Três Anúncios Para um Crime: filme “antenado” que pode ganhar o Oscar
Dirigido pelo inglês Martin McDonagh, o longa é um dos favoritos ao prêmio por combinar grande elenco com temas do momento
atualizado
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Três Anúncios Para um Crime (leia crítica) é o filme do Oscar 2018 mais conectado às angústias do presente. Está há duas semanas em cartaz nos cinemas e acumula, segundo dados da agência comScore levantados até domingo (25/2), público acumulado de pouco mais de 203 mil pessoas no Brasil.
Nada mal para uma produção indie (custou US$ 12 milhões) que disputa espaço no circuito com o blockbuster Pantera Negra e outros postulantes à estatueta, como A Forma da Água, visto por mais de 610 mil pessoas no país. Mundialmente falando, é uma atração que de fato tem conversado com as plateias: bilheteria de US$ 121 milhões, com potencial de crescimento pós-Oscar.Três Anúncios Para um Crime tem gerado discórdia entre os espectadores. Alguns acusam o filme de usar uma trama sobre violência contra a mulher – a protagonista, Mildred (Frances McDormand), procura pelos assassinos que estupraram e mataram sua filha – na tentativa de redimir personagens repugnantes, como o policial racista Dixon (Sam Rockwell). Seria uma indigesta fábula sobre a necessidade de conciliação na era Trump?
Defensores encontram no longa uma estratégia franca, direta e objetiva para atacar, de uma só vez, alguns dos principais problemas do conturbado mundo atual. A truculência policial, o racismo, a homofobia, a inércia das autoridades, os sofrimentos de mulheres que convivem com homens machistas e violentos, os efeitos colaterais de comportamentos abusivos.
Tudo isso e mais um pouco – há até espaço para o anão James (Peter Dinklage, astro de Game of Thrones), também vítima de preconceito em Ebbing, cidade fictícia do Meio-Oeste americano onde a trama se passa.
Quem odeia (ou simplesmente não gosta de) Três Anúncios o compara a Crash: No Limite (2004), vencedor do Oscar com discurso e trama parecidos: histórias interconectadas sobre intolerância e racismo em Los Angeles. Um curto-circuito em forma de filme. Ou apenas um espelho que tenta ser mais torto e totalizante do que a realidade.
Quem ama (ou simplesmente gosta) enxerga nele a oportunidade de debater males contemporâneos de um jeito envolvente, com personagens que se cruzam, se repelem e se atraem em torno das mesmas contendas sociais.