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Adalberto Rabelo, o roqueiro paulistano que engoliu a viola de Goiás

Compositor de nomes como Maria Alcina, Wado e Jards Macalé, Adalberto Rabello mudou os rumos artísticos ao chegar em Brasília e ficar diante da viola caipira. Em 2009, fundou a incensada banda Judas

atualizado

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Havia um ano que o músico e compositor Adalberto Rabelo Filho morava em Brasília. Veio transferido por oportunidade de trabalho em carreira que exerce no Banco do Brasil. Aqui, distante das influências urbanas de São Paulo, estava perdendo a esperança de manter em atividade a banda Numismata (já referência na capital paulista) e engatar um outro projeto musical. Naqueles dias áridos de 2009, poucas certezas brotavam daquela angústia artística.

Minha alma já não estava mais no urbano paulista

Adalberto Rabelo Filho

Acordes fascinantes
Certo dia, ele ouviu acordes fascinantes entrando pelo apartamento da 403 Norte. Era como se fosse um chamado. Desceu, seguiu o som e ficou diante de uma roda de violeiros. Eles emendavam standards do sertanejo. Naquele instante, Adalberto se viu identificado.

Percebi a alma árida aqui em Goiás. Brasília é Goiás com um algo diferente. Aí, eu me liguei que o veículo era a viola

Adalberto

Como blues
Adalberto foi mergulhar na música de viola. Quando chegou em Brasília, as referências eram outras (Móveis Coloniais de Acaju, Cássia Eller, o rock dos 1980 e até Oswaldo Montenegro). Agora, tudo estava triturado. A percepção do caipira tinha que ver com as solidões das cidades. Observou que, apesar de poucos acordes, a música caipira trazia sempre um tema forte, como morte, fuga, solidão, âmbitos comuns ao blues. Fez ilações.

Na literatura, “Grandes Sertões Veredas” foi um lastro para entender a síntese perfeita e emular a fala do sertanejo, filtrada pelo diplomata e intelectual Guimarães Rosa.

Consegui colocar para fora a questão do exilado, do forasteiro e fui compondo temas como “Memórias de Lázaro”, “Adeus, Violeiro”

Adalberto

Judas no Juriti
Essas canções fazem a ponte com o incensado violeiro Fábio Miranda, que ficou impressionado com as composições de Adalberto Rabelo Filho. Daí, em 2009, nasceu a banda Judas, hoje uma das sensações da cena musical de Brasília. Além de letrista, Adalberto assumiu os vocais e o violão.

Agora em junho, Judas segue para Goiânia, onde participa da seletiva do Juriti, Festival de Música e Poesia Encenada (dia 17/06), com show de encerramento do ícone Walter Franco.

Brasília ressuscitou esse lado interiorano que vem da minha família, de ter raízes nordestinas bem fortes. Ressuscitou porque olhando em retrospecto, as primeiras músicas que compus tinham um viés caipira

Adalberto

Dono das letras
Adalberto é um compositor de mão cheia e gabaritado por nomes como Maria Alcina (é dele a pesquisa de repertório do premiado “Confete e Serpentina”), Vespas Mandarinas, Vivendo do Ócio, Wado, André Frateschi e Jards Macalé.

Já toquei ao vivo com muita gente, de Alcina a Macalé, passando por Lobão, Genival Lacerda, Janaína Pereira, Tatá Aeroplano, Eduardo Dussek, Tulipa Ruiz, Vespas Mandarinas, Vivendo do Ócio, Ellen Oléria, André Gonzalez e Cacai Nunes

Adalberto

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