Turismo Macabro: jornalista mostra o lado sombrio de outros países
O programa de viagem explora o mórbido e o excêntrico com pitadas de crítica política
atualizado
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A Netflix lançou, em julho, a série Turismo Macabro, apresentada, produzida e escrita pelo jornalista neozelandês David Farrier. Em oito episódios, a produção retrata diferentes lugares onde viajantes podem praticar uma visitação bem diferente.
Segundo David, o turismo macabro é uma prática mundial na qual os interessados podem visitar e fazer tours de lugares inusitados, com culturas bastante complicadas. Alguns já podem ter ouvido falar da Ilha das Bonecas, no México, mas o seriado explora lugares muito mais assustadores.
O que atrai essas pessoas não são somente as histórias por trás dos lugares, mas o perigo real da visita. Em alguns dos destinos mais interessantes, Farrier correu perigo de radiação, agressão física e até tortura. Ele visitou o México, Japão, os EUA, Cazaquistão, Turcomenistão, Camboja, Birmânia, Indonésia, Joanesburgo e até o pequeno país de Benin, na África.
Um dos melhores episódios é o quarto: Os Stão. Nele, além de nadar em um lago formado por uma explosão nuclear no Cazaquistão – país usado pela União Soviética como área de testes nucleares – o jornalista ainda come um peixe pescado no apelidado Lago Atômico de Semey e vai a Asgabate, a capital do Turcomenistão, descrita como uma mistura entre Pyongyang (Coréia do Norte) e Las Vegas.
Outro ótimo episódio é Sudeste Asiático, no qual David viaja ao Camboja, onde uma das atrações é alugar armas deixadas para trás, restos do genocídio acontecido por lá há pouco tempo. Os turistas podem pagar para atirar em alvos parados ou – por um pouco de dinheiro a mais – um alvo vivo. As opções vão de um revólver a uma bazuca.
Ao final do episódio o apresentador vai à Indonésia para chegar ao local turístico mais exótico da série. Lá, ele se dirige à região de Tana Toraja, na ilha de Sulawesi, onde ele visita um homem que está “repousando” há dois anos. David também é convidado a participar do ritual fúnebre de Ma’nene, onde as famílias finalmente podem se despedir de seus parentes.
A série mostra uma programação muito diferente de outros programas de TV de turismo. David se insere em situações das quais muitos passariam longe. Ao longo da produção, os episódios tratam de tópicos como corrupção e descaso que alguns países têm pelo seu povo – sobretudo Turcomenistão, Birmânia e até o Japão.
Com humor e piadas, sem se esquecer da gravidade de algumas das situações nas quais ele se insere, David Farrier conseguiu fazer um programa sobre temas e lugares assustadores sem perder o respeito ou a ironia niilista dessas atrações.
Avaliação: Excelente