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Brasília foi inspirada em cidade de 3.600 anos no Egito

O formato geométrico, a divisão em setores, os espaços verdes entre edifícios são pontos comuns entre a capital brasileira e Akhetaton

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1 de 1 brasilia-akethaton-final(1) - Foto: Metrópoles

Uma cidade em formato de pássaro, com avenidas largas, cheia de jardins e árvores, que permite contato com o céu e o sol. Projetada para ser capital administrativa de um país, ela é bem dividida: em uma área ficam os bancos, outra abriga o comércio, as residências ficam separadas e até os militares têm uma parte só para eles. Os prédios públicos estão dispostos ao longo de uma das avenidas principais. Brasília? Não. Essa é a definição do município egípcio de Akhetaton.

Para alguns estudiosos, a capital do Brasil foi inspirada na cidade africana — que não existe mais. No início do mês de setembro, dois egiptólogos nascidos no país desembarcaram em Brasília, a convite do Zahra Studio de Dança do Ventre, para dar uma palestra sobre turismo, e ficaram impressionados com a semelhança entre os dois locais.

Ahmed Said e Diaa Sabry acreditam que a capital brasileira seria mesmo inspirada na cidade egípcia. O formato geométrico, a divisão em setores e os espaços verdes entre as construções são pontos comuns. “Akhetaton é uma das poucas regiões milenares que possui a planta arquitetônica tão bem preservada. Por isso, é fácil perceber as semelhanças entre os dois lugares”, explica Diaa.

“O Memorial JK, por exemplo, lembra as mastabas egípcias”, diz Ahmed. Diaa também destaca que era comum os prédios do país terem entradas com rampas e corredores com iluminação natural, traço comum em prédios como a Catedral de Brasília.

Apesar da surpresa dos especialistas, na capital federal, a teoria já vem sendo estudada por egiptólogos. No livro “Brasília Secreta – Enigma do Antigo Egito” (Editora Vestcon), a especialista Iara Kern e o professor Ernani Pimentel destrincham o que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) chama de “lenda”. Eles comparam vários prédios do Distrito Federal com as edificações da cidade milenar.

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Pirâmide de degraus, típicas do Antigo Egito
A Catedral também guarda semelhança com as construções do país africano: para entrar, deve-se passar em um túnel escuro que vai em direção a um ambiente iluminado. Na frente dos templos antigos, os egípcios posicionavam estátuas de seus deuses, da mesma forma que ficam os apóstolos da Catedral.
Para os pesquisadores, o Memorial JK tem a mesma estrutura de pirâmide egípcia e é semelhante a uma mastaba
A mastaba é um túmulo egípcio que sepultava faraós e nobres importantes
Já o Teatro Nacional seria a versão brasiliense de uma grande pirâmide. De acordo com os egiptólogos, a inspiração foi a Grande Pirâmide de Keóps e a falta da ponta triangular seria uma “tendência”: as construções inacabadas significam que apenas Deus é completo.
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A antiga pirâmide da CEB ficava no começo da L2 Norte mas foi demolida. Em entrevista para o “Brasília Secreta”, o arquiteto Gladson da Costa, responsável pelo projeto, contou que não pensou em pirâmides para a edificação, mas afirmou já ter sido reconhecido nos Estados Unidos como a reencarnação de um sacerdote egípcio.

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Pirâmide de degraus, típicas do Antigo Egito

Reprodução
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A Catedral também guarda semelhança com as construções do país africano: para entrar, deve-se passar em um túnel escuro que vai em direção a um ambiente iluminado. Na frente dos templos antigos, os egípcios posicionavam estátuas de seus deuses, da mesma forma que ficam os apóstolos da Catedral.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Para os pesquisadores, o Memorial JK tem a mesma estrutura de pirâmide egípcia e é semelhante a uma mastaba

Giovana Bembom/Metrópoles
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A mastaba é um túmulo egípcio que sepultava faraós e nobres importantes

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Já o Teatro Nacional seria a versão brasiliense de uma grande pirâmide. De acordo com os egiptólogos, a inspiração foi a Grande Pirâmide de Keóps e a falta da ponta triangular seria uma “tendência”: as construções inacabadas significam que apenas Deus é completo.

Felipe Menezes/Metrópoles
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A base do Congresso Nacional se assemelha ao templo de Hatshepsut, a faraó que governou por mais tempo o Egito Antigo

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O obelisco que guarda o Quartel General em Brasília é semelhante ao obeslico que guarda a entrada de Karnak, uma cidade-fortaleza do Egito Antigo

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Tanto o faraó Akhenaton e o presidente Juscelino Kubitschek quiseram construir uma nova capital no interior para seus respectivos países

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A pirâmide do Templo da Boa Vontade, para Iara e Ernani, seria “uma verdadeira concretização hoje do atemporal Antigo Egito”. O monumento simbólico em homenagem ao fundador da LBV, Alziro Zarur, é outro ponto de destaque: “Daqui a milênios, quem o vir deverá revive o que hoje pensamos quando vemos as tumbas faraônicas”, de acordo com os pesquisadores. O local tem, inclusive, uma “Sala Egípcia”, que conta com uma pintura do faraó Akhenaton.

TBV/Divulgação

Mas as semelhanças não ficam apenas no plano arquitetônico. De acordo com pesquisadores, Akhetaton demorou apenas quatro anos para ser erguida, assim como Brasília. Por lá, foi criado o primeiro lago artificial do mundo, o Lago Moeris. Assim como o Paranoá, a ideia também era refrescar e amenizar o clima. E por fim, a planta da cidade tinha formato de pássaro (quase um avião), em referência ao Íbis, objeto de veneração religiosa no país.

Pode parecer difícil de acreditar, mas alguns entusiastas dizem que Juscelino Kubitschek é a própria reencarnação do faraó — os dois morreram 16 anos após a inauguração de suas cidades.

No livro “Meu Caminho Para Brasília”, o ex-presidente relata uma viagem ao país africano e conta, ele mesmo, a história de Akhenaton e revela que ficou fascinado com a biografia do faraó.

A cidade egípcia foi construída há cerca de 3.600 anos, mas foi extinta após a morte do rei. As edificações foram desmontadas em partes e o material, usado em outras obras do Antigo Egito. No local onde um dia funcionou, hoje há um sítio arqueológico chamado de Tell-El-Amarna.

Há 40 anos, o Projeto Amarna estuda e protege as ruínas. Segundo as pesquisas da instituição, o faraó, que era casado com a rainha Nefertiti, decidiu revolucionar a religião politeísta do país e instituiu um Deus único, chamado de Aton. Para implementar as novas regras, Akhenaton encomendou uma nova capital no centro do país. Pois, só separando a monarquia, dos templos antigos, conseguiria ver seus planos tomarem forma.

 

Reprodução/Neues Museum
O busto de Nefertiti está exposto no Neues Museum (Alemanha)

 

Versão oficial
Apesar das semelhanças, a Fundação Oscar Niemeyer explicou ao Metrópoles que o arquiteto nunca esteve no Egito. Também não há nenhuma referência ao país no relatório de criação do Plano Piloto escrito por Lúcio Costa. Mas o urbanista cita Piccadilly Circus, Times Square e Champs Elysées como inspiração. Já o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) não entra na questão porque considera a história uma lenda.

Veja mais imagens das escavações em Amarna (nome moderno de Akhetaton):

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Fotografia da escavação em 1921 da Egypt Exploration Fund team
O famoso busto da rainha Nefertiti foi encontrado durante as escavações. Hoje, ele está exposto em um museu em Berlim
É possível enxergar o símbolo do deus Aton: uma placa solar que assemelha a uma mão
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O mapa mostra o que já foi descoberto da cidade de Amarna (Akhetaton). A região em rosa destaca o que seria a "Asa Sul" da cidade

Amarna Project/Divulgação
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Fotografia da escavação em 1921 da Egypt Exploration Fund team

Amarna Project/Divulgação
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O famoso busto da rainha Nefertiti foi encontrado durante as escavações. Hoje, ele está exposto em um museu em Berlim

Amarna Project/Divulgação
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É possível enxergar o símbolo do deus Aton: uma placa solar que assemelha a uma mão

Amarna Project/Divulgação

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