Conheça 10 obras-primas da rainha Rita Lee
Uma das maiores cantoras e compositoras brasileiras completa 70 anos com carreira repleta de canções geniais
atualizado
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Rita Lee sempre riu de si mesma. Talvez, essa característica seja um dos traços de sua genialidade. No último dia de 2017, quando seus súditos faziam homenagens pelo aniversário de 70 anos, a rainha apareceu, nas redes sociais, com um facão ameaçando um singelo bolo de velinhas. Fora dos palcos por decisão soberana, ela segue brilhante como escritora e persona absoluta, na qual comanda a deliciosa vida cotidiana.
Para celebrar os 70 anos da artista, o Metrópoles fez aquele exercício quase impossível. Escolher, entre mais de 300 obras, as 10 melhores. Vamos lá. A lista é pessoal e, lógico, transferível.
1 – “Ando Meio Desligado”
A parceria de Rita Lee com Arnaldo e Sérgio Baptista é uma dos marcos de Os Mutantes, grupo que revolucionou o rock brasileiro e deu um ar de inteligência à (então) velhaca música nacional. A canção, de tão universal, é renovada de geração em geração, como um hino ao sentido da vida para além das convenções institucionais.
2 – “Top Top”
Mais uma canção-ícone de Os Mutantes que inovou sonoramente o rock brasileiro, com uma letra bem-humorada e avante do tempo, questionando linhas convencionais de comportamento. Aos assumir os vocais, Rita Lee deu ainda um sentido feminista à composição, colocando a mulher como protagonista da relação afetiva nos anos 1960.
3 – “Ovelha Negra”
https://www.youtube.com/watch?v=xPyDwTxDGmQ
Hino da rebeldia, dos incompreendidos, dos expurgados por estarem fora do padrão arcaico de família-tradição-propriedade. A canção é retrato de uma geração que precisou ir às ruas, sair de casa e viver como desejava. Para muitos, pode ser considerada a autobiografia juvenil de Rita Lee Jones.
4 – “De Pés Descalços”
Rita Lee na fase Tutti-Frutti compôs uma canção ousada sobre o pertencimento da mulher lésbica, tão invisível por conta do preconceito e do machismo. A música questionava a caretice das pessoas especularem a sexualidade alheia. Estamos falando dos anos 1970, quando a liberdade sexual se chocava com os caquéticos valores morais da ditadura militar no Brasil.
5 – “Lança Perfume”
https://www.youtube.com/watch?v=GDS5dDQ4_LI
Um dos primeiros hits da dupla Rita Lee e Roberto Carvalho virou febre internacional, tocando em pistas de dança de Buenos Aires e Madrid. A música põe a cantora como fenômeno das rádios nos anos 1980, reúne letra de qualidade e melodia incomparável. A artista tornou-se a maior fábrica feminina de sucessos. Uma linha artesanal e rara.
6 – “Mania de Você”
Rita & Roberto, o “Casal 20” do rock nacional, anunciam seu amor eterno numa canção-febre que, até hoje, é uma das mais tocadas em rádios Brasil afora. É a transição da fase mais psicodélica a um momento mais calmo, sem, é claro, violar os próprios valores.
7 – “Baila Comigo”
Rita Lee em estado de poesia compõe uma das músicas mais lindas de sua trajetória. Trilha sonora de gerações, a canção fala de amor sem ser piegas. É um poema à vida.
8 – “Cor de Rosa Choque”
Hino da liberação da mulher brasileira nos anos 1980. Rita Lee, feminina e feminista sem bandeiras, canta o poder num movimento que toma conta da cultura brasileira. No mesmo período, a televisão era invadida por protagonistas e apresentadoras.
9 – “Todas as Mulheres do Mundo”
Rita segue potente em sua obra feminina e feminista numa canção irônica que emociona ao passar por ícones femininos no Brasil, como Leila Diniz e Dercy Gonçalves, e por arquétipos do cotidiano, alguns engraçadíssimos e contraditórios. Ao final, a leitura de nomes de brasileiras, algumas vítimas de feminicídio, põe a música no status histórico.
10 – “Alô Alô, Marciano”
Gravada pelo gênio Elis Regina, a canção é um retrato bem-humorado sobre a falta de liberdade e o desencontro em um mundo afogado pela decadência humana. Rita Lee, política sem precisar levantar bandeiras, avisa que estamos no fim dos tempos.