The Umbrella Academy usa heróis para falar de dramas familiares
A produção da Netflix é uma nova (e boa) opção do serviço de streaming
atualizado
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The Umbrella Academy, nova série da Netflix, entra no hall contemporâneo dos heróis. A obra, escrita por Gerard Way e pelo brasileiro Gabriel Bá, segue um roteiro bastante observado: os poderes e conflitos estão, na verdade, em segundo plano na trama, que gasta boa parte dos 10 episódios esmiuçando as relações familiares entre os personagens.
A atração conta a história de uma família bastante disfuncional. Sir Reginald Hargreaves adotou sete crianças que nasceram na mesma data, um dia de outubro de 1989. Em comum, nenhuma das mulheres que deram à luz os bebês estava grávida no começo do dia.
Seis dos sete órfãos formaram, durante a adolescência, o grupo de heróis conhecido como The Umbrella Academy. No entanto, com o passar dos anos, Luther (Tom Hopper), Allison (Emmy Raver-Lampman), Diego (David Castañeda), Klaus (Robert Sheehan), Ben (Justin H. Min) – o único que morreu nesse percurso – e Número 5 (Aidan Gallagher) se afastam e resolvem seguir cada um com sua vida.
Vanya (Ellen Page) – que nunca fez parte do sexteto, por, em tese, não ter poderes – também deixa de viver com os irmãos. No entanto, a morte do pai reúne novamente todos os membros (vivos) da família Hargreaves. A partir desse ponto, o roteiro poderia ser igual ao de dezenas de produções no qual um grupo de heróis precisa superar suas divergências internas e salvar o dia.
Okay. Isso também está presente em The Umbrella Academy – em dose considerável, frise-se. No entanto, há algo além: a história é sobre relações (conturbadas) familiares. Uma criação dura e sem carinho interfere diretamente no desenvolvimento de adultos incapazes de demonstrar maturidade para lidar com situações complexas. Meio emo, não? Dica: Gerard Way é o vocalista da banda My Chemical Romance.
A produção não tem, por exemplo, um vilão clássico, aquela figura que concentra toda a maldade do mundo. É uma série sobre os heróis e suas relações. E, como de costume, a jornada de descoberta deles. Fato evidenciado pelo final (licença para um “quase spoiler“).
Se o intricado roteiro entrega um entretenimento de qualidade, os efeitos visuais deixam uma sensação negativa. São poderes estranhos, tipo sons ressonando e viagens no tempo – difíceis de serem exibidos graficamente. Mesmo com essa ressalva, poderiam estar melhores. No entanto, a figura do digitalmente construído macaco Pogo (Adam Godley) é bem executada.
Em compensação, a trilha sonora é um destaque positivo. De Queen a The Doors, as faixas representam um dos melhores momentos da atração. A Netflix, inclusive, publicou uma playlist no Spotify.
Avaliação: Ótima