Prestação de serviço pode ser requisito para o seguro-desemprego
Projeto de Lei propõe jornada de 20 a 30 horas semanais para desempregados. Objetivo é evitar fraudes e direcionar recursos financeiros
atualizado
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Trabalhadores que recorrem ao seguro-desemprego podem ter que prestar serviço ao governo para ter direito ao benefício. A jornada será limitada de 20 a 30 horas semanais em órgãos da administração direta e indireta ou em entidades sem fins lucrativos conveniadas. A proposta foi apresentada à Câmara pelo deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP).
O principal argumento do parlamentar para mudar a Lei do Seguro-Desemprego (Lei 7.989/1990) é promover a redução das fraudes ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e melhorar o direcionamento de recursos financeiros.
Segundo Marcos Pereira, os custos das políticas passivas de auxílio aos trabalhadores (seguro-desemprego e abono salarial) consomem muito mais orçamento do que os valores investidos em qualificação e programas de alocação e realocação.
Segundo dados apresentados na justificativa, o FAT teria despendido, em 2017, R$ 54 bilhões em benefícios passivos e apenas R$ 92 milhões em capacitação e direcionamento dos profissionais. No ano passado, foram contabilizados mais de R$ 33,6 bilhões para o pagamento de 6,46 milhões de trabalhadores formais e domésticos segurados.
Fraudes
Frequentemente, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tem denúncias de fraudes envolvendo o cadastro e o pagamento do seguro-desemprego.
A prática mais comum é a apresentação de demissão formal do profissional que continua vinculado à empresa e, passado o período de recebimento do seguro-desemprego, volta a ser contratado oficialmente.
Em abril, a Polícia Federal desmantelou quadrilha que agia em uma transportadora em São Paulo e na Bahia. O grupo provocou prejuízo de R$ 20,5 milhões entre 2015 e 2019 ao receber cerca de 13,2 mil parcelas do benefício.
Direcionamento
Na proposta do PL 4.923, as instituições como o Sistema Nacional de Empregos (Sine) terão o compromisso de agrupar as oportunidades e direcionar os desempregados para os postos. Não há detalhes sobre os cargos públicos que poderão ocupar e em que condições.
A jornada foi estipulada para que o trabalhador tenha a oportunidade de participar de cursos de capacitação – outro requisito para receber o benefício — e realizar entrevistas para encontrar um novo lugar no mercado de trabalho.
O texto foi encaminhado à Comissão de Seguridade Social e Família para avaliação. O relator, deputado federal Pedro Westphalen (PP-RS), abriu prazo para apresentação de emendas nesta semana.
Depois, a proposta ainda passará pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Constituição e Justiça e Cidadania. Não será preciso a apreciação do plenário da Casa.