Concurso público: como lidar com a reprovação
Saiba como agir depois de não ter sido aprovado em uma prova e como retomar os estudos
atualizado
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O medo da reprovação é um fantasma que assombra a rotina de qualquer concurseiro. A avalanche de decepção se repete todas as vezes que é constatada a perda de mais uma oportunidade quando se confere o gabarito, publicado nos dias que se seguem à prova. A angústia é ainda maior se a quantidade de acertos está no limiar do que pode ser o ponto de corte. Para tristeza dos candidatos, a realidade é uma só: a maioria dos inscritos que passam pela avaliação não é aprovada. Isso quer dizer que a probabilidade de receber um “não” é muito maior do que de estar na lista dos que estarão nas próximas etapas, ou na lista de futuros servidores.
Na tentativa de encontrar um número para ilustrar esse cenário, o mercado restringe a 10% do total de interessados como sendo aqueles que têm alguma chance competitiva. Para chegar a essa fatia, são retirados os ausentes (10% a 15%), os aventureiros (30% a 40%) e os que ainda não estão preparados o suficiente, seja porque começaram a estudar há pouco tempo ou que não acumularam os conhecimentos necessários (35% a 50%).
A alta probabilidade de não ser aprovado e o medo da exclusão não podem ser ignorados. O que pode ser feito é criar meios para atenuar seus efeitos destrutivos. Diante desse fato, aprender a lidar com a dolorosa notícia e não deixar que ela estrague todo um projeto de carreira é uma habilidade necessária. Em seu pacote estão a autocrítica construtiva, autocompaixão, paciência e uma boa dose de descanso antes de continuar a jornada.
Cuidado com as emoções
Para alguns, não ser aprovado devasta o estado emocional o suficiente para bloquear qualquer capacidade de dedicação. Os sentimentos de culpa, raiva e decepção tomam conta do candidato, que passa a se sentir incompetente para ultrapassar essa fase. Como em todas as situações de perda, é importante, em especial nos primeiros momentos, acolher as próprias emoções com autocompaixão e carinho. O tempo de recuperação é variável para cada pessoa e leva-se em consideração as expectativas geradas e o esforço despendido.
Promover um período de descanso e conforto tende a ajudar a aliviar as primeiras sensações para, então, partir para avaliação dos acontecimentos e o encontro de melhorias.
Autocrítica
Ainda existe o senso comum de que analisar as próprias atitudes pressupõe agressividade e alta rigidez. Sem dúvida, é a pior escolha que pode ser feita por alguém que esteja sensibilizado por uma decepção. Uma investigação consciente e sincera pode gerar os indícios pertinentes para mudanças. Isso quer dizer que respostas como “preciso estudar mais”, “eu não sei de nada” ou “vou começar do zero” não são assertivas.
Alguns aspectos estão na lista de conferência: o contexto de vida do concurseiro durante a preparação – tanto sob a perspectiva emocional e mental quanto de disponibilidade de tempo; o material usado e o processo de aprendizagem; o impacto de fatores externos no formato e no momento da avaliação, e o empenho demandado com consistência e disciplina. Todos esses pontos, quando observados, permitem que boas explicações das razões pelas quais o resultado foi insuficiente na hora da prova.
Afinal, na maioria dos casos, a aprovação não era possível, ainda que esperada. A promessa gerada a si mesmo a partir de um alicerce falho tem consequências bastante danosas. A partir do momento em que o controle de resultados e a autoavaliação – como sugerido aqui na coluna Vaga Garantida – fazem parte do cotidiano de preparação, as expectativas definidas antes da prova se tornam mais realistas e minimizam os efeitos colaterais de uma reprovação.
Seguindo em frente
Quando as fontes são identificadas e as etapas de recuperação executadas, se torna possível retomar o projeto e seguir buscando uma nova oportunidade para trabalhar no governo. Afinal, a reprovação confronta, inclusive, a validade do objetivo do concurseiro. Se estiver inabalado, é hora de retomar os estudos.
Nesse momento, muitos candidatos atropelam seus limites, considerando que foi a falta de esforço que os impediu de continuar no processo seletivo. Mesmo cansados, decidem manter longas horas de dedicação. Qualquer atitude que configure “forçar a barra” direciona para a repetição de omissões e de erros cometidos.
A habilidade mais exigida é a resiliência, a capacidade de se adaptar e continuar agindo, apesar de qualquer acontecimento negativo ou indesejado. Pessoas com baixa tolerância à frustração têm um trabalho redobrado para evitar que a fuga ou comportamentos compensatórios sejam o caminho a ser escolhido.
Para a Psicologia, e na sabedoria popular também, acontecimentos frustrados são uma chance para o desenvolvimento humano e o amadurecimento. Em alguns casos é até necessário buscar ajuda profissional para sacudir a poeira e continuar caminhando, alternativa que não deve ser descartada.