Cinco momentos do cinema marcados pela música de Bob Dylan
A influência do trabalho do músico foi tanta que nem o Comitê Nobel conseguiu ignorá-lo. No cinema não poderia ser diferente
atualizado
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A influência do trabalho de Bob Dylan foi tanta que nem o Comitê Nobel conseguiu ignorá-lo. Premiado “por criar novas expressões poéticas dentro da grande tradição da música americana”, o músico, poeta, autor e roteirista tem uma presença inegável na cultura. No cinema não poderia ser diferente, por isso listamos cinco cenas marcantes movidas pela sua música.
A melhor coisa que Zack Snyder já dirigiu ou ainda vai dirigir é o segmento de créditos de “Watchmen”. Ao som de “The Times They Are A-Changin'”, o segmento conta sem diálogos a história de formação de um grupo de super-heróis, seu fim trágico e a formação de uma nova equipe. A letra de Dylan pontua que esses super-heróis, antes famosos e aplaudidos, caem no ostracismo e na desgraça à medida em que o tempo passa. Além disso, incorpora uma metalinguagem ao explorar uma história alterada dos EUA, em que heróis acabam com o conflito no Vietnã, assassinam JFK e a Guerra Fria não termina nunca. Tudo mudado.
“O Grande Lebowski”, de Joel e Ethan Coen (1998)
Os Irmãos Coen, nesta cena, unem o ritmo folk de Dylan com um sonho psicodélico de Jeffrey Lebowski (Jeff Bridges). Dylan teve grande influencia na contra-cultura americana, e apesar da música “The Man in Me” não ter nenhuma conotação alucinatória, mesclou perfeitamente com a imagem de um stoner sobrevoando a California e depois sendo consumido por uma bola de boliche.
“Pat Garrett & Billy the Kid”, de Sam Peckinpah (1973)
Dylan escreveu 10 canções para a trilha sonora de uma das mais clássicas lendas do western americano. Pat Garrett, antigo membro da gangue do famoso Billy the Kid, é contratado para caçar o velho companheiro. Pessimista e fatalista, o filme desconstrói o mito do fora-da-lei charmoso, do agente da lei virtuoso, do código de honra do velho oeste e até do próprio diretor, Sam Peckinpah, cujo alcoolismo começou a interferir no seu trabalho. Apropriado, portanto, que o filme termine com a melancólica “Knockin’ on Heaven’s Door”, sobre um xerife que não tem mais uso para seu distintivo e sua arma.
“Don’t Look Back”, de D.A. Pennebaker (1967)
Ok, tecnicamente não é cinema, mas material de divulgação para o documentário sobre sua turnê na Inglaterra em 1965, mas este segmento é um dos primeiros videoclipes da história, feito quando nem existia um lugar onde se mostrasse videoclipes.(a MTV só apareceria em 1981.). Filmado num beco atrás do hotel Savoy, em Londres, o clipe brinca com a metalinguagem de mostrar palavras-chave da música no momento em que elas aparecem na canção. Ali no cantinho, Allen Ginsberg, famoso poeta americano da época.
“Wonder Boys”, de Curtis Hanson (2000)
Filme que rendeu um Oscar ao cantor e compositor, “Wonder Boys” é sobre personagens que atingem excelência artística enquanto jovens. Michael Douglas é um professor universitário que ainda vive dos louros de seu primeiro livro e não consegue escrever o segundo, enquanto adota um aluno prodígio. (Tobey Maguire) como seu protegido. A atriz Marilyn Monroe, símbolo sexual mundial aos 27 anos de idade, também permeia o filme. Dylan, o menino-prodígio do folk e do rock absorve a metáfora do título. “Things Have Changed” parece até uma brincadeira com “The Times They Are A-Changin'”, gravada quando ele tinha 23 anos.