metropoles.com

IBGE pede socorro e corre contra o relógio para realizar Censo 2020

Além do corte de 30% no orçamento deste ano, a fundação ainda aguarda liberação para contratar temporários

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
DIVULGAÇÃO/IBGE
IBGE Censo
1 de 1 IBGE Censo - Foto: DIVULGAÇÃO/IBGE

A cada início de década, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza o maior levantamento de dados demográficos do país. O próximo está programado para o ano que vem. Entretanto, impasses sobre a verba necessária e a contratação temporária de pessoal esbarram em longas negociações que avançam lentamente.

De acordo com o plano inicial, a fundação precisará de R$ 3,4 bilhões para realizar o Censo 2020, sendo R$ 1 bilhão em 2019. A proposta foi repensada e a metodologia, simplificada – chegando ao montante de R$ 344 milhões para investimentos em equipamentos e softwares ao longo deste ano.

Ao entrar no orçamento da União de 2019, mais um corte de 30%, e apenas R$ 240 milhões poderão ser liberados. Em 2018, dos R$ 7,5 milhões pedidos, só foram repassados R$ 6,7 milhões.

A etapa de testes, que inclui o Censo Experimental, demanda a admissão de 397 analistas censitários temporários, responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção dos sistemas que receberão os dados. A preparação e os testes dos aparelhos a serem usados pelos recenseadores estão programados para acontecer entre setembro e novembro, por isso, o IBGE corre contra o relógio a fim de conseguir a permissão do Ministério da Economia para começar o processo de licitação e contratar a banca organizadora.

Ameaça maior
Se a fundação tem tido dificuldade de chegar a um acordo com o Governo Federal na fase de planejamento e preparação, encontrará ainda mais obstáculos quando chegar a hora de ir a campo.

Para visitar os mais de 67,6 milhões de domicílios distribuídos nos 5.565 municípios brasileiros, dados de 2010 que serão atualizados, seriam necessários cerca de 300 mil entrevistadores e profissionais de suporte, conforme anunciado em junho, no lançamento do projeto. O montante pedido foi reduzido para 240 mil.

Haverá oportunidade para recenseadores, com exigência de nível fundamental e contrato de até cinco meses; e cargos de nível médio de escolaridade: agentes regionais e administrativos, com contrato de até um ano; agentes municipais e de informática, contrato de até 10 meses; e agente supervisor, contrato de até nove meses.

A remuneração varia conforme função e produtividade. No último Censo, o pagamento médio para recenseadores foi de R$ 2,6 mil; para os demais postos, variou entre R$ 1,9 mil e R$ 2,9 mil. O Censo Demográfico é considerado o ponto de partida das informações essenciais para criação de políticas públicas no país, como de saneamento básico, assistência à saúde e à educação.

Atualmente, as ações são planejadas e realizadas com base nos dados apurados em 2010, que estão defasados, pois a Contagem Populacional, feita a cada cinco anos, não foi efetuada em 2015 por falta de verba. O Censo Agropecuário também sofreu impacto com os cortes. Além do atraso, foi simplificado, teve sua metodologia alterada e seu alcance restrito. A previsão era contar com R$ 1,6 bilhão e 80 mil profissionais, entretanto, foi realizado com R$ 550 milhões e 29 mil temporários.

Faltam efetivos
Ainda que consiga a aprovação de todo quantitativo de entrevistadores provisórios, o quadro continuará deficitário, tendo em vista que o número de efetivos do IBGE tem se reduzido ano após ano, em especial devido a aposentadorias sem reposição. Pelo menos 2,4 mil profissionais de carreira deixaram seus cargos nos últimos 10 anos. De lá para cá, não ocorreram concursos suficientes para ocupar o total de 7,5 mil vagas da fundação.

Para piorar as projeções, cerca de 30% dos ativos terão condições de se aposentar ainda neste ano. Caso a reforma da Previdência seja aprovada, estima-se que a fundação ficará com, no máximo, 3,2 mil profissionais. Só no ano passado, 380 funcionários se desligaram.

A escassez tem afetado a produção de mais de 50 pesquisas realizadas continuamente pelo IBGE. O expediente das 570 agências está reduzido. Em ao menos 60 delas funcionam com apenas um funcionário, oito foram fechadas em outubro passado e outras devem ser desativadas nos próximos meses.

Desde 2017 foi encaminhada solicitação para realizar um concurso com oferta de 1,8 mil vagas, sendo 1.200 para técnicos e 600 analistas. O pedido foi arquivado junto com dezenas de outros também críticos. Um novo documento está sendo elaborado para apresentação ao Ministério da Economia.

A carreira oferece remuneração inicial de R$ 3,4 mil para quem tem nível médio e R$ 7,8 mil
para nível superior, acrescido do auxílio-alimentação de R$ 458.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?