10 vozes negras que influenciam o Brasil contra o racismo
Elas ecoam nas redes sociais, em diversas linguagens artísticas e plataformas políticas, para combater a intolerância racial
atualizado
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Lázaro Ramos
O mais importante ator negro da televisão brasileira tornou-se um articulador nacional sobre a cultura afrodescendente. Lázaro Ramos atua diretamente na difusão do pertencimento, da autoestima e do combate ao racismo. Cumpre esse ofício por meio de diversas linguagens, por exemplo, na série de vídeos “Lazinho Com Você” e em espetáculos teatrais de qualidade, como “O Jornal The Rolling Stones”. Põe suas redes sociais a serviço de temas humanistas.
E só pra não esquecer: racismo é crime e ponto final
Lázaro Ramos
Taís Araújo
A primeira protagonista negra de uma telenovela da TV Globo realizou um feito histórico ao transformar suas redes sociais num fórum em favor dos direitos das mulheres negras. Ao lado do marido, Lázaro Ramos, firmou-se como uma voz singular e potente contra o racismo. Quando foi atacada por hackers preconceituosos, transformou esse episódio numa discussão nacional. O compromisso se estende na arte teatral, na qual tem encabeçado peças de combate ao preconceito racial, como “O Topo da Montanha”.
No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e blindem seus carros
Taís Araújo
Joaquim Barbosa
Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro aposentado é uma voz ativa contra a corrupção e os desmandos dos três poderes. Em maio, convocou os brasileiros a voltarem às ruas, exigindo a renúncia de Temer. Um republicano que conquista cada vez mais admiradores pela defesa inconteste da transparência política. Há um movimento popular e espontâneo pedindo sua candidatura à Presidência da República.
Não há outra saída: os brasileiros devem se mobilizar, ir para as ruas e reivindicar com força: a renúncia imediata de Michel Temer
Joaquim Barbosa
Elza Soares
https://www.youtube.com/watch?v=1YmBHAu-oeg
Uma das maiores intérpretes do país, teve sua vida marcada pela violência doméstica e pelo racismo, e é uma voz ativa em defesa do povo negro. Tem papel marcante na luta pelos direitos humanos. Recentemente, lançou “A Mulher do Fim do Mundo”, um dos melhores discos da MPB.
Neste dia 20 de novembro, como todos os outros dias do ano, reforço o meu grito: a carne mais barata do mercado foi a carne negra. Não é mais a carne negra. Eu sou negra. Minha mãe é negra. Minha voz é negra. O Brasil é negro
Elza Soares
Djamila Ribeiro
A filósofa reúne questões de feminismo e racismo em debates constantes nas redes sociais. Assume a voz de mulheres negras e suas problemáticas em artigos contundentes sobre diversos temas.
Tem um quê de ancestral arrumar nossos cabelos. Os cuidados com as nossas madeixas, o saber manusear, exaltar nossas belezas. Não é só estética, é afirmação. Amar a nós mesmas num mundo que teima em nos negar
Djamila Ribeiro
Adriana Barbosa
A empreendedora ganhou um prêmio internacional e ficou na lista dos negros mais influentes do mundo (ao lado de Taís e Lázaro), por criar e difundir a Feira Preta, em São Paulo. O evento movimenta a cultura e o empreendedorismo, tendo sido visitado por 100 mil pessoas.
É possível a gente se enxergar de outra forma, não só pelo aspecto da vulnerabilidade
Adriana Barbosa
Emicida
O cantor e rapper tem mobilizando as redes sociais não só pelas canções de qualidade, mas também com o debate de questões humanitárias – entre elas, a luta contra o racismo e a morte de jovens negros nas periferias. Ao lado de Criolo, MV Bill e Mano Brown, tem renovado o hip-hop nacional.
Estava na pré-escola e os moleques começaram a me chamar de macaco. Foi a primeira vez que eu levei um ‘soco’. E naquela época, no começo dos anos 1990, a gente não tinha bagagem para responder
Emicida
Elisa Lucinda
Poeta, atriz, escritora, Elisa é voz presente em questões que afetam a democracia e ameaçam os direitos humanos. Cronista, relata as mazelas sofridas diariamente pelo povo negro e convoca uma mudança de pensamento na sociedade.
A Casa Grande já fez muito mal ao Brasil. Brancos não racistas se manifestem, porque está ficando feio demais
Elisa Lucinda
Liniker
A cantora trans assume, em seu corpo-voz, a revolução do século 21, misturando elementos masculinos e femininos que destroem o conceito de gênero binário. Tem um discurso potente sobre a sexualidade e o racismo. É hoje um dos símbolos pop mais legítimos do país.
O processo de empoderamento é diário. Todo dia precisamos nos olhar no espelho e entender que somos maravilhosas, temos direitos e não podemos ficar à margem da sociedade
Liniker
Gilberto Gil
Ícone da Música Preta Brasileira, o ex-ministro da Cultura atravessa décadas com coerência política, ética e poética. Não se cala diante dos revezes ocorridos com a democracia brasileira e põe-se a defender a necessidade de redemocratização da cultura.
“No Brasil, ainda tem preconceito. Ainda tem desigualdade específica dos negros, mas as coisas diminuíram. A possibilidade de inserção aumentou. De certa forma, há até mais cordialidade, compreensão, inter-racialidade e intersociabilidade na sociedade brasileira do que em outras. Tem um lado que é superação de problemas, e isso inclui resistência política, luta por cidadania, luta por inclusão e autorreconhecimento. Por outro lado, há uma outra dimensão, que é de integração, comunhão e regozijo por estarmos em processo de reconhecimento profundo da importância do negro na vida brasileira.”