Arquitetas explicam até onde vale a pena reformar um apartamento alugado
Reformas, em maior ou menor grau, precisam ser autorizadas pelo proprietário e, de preferência, antes da assinatura do contrato
atualizado
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O sonho da casa própria não é mais unanimidade entre a população brasileira, sobretudo entre os millennials. Segundo pesquisa realizada em 2019 pela agência digital Today, 80% das pessoas com idade entre 25 e 39 anos acham mais viável alugar do que comprar um imóvel. Apesar da certeza em não adquirir um cantinho para chamar de seu, há dúvidas sobre o que vale a pena mudar, já que os gastos saem do bolso do locador, mas os resultados ficam para o locatário.
De acordo com a arquiteta Isabella Souza, do Estúdio Orla, reformas em apartamentos alugados são viáveis quando o valor é abatido do aluguel ou serve como vantagem ao locador. Além disso, o tempo de locação também é importante, assim, quanto maior o contrato, melhor.
Ela alerta, porém, que todos os tipos de reformas precisam ser autorizadas pelo proprietário e, de preferência, antes da assinatura do contrato.
“Uma dica é não fazer nada drástico ou que não possa ser revertido. Se o dono não aceitar a reforma, não há o que fazer, o ideal é procurar outro apartamento ou se adaptar”, orienta.
Em situações em que não há autorização ou os gastos não serão inclusos no aluguel, uma boa alternativa é apostar na decoração para deixar o “cafofo” com a sua cara. De acordo com a arquiteta Carina Dal Fabbro, à frente de escritório homônimo, é possível personalizar a casa conforme as características e preferências do morador sem gastos excessivos.
“Além de deixá-lo perfeito para o dia a dia, as escolhas corretas asseguram o controle no orçamento. Sabemos que ninguém quer gastar demais em um bem que não é seu”, esclarece a profissional.
Com mais de 25 anos de experiência na área de design de interiores e arquitetura, Carina explica que é possível “maquiar” o imóvel a partir de soluções práticas e temporárias. “Adoto esse termo por se tratar de um projeto sem grandes alterações estruturais, como a demolição de paredes e o quebra-quebra que costuma existir na reforma tradicional”, relatou a profissional.
O Metrópoles selecionou dicas das especialistas sobre o que vale ou não a pena reformar em apartamentos alugados:
- Troca de revestimentos, instalação ou retirada de móveis planejados são viáveis e vantajosas, desde que aprovadas pelo locatário;
- Papel de parede e pinturas não precisam de autorização do proprietário em geral, mas, na entrega do local, tudo precisa estar conforme a assinatura do contrato;
- Reformas em cozinha e banheiros são as mais caras de uma obra. Não valem a pena se o valor não for abatido no aluguel;
- Mobiliário planejado só é boa pedida em caso de contratos longos. As arquitetas orientam a optar por móveis soltos, que podem ser levados em uma mudança futura.
Exemplo
Recentemente, Isabella reformou a residência em que mora em Brasília. Não houve abatimento das despesas, mas o resultado entrou para o portfólio de seu escritório. O contrato da arquiteta é de dois anos. Ela optou por reformar o banheiro e cozinha, com troca de revestimentos e adesão a um mobiliário planejado. A maior alteração ocorreu com a retirada de um quarto, para que a sala de estar ficasse maior.
“Nós queríamos um apartamento que não tivesse sido muito modificado e ainda seguisse a planta original de quando foi construído. Quando encontramos esse disponível para o aluguel, fizemos a proposta de melhorar um pouco sem perder essa identidade dos anos 1960. A dona topou e nos deu um mês de carência para realizar a reforma”, conta.