor de batom. Porém, sabemos que há interferência na cor. Esta é uma nova realidade e precisaremos nos adaptar”, avalia.
Segundo o maquiador, algumas determinações para aumentar a higiene são recorrentes atualmente. Agora, elas devem ser intensificadas. “Medidas como o uso de pincéis descartáveis, álcool líquido para a limpeza dos utensílios e higienizador de pincéis eram usadas nas lojas. No entanto, nada foi capaz de controlar os ‘dedinhos nervosos’ que alcançavam inúmeros produtos nas prateleiras”, comenta.
O próprio cliente terá que exercitar o autocontrole e evitar tocar em embalagens. “Cabe a nós a responsabilidade e cuidados na hora do uso”, pondera Barbosa. “Uma dica legal para as empresas seria aumentar o número de amostras de produtos. Grandes marcas japonesas disponibilizam esses itens na hora da compra. Isso faz com que o consumidor conheça e use novos itens, tendo uma experiência diferenciada”, prevê o cosmetólogo e esteticista.
“As marcas e os profissionais terão que se destacar de forma orgânica, mostrando que, além de embelezamento, entregam experiências. Os eventos, consequentemente, serão menores e mais íntimos. Será a hora da beleza que agrega valor, que trabalha a autoestima, do escritório a um jantar”, emenda o maquiador Hudson Mateus, do salão Gigi Sweet Home.