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Quando o Oscar vira porrete para malhar o Judas Trump

O tom dos discursos deve tirar a cerimônia de entrega das estatuetas do roteiro enfadonho

atualizado

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mulher maravilha contra Trump
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O grafite em que a Mulher-Maravilha dá um soco na cara de Donald Trump, num muro da Filadélfia, é uma metáfora da noite do Oscar. Neste domingo (26/2), a imagem pode ser uma inspiração para que a celebração mundial ganhe ares de “malhação de Judas”. A expectativa é de que as línguas atravessem o tapete vermelho afiadíssimas e as palavras virem virtuais “porretes” no vilão de carne e osso.

É a guerra das estrelas de Hollywood contra o homem mais poderoso (e babaca) do mundo. Seria um sonho se Meryl Streep (recordista de indicações) vencesse a categoria de atriz coadjuvante e falasse de novo ao mundo aquilo que Donald Trump merece ouvir continuamente.

Da última vez, no Globo de Ouro, o discurso de voz embargada virou uma virtual surra de verdades no presidente que quer isolar os Estados Unidos por meio de uma política migratória insana, acirrar o ódio e espalhar a dor.

Mas quem somos nós? O que é Hollywood? Eu fui criada nas escolas públicas de Nova Jersey (…) Se mandarmos todos os estrangeiros embora, não vamos ter nada o que assistir, a não ser futebol e artes marciais. E isso não é o que a arte deve ser

Meryl Streep
Diamond Films/Divulgação
Mahershala Ali em “Moolight”: longa sobre um gay negro

 

A voz dos artistas de Hollywood tem sido um eco no mundo boquiaberto com as posições bélicas de Trump. O recente discurso do ator muçulmano Mahershala Ali, favorito ao prêmio de coadjuvante por “Moonlight” (do Sindicato dos Atores), repercutiu mais que o filme.

Minha mãe é pastora. Eu sou muçulmano. Ela não deu cambalhotas quando eu contei que me converti, 17 anos atrás. Mas eu digo a vocês agora: nós deixamos isso de lado. E eu sou capaz de vê-la, e ela é capaz de me ver. Nós nos amamos, o amor cresceu

As palavras de Mahershala Ali mexeram poeticamente em feridas históricas, como o racismo nos Estados Unidos e o holocausto:

Nós ficamos presos nas minúcias, nos detalhes que nos tornam diferentes. Acho que existem duas maneiras de olhar para isso. Existe a oportunidade de ver a textura daquela pessoa, as características que a fazem única. E há também a possibilidade de entrar em guerra por conta disso

Mahershala Ali

Oscar sem Glória
Neste ano, o carnaval vai diminuir o impacto da cerimônia no Brasil. Todos sabemos que a festa de entrega do Oscar dificilmente sai daquele roteiro lógico. No ano passado, nós brasileiros, tivemos uma sorte tamanha com os comentários espirituosos e caóticos de Glória Pires, que resolveu pôr abaixo a farsa de que sabia demais sobre os filmes e os astros concorrentes.

Divulgação

Para quem vai trocar a folia pela tevê, o que se espera é que a Academia dê uma resposta política a Trump não só nos discursos como na lógica da premiação. A bolsa de apostas cresceu em torno do filme iraniano “The Salesman”, cujos diretor e atores ameaçam não comparecer em protesto ao decreto anti-imigração desastrado de Trump contra o Irã e alguns países do Oriente Médio.

Para completar a festa, recomenda-se dar aquela espiadinha não Twitter de Trump.

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