“Planeta dos Macacos”: “A Guerra” fecha ciclo da melhor franquia atual
Com tecnologia de captura, trilogia renovou interesse do público entregando filmes acima da média. “A Guerra” estreia quinta (3/8)
atualizado
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Poucas franquias atuais conseguem equilibrar tão bem interesse do público e respeito da crítica quanto o reboot de “Planeta dos Macacos”. Talvez nenhuma. “A Guerra”, fim da trilogia de César, o chimpanzé que lidera o levante de uma raça de símios geneticamente modificados, estreia nesta quinta (3/8). Vá pela diversão, mas fique pela profundidade de um debate sobre existência, civilização, progresso.
Renovada em 2011 com “Planeta dos Macacos: A Origem”, a nova franquia elevou a um outro nível de realismo a tecnologia de captura de movimentos desenvolvida pelo estúdio neozelandês Weta Digital.
Andy Serkis, espécie de ator-modelo dessa técnica, interpretou Gollum na trilogia “O Senhor dos Anéis”, protagonizou “King Kong” (2005) e emplacou outros personagens digitais nas aventuras dos “Vingadores” e no novo arco de história de “Star Wars”.
Mas nenhuma persona é tão assombrosa, crível e bem estruturada quanto o César de “Planeta dos Macacos”. Reveja (ou veja) qualquer filme da franquia atual e preste atenção aos close-ups no personagem. Soam tão expressivos e íntimos quanto as feições de um grande ator de carne e osso.
O progresso no divã
De 2011 para cá, César passou de um inocente macaco de pesquisas (“A Origem”) a líder que precisa administrar rebeliões internas em meio a uma revolução (“O Confronto”, 2014) que pode consagrar os símios como raça dominante na Terra.
Embalada e vendida pela Fox, dona da franquia desde os anos 1970, como uma história de origem que antecede o original “Planeta dos Macacos” (1968), a trilogia atual consegue respirar para fora dos compromissos de universo interconectado e exibir vida própria.
Saem as idas e vindas das guerras entre humanos e macacos, mui relacionadas a tensões raciais e ao clima de Guerra Fria em que os primeiros cinco filmes foram lançados, e entram questionamentos sobre conceitos e propósitos da civilização.
Se os símios construírem uma nova sociedade intelectualmente superior a todas as outras, há risco de eles cometerem os mesmos erros que os humanos? A nossa raça, quase extinta por causa da gripe símia, poderá coexistir com os macacos? Precisamos mesmo de mais um processo civilizatório violento, desigual e autodestrutivo ou podemos esperar uma organização completamente inédita e diferente?
Futuro da franquia
A interrogação que aporrinha os fãs da franquia diz respeito a possíveis novos filmes. Sem anúncio oficial, alguns especulam que a saga pós-“A Guerra” seguirá histórias paralelas a partir do legado de César.
Outros argumentam que já é hora de a saga de origem “encostar” no “Planeta dos Macacos” original, em que os humanos perderam a capacidade de falar e são escravizados por macacos evoluídos. A pista para essa corrente é dada em “Guerra”, quando somos apresentados à sobrevivente Nova (Amiah Miller), garotinha muda e acolhida pelos símios.
No filme de 1968, Nova (Linda Harrison), uma mulher adulta e também incapaz de falar, ajuda o astronauta vivido por Charlton Heston a se livrar do domínio dos macacos. Mas os futuros filmes podem muito bem ignorar a rivalidade entre raças do original e contar histórias sobre grupos dissidentes de ambas as partes e possíveis tentativas de pacificação ou ruptura.