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Concursos: lute contra oito “sabotadores” que boicotam a aprovação

Dificuldades em dizer não, mudar de metodologia a toda hora e pessimismo são alguns dos comportamentos a serem combatidos

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A longa jornada dos concurseiros pela aprovação encontra obstáculos com origem ainda na infância dos candidatos: os sabotadores. Normalmente, é fácil perceber os sintomas em meio às atitudes, porém, poucas pessoas são capazes de identificar e lidar com as consequências. O autoconhecimento torna possível entender e atribuir novos sentidos a essas crenças.

Os sabotadores não são exclusividade dos concurseiros, trata-se de um “fenômeno universal” como defende Shizard Chamine em seu livro Inteligência Positiva. A obra não é direcionada ao público que almeja ser servidor público, entretanto, com a devida adaptação, tornou-se uma excelente ferramenta para ajudá-los a mudar de postura e ter melhores resultados, essenciais para se saírem bem durante os estudos e nas provas.

O autoboicote acontece sem ser percebido. É uma postura construída ao longo do tempo, desde a infância, quando as crenças estruturais dos sabotadores se formam para proteger e garantir a aceitação e o pertencimento, elementos essenciais para os seres humanos.

Entretanto, esses “amiguinhos” se tornam vilões quando se chega à idade adulta, e o que era para ser positivo se transforma em uma série de problemas. Para tornar a situação ainda mais complexa, os sabotadores não agem isoladamente, mas em conjunto.

E quais são esses obstáculos?
O primeiro e maior sinal da ação dos sabotadores é o excesso de críticas. Ter uma percepção negativa da vida demonstra falta de aceitação de si e dos outros. Por isso, para Chamine, esse é considerado o “sabotador-chefe”, pois ele ativa as ações dos demais. Afinal, as críticas podem ser direcionadas a diversos aspectos da vida e é essa subdivisão que, sozinha ou em conjunto, forma os demais sabotadores.

No universo dos concurseiros, todos eles se destacam e serão agora conhecidos. O hiperracional fortalece a crença de que os sentimentos e as emoções atrapalham o alcance dos objetivos e são, portanto, irrelevantes. Ao valorizar demais o racional, a pessoa tende a se tornar insensível, menos empática e mais distante.

Como consequência, com o passar do tempo, fica fácil desrespeitar os próprios limites ou saber lidar com as frustrações dos planejamentos que não puderam ser cumpridos. A crítica se sobressai na desqualificação e não no acolhimento.

Aliás, esse sabotador se confunde um pouco com o controlador, afinal, qualquer coisa que saia do planejamento ou da projeção de expectativa vai promover uma avalanche de consequências negativas e percepção de inadequação de si e dos outros.

O hiperrealizador
Bem próxima dessa atitude estão as ações do hiperrealizador, que foca na conclusão de uma série interminável de tarefas, sem um objetivo específico ou construtivo. Mais importante não é a qualidade, mas a quantidade. Assim, contar “horas líquidas” assistindo a vídeo-aulas tem maior valor do que a quantidade de questões acertadas em um simulado.

Sem contar que, em geral, os perfeccionistas têm uma boa dose de hiperracional, controlador e hiperrealizador. Ainda assim, configuram o sabotador próprio, o insistente, grande defensor do “tudo ou nada” e, por consequência, com alta inclinação à procrastinação. Pessoas com essa característica mais aguçada dedicam muito tempo com organização e planejamento e têm dificuldade em entrar em ação, esperando o momento perfeito.

Aliás, buscar a melhor maneira de agir é com o inquieto. O problema dele está em não confiar em nenhuma metodologia (nem em si mesmo) e testar continuamente estratégias por tempo insuficiente para uma real avaliação.

Também é um sintoma muito significativo a mudança de direcionamento de estudo, ou seja, a cada edital autorizado ou publicado, muda-se os conteúdos estudados. A insatisfação o faz agir, mas fora da direção que o levará à construção de sua carreira.

O poder do “não”
Aos que têm dificuldade em dizer não e negociar seus momentos de estudo em casa, é recomendável observar as atitudes prestativas.

O sabotador prestativo tem alta necessidade de aceitação e acolhimento, por isso, defender a sua agenda se torna um desafio intransponível. Estar sempre disposto a atender aos outros acaba com todo o planejamento de horários, sem contar que se cria a expectativa de retribuição, o que não necessariamente vai acontecer

Outro sabotador carente é o vítima, postura percebida em muitos concurseiros. Afinal, adotar uma posição de quem é injustiçado com as provas complexas e com as longas jornadas de estudo – dentro do contexto plausível – não seria mesmo um bom motivo para sofrer? Não, não seria. A partir do momento em que houve uma escolha, assume-se também as consequências.

O hipervigilante pessimista
A ala de inseguros se completa com o hipervigilante, cuja preocupação com o que pode dar errado o faz esquecer em agir com o que pode dar certo. O pessimismo toma conta da rotina e alimenta o medo e a ansiedade.

Em doses saudáveis, ser vigilante traz o cuidado de ler o edital por completo e preparar a documentação e demais materiais necessários para a prova. Na véspera, porém, se descontrolado, mina a confiança de que o concurseiro é capaz de se superar, aprender os conteúdos necessários e ser aprovado.

O campeão da procrastinação – deixando o insistente em segundo lugar – é o esquivo. Seu lema é deixar para depois tudo que gere conflito ou desconforto. O esquivo prefere um “concurso trampolim” de nível médio quando se é graduado e mantém na agenda de estudo as disciplinas que mais gosta em detrimento das que demandam mais esforço e energia.

É bem provável que, como concurseiro, você se identifique com diversos desses sabotadores, a depender do dia e da situação. O fato é: eles não agem isoladamente, estão de mãos dadas com boas intenções, porém, com geração de resultados desastrosos.

Romper a zona de segurança e buscar não só conhecer como são ativados, mas também como impedir que ajam, é o próximo desafio.

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