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O mais genial monumento de Brasília fica a 1.171 metros de altitude

O Céu de Brasília, monumental e inigualável, já deveria estar tombado como patrimônio imaterial da humanidade

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Brasília (DF), 17/06/2017 Cenas da CidadeLocal: Torre de TVF
1 de 1 Brasília (DF), 17/06/2017 Cenas da CidadeLocal: Torre de TVF - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Gosto de escrever Céu de Brasília com letra maiúscula, porque, perto dos outros, o nosso torna-se agigantado. Neste tempo em que o Brasil desacreditou da política, tenho olhado para o alto em busca de acalanto. A capital do poder, rasgada ao meio pelos incessantes descalabros, encontra o seu esteio nessa imensa camada azul que reduz a vergonha dos humanos e de seus “podres (três) poderes”.

Falar do Céu de Brasília, e de como ele nos inspira, é arriscado. Poetas do primeiro quilate já o fizeram de forma incólume. Corre-se o risco de se derramar em adjetivos baratos. Um deles, no entanto, me encoraja a escrever: “monumental”.

Entre tantas criações arquitetônicas de Brasília tomadas como Patrimônio da Humanidade, algumas geniais, nenhuma chega perto da beleza sublime dessa obra-prima. O Céu de Brasília é como uma obra de arte. A gente fica diante dele e toda a energia ordinária do cotidiano some-se, minúscula, perto de sua grandiosidade.

Por que o nosso maior patrimônio ainda não foi tombado? O projeto já existe. É de autoria do arquiteto Carlos Fernando de Moura Delphim.

O Metrópoles selecionou sete obras que têm o Céu de Brasília como mote:

10 imagens
No contraste com a força policial
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Monumental na construção

Arquivo Público do Distrito Federal
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arquivo/ metrópoles
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No contraste com a força policial

SSP/Divulgação
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Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Michael Melo/Metrópoles
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Em fevereiro, o Metrópoles divulgou em primeira mão o desejo do GDF de transformar o Hospital de Base em instituto. O Executivo consultou deputados para tratar do tema

Felipe Menezes/Metrópoles
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Felipe Menezes/Metrópoles
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Rafaela Felicciano/Metrópoles

1 – Linha do Equador
Caetano Veloso e Djavan, dois dos maiores poetas da MPB, não ficaram imunes à inquietação desse Céu infinito que os cobria. Ao poetizar um amor cortado pela linha imaginária que divide o planeta Terra, eles citaram esse bem imaterial.

 

2 – Os poemas de Nicolas Behr
O nosso maior poeta engoliu Brasília e recriou a “Braxília”, cidade lúdica, viva e cheia de contradições. Além disso, Behr poetizou o Céu em inúmeros versos:

O que mais fascina em Brasília?
A cidade ou o poder?
O Céu!

Deus abriu a janela do mundo
e nela projetou o Céu do cerrado.
Acendeu o diamante azul do dia na esplanada do destino.
As nuvens saem do chão,
numa explosão álacre de âmbar.

3 – A canção de Toninho Horta e Fernando Brant
Mais dois célebres poetas brasileiros se uniram para traduzir o “Céu de Brasília” numa melodia que ganhou uma belíssima gravação de Simone.

https://www.youtube.com/watch?v=ZpqpdyO3avk

4 –  “Meu Exibido Amor”, de Elisa Lucinda
A atriz, escritora e poeta, que está na cidade ensaiando o espetáculo “L, O Musical”, fez um dos poemas mais intensos sobre o Céu, que virou um amante mais que desejado.

Sempre que posso venho te ver, amado meu, você sabe. Mas desta vez mandaram me chamar, ou melhor, seu pombo-correio foi me buscar para que eu desse testemunho da intimidade que nos une.

Estou aqui, meu senhor, exposta à tua luz e disponível aos caprichos de teu calor. Sob ti vejo a cidade humana com seus amanheceres adoráveis, suas tardes mimosas e claras, seguidas de cinematográficos poentes.

Ah, Céu de Brasília, francamente, você, quando capricha, meu coração fica sem argumento. Te adoro, você me acolhe e me protege como nenhum céu o faz, nem o céu capixaba maravilhoso de minha terra. É lindo ele, mas é de outra qualidade, outra especialidade. Sempre foi assim, já reparou?

Fico até achando, Céuzinho azul do meu coração, que você só faz isso quando eu chego aqui, que é tudo pra mim, pra se exibir pra mim, pra se mostrar pra mim, que é pra me seduzir, pra sugar meu sangue-poema até a última gota.

5 – Clarice Lispector
A maior poeta brasileira de todos os tempos fez crônicas profundas sobre os seus sentimentos a partir do Céu de Brasília.

Quando morri, um dia abri os olhos e era Brasília. Eu estava sozinha no mundo. Não chorei nenhuma vez em Brasília. Não tinha lugar. — É uma praia sem mar.— Em Brasília não há por onde entrar, nem por onde sair. Todo um lado de frieza humana que eu tenho, encontro em mim aqui em Brasília, e floresce gélido, potente, força gelada da Natureza.

6 – Lucio Costa
O urbanista defendeu seu projeto a partir do Céu, onde o seu avião plaina.

Ao contrário de outras cidades, que se conformam e se ajustam à paisagem, no cerrado de céu imenso, como em pleno mar, a cidade criou a paisagem”, escreveu Lucio Costa.

Clarice percebeu com agudeza o projeto dos arquitetos: “Construções com espaço calculado para nuvens.

7 – A foto dos astronautas da Nasa


Até os astronautas da Nasa se renderam à beleza do Céu de Brasília, numa foto que emocionou o mundo.

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