Netflix: Paradise PD ironiza séries policiais e paranoia atual
Sitcom de animação reforça a boa safra de desenhos voltados a adultos
atualizado
Compartilhar notícia
O ramo de desenhos adultos – com grandes doses de humor nonsense e linguajem ~ ofensiva ~ – ganhou novo fôlego nos últimos dois anos: Big Mouth, Rick and Morty e Desencantada são alguns dos mais recentes integrantes desse gênero. A novidade agora é Paradise PD, produção da Netflix sobre uma delegacia pouco convencional.
Um cachorro viciado em drogas, um chief (delegado, em tradução livre) sem testículos e dependente de adesivos de testosterona, uma policial com problemas em lidar com raiva, um obeso e um idoso ainda na ativa. Esses são alguns do integrantes da equipe da polícia de Paradise – uma excêntrica cidade do interior dominada pelo tráfico.
Escrita por Waco O’Guin e Roger Black (Brickleberry), Paradise PD tem uma trama central: Kevin, filho do chief Randall e da prefeita Karen, tenta entrar para a força policial. Nessa missão, o jovem busca desvendar um esquema de tráfico de drogas.
Ao longo dos 10 episódios, a linha-guia da história vai se misturando a boas (e algumas fracas) sequências paralelas. Nelas, está um dos trunfos do seriado: Gina Jabowski, a superviolenta policial que é apaixonada doentiamente pelo ingênuo colega Dusty Marlow.
Sem paranoia
Paradise PD agrada quando ataca a paranoia do mundo contemporâneo. Não é uma crítica irresponsável ao politicamente correto. Porém, ironiza os exageros. Tal questão fica evidente no episódio em que Fitz, um policial negro, atira em um espelho, a bala ricocheteia e o atinge.
De um lado, a CNN acusa a polícia de atingir um negro inocente. Do outro, a Fox News clama pelo endurecimento da lei contra agressores de policiais. Nonsense? Sim… mas boa parte do mundo anda assim.
Essa linha de “dane-se as regras” ganha força com Bullet, o cão viciado em drogas. Responsável por encontrar os entorpecentes, o personagem vive doidão. Obviamente, protagonizando cenas hilárias.
Ao mesmo tempo em que representa o melhor do seriado, o nonsense fica excessivo ao longo dos 10 episódios. Em vários momentos, parece faltar um refino no roteiro dessa sitcom: umas pitadas de ironia e críticas mais contundentes à sociedade dos EUA.
Apesar de não estar no nível de Rick and Morty e BoJack Horseman, Paradise PD é uma boa aposta na entressafra de temporadas.
Avaliação: Bom