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Quem é Alexandra Loras? A francesa que faz o Brasil repensar o racismo

Alexandra Loras, 40 anos, é uma parisiense, jornalista, escritora, palestrante e apresentadora de tevê, que veio morar no Brasil para acompanhar o marido diplomata, Damien Loras, nomeado cônsul da França em São Paulo. Chegou no país, em 2012, sabendo coordenar palavras em português que aprendeu ouvindo o repertório de Adriana Calcanhotto. Em pouco mais de […]

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Alexandra Loras, 40 anos, é uma parisiense, jornalista, escritora, palestrante e apresentadora de tevê, que veio morar no Brasil para acompanhar o marido diplomata, Damien Loras, nomeado cônsul da França em São Paulo. Chegou no país, em 2012, sabendo coordenar palavras em português que aprendeu ouvindo o repertório de Adriana Calcanhotto. Em pouco mais de cinco anos, tornou-se uma das personalidades negras mais influentes no Brasil, nação que decidiu morar com o esposo após o fim da missão diplomática.

Desde que anunciou a exposição “Pourquoi Pas” (Por que não?), com início em 2 de dezembro na galeria Rabieh, no bairro nobre Jardins, a ex-consulesa é alvo de críticas nas redes sociais, algumas bem próximas ao linchamento virtual e à xenofobia. A acusação? O uso do blackface, condenada apropriação cultural do século 19, no qual o branco se maquiava de cor preta para representar de forma pejorativa os negros nos palcos.

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Alexandra e Damien Loras
Ativista multimídia Alexandra Loras
Poder de comunicação
Francesa radicada no Brasil luta pelo fim do racismo
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Xuxa e Silvio Santos crespos

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Lu Prezia, Alexandre Virgilio e Cleiby Trevisan /Divulgação Vogue
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Francesa radicada no Brasil luta pelo fim do racismo

Alexandra Loras alterou no computador imagens de personalidades brancas poderosas, como Silvio Santos, Dilma Rousseff, Xuxa e Ana Maria Braga.

Quero denunciar o apartheid vivido no Brasil a partir de uma narrativa estética. Mostrar como o genocídio da população negra e as poucas oportunidades dadas às crianças negras influenciam na falta de representatividade que temos nos espaços públicos.

Alexandra Loras

O que está por traz de sua obra é a provocante leitura de que o Brasil é, em sua concepção, o país mais racista do mundo.

“Viajei por 50 países e vivi em oito deles. O Brasil é o segundo com a maior população de negros, depois da Nigéria. Quando cheguei aqui e liguei a tevê, não vi negros nos desenhos animados, nas novelas, nos telejornais. Nem 54% em cargos públicos. Somente 4%. O que me fez concluir que se tratava do país mais racista do mundo.”

Alexandra Loras pesquisou e viu a ausência da história do negro nos livros didáticos, em salas de aula. Lembra que, nos Estados Unidos, 13% da população é de negros e há oito canais pagos só com programação voltada para essa população. Estuda-se a história do negro nas escolas.

Onde estão os negros no Brasil no marketing? Entrei numa loja de brinquedos de um shopping de São Paulo e vi algumas bonecas negras entre milhares de brinquedos feitos para crianças brancas. É um racismo institucionalizado e frontal.

Alexandra Loras

A exposição parte dessa provocação. Será que se os brancos poderosos do Brasil e do Mundo tivessem traços afros e cor de pele negra teriam tido a oportunidade para desenvolver seus talentos? Por que os negros brasileiros não estão em posições similares?

Gosto de provocar para criar passarelas. Somos todos responsáveis por reequilibrar o que vamos mudar no mundo.

Alexandra Loras

Em suas palestras, Alexandra faz as pessoas pensarem de modo contrário.

“Como seria e como se sentiriam se os livros didáticos só apresentassem personalidades negras? Se na televisão todos os protagonistas fossem negros? Se na novela a mulher branca fosse representada como a faxineira ou com uma imagem hipersexualizada de uma mulher que sempre aparece para acabar com a vida de um casal feliz e saudável? Se o branco fosse sempre o traficante? Seria cruel, não seria?”

A exposição de Alexandra Loras é uma extensão desse debate ao qual o país tanto rejeita. No Brasil, ela experimentou o racismo diretamente. Quando consulesa, viu convidados ignorá-la, em cerimônias, por não imaginar que era a mulher do cônsul. Ao acompanhar o filho loiro em clubes, foi confundida diversas vezes com a babá.

 

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