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Concurseiro, fique atento aos riscos do uso de drogas e estimulantes

Emprego de substâncias na tentativa de burlar o sono e aumentar a concentração podem prejudicar a saúde e o aprendizado

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1 de 1 cansaço estudo - Foto: iStock/Foto ilustrativa

O desafio de todo concurseiro é aprender a maior quantidade de conteúdo possível no menor tempo e se lembrar de tudo o que foi estudado na hora da prova. A vontade de ser aprovado é tamanha que muitas pessoas recorrem a substâncias estimulantes na tentativa de burlar os próprios limites, ignorando consequências prejudiciais à saúde física e mental.

Os candidatos acreditam que, consumindo café e energéticos, para se manterem acordados por mais horas, e anfetaminas, para intensificar a concentração e o aprendizado, estarão melhorando seu desempenho e turbinando o cérebro. A intenção é ter resultado rápido independentemente dos efeitos colaterais: um sacrifício que vale a pena. O que deixam de lado são os efeitos colaterais altamente danosos ao organismo, que podem chegar, inclusive, a um acidente vascular cerebral (AVC), um infarto ou uma crise de ansiedade e pânico.

O sono é visto como inimigo mortal, perda de tempo. A cafeína faz parte da rotina e seu consumo costuma ser muito acima do considerado saudável pela medicina. Segundo estudos mais recentes, para não ser prejudicial, um adulto pode beber até 450ml de café por dia, o que equivale a 400 miligramas de cafeína. Vale lembrar que essa substância não está só no cafezinho, mas também em chás, refrigerantes, chocolates e energéticos.

Apesar de o café puro ser rico em antioxidantes e benefícios para saúde, a composição de outros alimentos e bebidas que contenham cafeína pode trazer malefícios. Acima do recomendado, a cafeína gera intoxicação e sintomas como aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, dores de cabeça, insônia, redução da assimilação de cálcio pelo organismo e, em casos mais sérios, queda na fertilidade, aumento de chances de aborto e de defeitos congênitos.

Os energéticos são um caso à parte, pois também levam a taurina, que tem efeito complementar no estímulo ao metabolismo, afastando o sono e o cansaço. Esse aminoácido, sintetizado no fígado e no cérebro, age na regulação dos níveis de água e sais minerais do sangue e, em doses acima de 3 gramas com uso prolongado, pode aumentar as chances de problemas cardíacos, como infarto, e de acidentes vasculares cerebrais.

Atalho para o aprendizado
Além do sono e do cansaço, outra reclamação recorrente dos concurseiros é a falta de foco e concentração na hora dos estudos. A complexidade e o volume dos conteúdos a serem aprendidos levam alguns a medidas mais drásticas: uso de medicamentos com venda e uso controlados sem indicação médica e adquiridos de forma ilegal.

A Ritalina, composta de metilfenidato, é um estimulante a base de anfetamina indicado para quem está em tratamento de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e outros diagnósticos relacionados à capacidade cognitiva. Seu efeito, em quem tem a necessidade de administrá-la, é a melhora na memória imediata e na concentração, facilitando a realização de tarefas.

É importante ressaltar que, em quem não tem o diagnóstico, o medicamento pode não ter qualquer efeito ou, ainda, provocar a falta de apetite, dores de cabeça, taquicardia, tremores, crises de ansiedade, pânico ou surtos psicóticos, entre outros. De forma semelhante, ocorre com uso de outras anfetaminas.

Há quem recorra também a drogas que prometem ser “pílulas da inteligência”, como a modafinil, indicada para quem tem sonolência excessiva (narcolepsia) e que estaria associada à melhoria da memorização e concentração. Já cloridrato de donepezila, conhecido como Donepezil, usado no tratamento de Alzheimer, tem efeito na perda de memória e déficit cognitivo.

Nos dois casos, a ação é diretamente no cérebro e na regulação de hormônios. Seu uso inadequado pode gerar nervosismo, irritação, ansiedade, depressão, alucinações e dores de cabeça.

Alternativas
Não há nada de errado em querer um melhor o desempenho e a capacidade cognitiva, entretanto, é preciso percorrer um caminho que não provoque consequências ruins para o corpo e para saúde mental. Por isso mesmo existem profissionais capacitados para auxiliar os concurseiros nessas escolhas.

Os nutricionistas, por exemplo, podem elaborar uma dieta personalizada, rica em nutrientes que ajudam o organismo a funcionar direcionado para esse momento de maior gasto energético do corpo e da mente. Os psicólogos podem colaborar na administração dos estados emocionais de ansiedade e de nervosismos, aumentando a segurança e melhorando a saúde mental.

Para as rotinas mais equilibradas e aumento da produtividade por meio de planejamentos eficientes, os coaches são indicados.

O que precisa ser entendido é que o corpo tem limites, precisa tanto da ação quanto do descanso. O sono é essencial para que os conteúdos aprendidos sejam assimilados pela memória de longo prazo, por exemplo. Apesar da ideia de que o sacrifício temporário vale a pena, trata-se de uma percepção distorcida e equivocada.

Prejudicar a saúde física e mental implica em transformar o momento presente em uma situação sem qualidade de vida e com efeitos indesejados, impactando, inclusive, nos relacionamentos e na capacidade de trabalho – atual e futura – de qualquer pessoa. Os atalhos podem se tornar caminhos muito mais longos e dolorosos.

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