Netflix: na segunda temporada, 3% troca esperança por confronto
A produção brasileira continua investindo em um roteiro ágil, rápido e envolvente
atualizado
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Distopia brasileira produzida pela Netflix, 3% volta com a segunda temporada nesta sexta-feira (27/4). O Metrópoles teve acesso aos episódios da sequência: o seriado está mais soturno, opondo os dilemas de um país desigual, conflituoso, rachado ao meio pela realidade socioeconômica – quase uma radiografia do Brasil atual.
A premissa segue a mesma: anualmente, apenas 3% da população conseguem aprovação para deixar o Continente e rumar a Maralto (local privilegiado, com tecnologia, educação, saúde, lazer). Se na primeira temporada conhecemos por dentro o processo, nesta sequência somos apresentados ao bucólico paraíso dos privilegiados.
É justamente na dualidade esperança x confronto que a segunda temporada de 3% ganha força. Sai de cena a vontade de um lugar melhor e entra o desejo por mudar um cenário injusto e desigual. Logo nos primeiros capítulos, por exemplo, chama atenção o mal-estar de Rafael (Rodolfo Valente) em viver na riqueza, enquanto 97% da sociedade chafurda entre lixos e ratos.Como boa parte das distopias, 3% baseia sua narrativa em pares de oposição: bem x mal, violência x paz; e coletividade x individualidade. A esperança dos que enfrentavam o processo dá lugar ao confronto – seja para manter ou explodir o status quo.
Do outro lado, Joana (Vaneza Oliveira) rejeitou o processo para se unir ao grupo revolucionário conhecido como Causa. Na guerrilha, porém, sofre em aceitar a solução violenta e tenta criar um desfecho pacífico para o sistema opressor.
Nesse meio tempo, ainda é preciso falar de Michele (Bianca Comparato), a guerreira sem objetivo que abandonou a Causa e nega Maralto. Ela tem como meta resgatar o irmão de uma prisão arbitrária – mas, nesse caminho, verá que escolhas precisam ser feitas: estará dentro ou fora?
Deu uma melhorada
Na primeira temporada, as atuações do elenco eram sofríveis – fato que prejudicou muito o seriado junto à crítica e ao público brasileiro. Agora, as coisas melhoraram. Ao menos, os atores mais preparados mantêm bom nível de interpretação, contrastando com o discreto avanço dos iniciantes.
A série, entretanto, depende menos da atuação e mais do roteiro, que segue preservando as boas características apresentadas na primeira temporada: agilidade, fluidez e ação.
Sem dúvidas, 3% carrega no peito o título de melhor série brasileira da Netflix. Mesmo com a concorrência de O Mecanismo.
Avaliação: Bom