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Elis Nair, a Porcina de Taguatinga sacoleja o “BBB”

Tentando entrar no programa desde a primeira edição, a microempresária, enfim, realiza o sonho de se esbaldar em rede nacional

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Elis Nair é do balacobaco. Gosta de funk, brincos exuberantes, saltos altíssimos e muitos balangandãs espalhados pelos looks. De peruca lilás, ela se transforma num mulherão e arranca assobios dos amigos confinados. Prepara-se, com gosto, para acontecer nas pistas. Foi feita para as festas. Não fica parada um minuto, puxa um trenzinho e se esbalda de canção em canção.

Faço o que quero, na hora que quero, e não dou satisfação pra ninguém

Para acompanhar, é preciso ter disposição. O companheiro, Luiz Carlos, não aguenta o rojão. Elis diz que ele é um guerreiro. “Tem dias que eu vou é pra festa, pra show, pra boate, pro forró. E ainda desligo o celular pra ele não falar comigo. Só não faço nada que desabone minha conduta”, garante.

Assim como na vida cotidiana, a passagem de Elis pelo “Big Brother Brasil” não será em vão. Além de lutar do seu jeito para conquistar o prêmio milionário, a comerciante promete aproveitar cada segundo.

Isso aqui não parece uma competição, não. Parece uma colônia de férias

Enquanto os competidores quebram a cabeça para mover a maldita matemática do paredão, Elis ajeita o biquíni cavado no corpão de batalhadora e mergulha como uma sereia numa piscina só para ela.

Tudo em mim está lindo e perfeito. Sou lindíssima. Quer saber: meu projeto atual é ir pra academia para eliminar o bucho

Elis gosta de si. Seu corpo traz a história da menina que foi mãe aos 15 anos. Do passado, não há sofrimentos. Transformou a cicatriz de uma facada que levou nas costas numa borboleta tatuada. Superou as piores dores da alma. Uma delas: a de ter sido testemunha do assassinato do pai, morto traiçoeiramente por um primo dele.

Consegui tocar a vida sem trauma

Dona de si, Elis acha-se gostosíssima. Tem um “quê” da personagem Viúva Porcina, imortalizada por Regina Duarte. Extravagante, faz sucesso com baby doll de oncinha, já cobiçado na casa. na gíria gay, é a famosa e querida ” mulher-viada”. Em comum com a personagem de Dias Gomes, possui a capacidade de rir de si mesma. Fez isso quando um colega alertou do risco de “pagar peitinho”:

Não vou fazer uma desgraça dessa com o programa. Eles precisam de audiência. Além disso, o chão está frio

Com a autoestima nas alturas, Elis sabe o quer: aproveitar intensamente a experiência do “BBB”. Ela se inscreve desde a primeira edição, numa época, que não tinha computador e mandava a carta feita a próprio punho.

Só existe quem desiste, porque se a pessoa quiser, ela consegue as coisas. Olha eu aqui pra provar

A força e a espontaneidade de Elis já transparecem nesses poucos dias de programa para quem está fora da casa. Sem o domínio total sobre o jogo, no entanto, alguns participantes menosprezam sua força.

Ela é uma planta

Vivian, advogada

Globo/Reprodução

O prognóstico venenoso da concorrente parece ir ao contrário do que observarmos pelas câmeras nesses primeiros dias de competição. Aos 40 anos, Elis tem leveza, humor, carisma e a capacidade de formar audiências. Não à toa, é dona de salão de beleza. Em torno dela, formam-se rodas de ouvintes. Conta histórias banais para os concorrentes que riem com seu jeito debochado.

Tinha uns oito. Estava brincando no quintal e a bola saiu rolando para dentro da casa dos vizinhos. Peguei uma lamparina e fui procurar embaixo da cama. Pegou fogo no colchão, mas eu peguei a bola

Os companheiros riem de Elis. Além de divertida, é humilde e movimenta essas virtudes para as câmeras. Sabe ouvir os competidores e admite estar aprendendo com eles. Para um, agradeceu por ter entendido o sentido do nível “streaming” (fluxo multimídia) de alguns colegas.

Entendi. É algo pra lá de hard. Eles são cabeças demais

Cronista de sua própria vida, a goiana, que veio para o Distrito Federal construir uma outra história, ilustra as horas longas de confinamento com passagens de sua vida como uma rinoplastia malsucedida que a deixou com o nariz torto.

Tive que esperar oito meses para repetir a cirurgia. Na época, acompanhava o drama de uma modelo na tevê que tinha o mesmo problema. Ela chorava muito. Se fosse outra, ficava sem trabalhar, morria, cortava os pulsos. Eu enfrentei. Trabalho numa muvuca de gente num centro muito grande

O centro grande é Taguatinga, onde tem um salão e coordena boxes de feiras, ao lado do companheiro Luiz Carlos, com quem está “ajuntada há 24 anos”. A informação da relação duradoura deixou os companheiros ouriçados. Motivada, Elis já fez pedido de casamento ao amor olhando para a câmera do espelho de um dos quartos. Contou ainda segredos para apimentar a relação longa.

Tenho nudes no celular, meu e dele

Antes de entrar na casa, adiantou:

Não sei se vou aguentar tanto tempo sem sexo

A história de Elis é a narrativa de um Brasil que quase deu certo. Ela é uma das brasileiras que acenderam socialmente nos últimos 15 anos. De empregada doméstica, com poucas chances econômicas, virou empresária e dona de negócios da potente classe C. Tem cinco filhos: dois de coração e três de sangue: Jherssica, Jefersson e Pedro Paulo. O segredo está na força de trabalho e no altruísmo

Ela sorri até em velório

Luiz Carlos

A felicidade e a beleza de Elis cativou Luiz à primeira vista. O encontro entre os dois foi decisivo. Ela não tinha vindo a Brasília para se divertir. Tinha deixado nos filhos na cidade natal, Nova Crixás (GO). Quando o conheceu, foi categórica:

Se quiser ficar comigo, arrume uma casa para a gente morar. Preciso pegar meus dois filhos

Juntos, batalharam até abrir o próprio negócio. Elis, que tinha conhecimento prático em cabelo, unha e maquiagem, fez um curso, qualificou-se e foi trabalhar em salões. Descobriu o espírito empreendedor. Chegou a ter uma van para lidar com lotações, mas não deu certo. Até montar feiras em grandes galpões. Hoje tem 18 boxes e administra 60.

Vaidosa no BBB17, Elis quer ser famosa e aproveita, como ninguém, os tais 15 minutos de fama com humor e autenticidade. Tem tudo para atravessar semanas. Na festa “Pop Japan”, empolgou-se ao som de Valesca Popozuda. Cheia de deboche, mandou um colar de beijos para as inimigas e recalcadas. Faz bem. O sucesso já chegou em Crixás. Orgulhosos, familiares e amigos já se reuniram para fazer um vídeo de celebração a agora cidadã-celebridade. Já é a glória!

Parentes em Crixás: orgulho e fama

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