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Netflix: A Terra é Plana introduz o extenso mundo dos terraplanistas

Embora o filme não entre em detalhes específicos sobre a nova crença, apresenta uma boa introdução ao debate

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1 de 1 behind the curve - Foto: Reprodução do Facebook

A Terra é Plana, novo documentário disponível na Netflix, pode parecer uma piada à primeira vista. Apesar de ser de fácil entendimento para os não familiarizados com essa teoria, a produção tenta equilibrar as visões de crentes e descrentes. Por outro lado, aqueles que se divertem com essa discussão poderão ter acesso ao extenso mundo dos terraplanistas.

Antes de assistir ao filme, é importante entender o contexto. A Teoria da Terra Plana voltou a ganhar força após as descobertas da ciência moderna, por meio de um homem chamado Matt Boylan, mais conhecido como Math Powerland.

Segundo ele, a Terra não é uma esfera, mas um disco ou algum tipo de objeto plano constantemente acelerando através do universo a 9,8 m/s². O mapa é similar ao símbolo da Organização das Nações Unidas e o oceano é contido no planeta por uma gigantesca parede de gelo – a Antártida. Acima haveria um domo dentro do qual o sol e a lua se movimentariam em círculos.

Alguns terraplanistas baseiam suas crenças na Bíblia, defendendo que a escritura afirma o formato do planeta. A confirmação estaria em Gênesis, quando Deus cria uma “separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as que estavam sobre a expansão”. Apesar do apelo às escrituras, nem todos os seguidores dessa crença são religiosos.

Ateus, agnósticos e religiosos têm em comum a certeza de viverem em um mundo plano. Outra característica que os une é a desconfiança de autoridades como a NASA e o governo norte-americano. Como mostra o documentário, essas pessoas chegaram a uma conclusão que deve ter feito os pitagóricos se debaterem dentro dos túmulos.

O diretor, Daniel J. Clark, foca duas figuras importantes dessa nova crença: Mark Sargent e Patricia Steere. Juntos, eles são os maiores porta-vozes da pseudorreligião. Ambos começaram no YouTube, plataforma na qual ainda atuam hoje, com podcasts e vídeos discutindo notícias e novos desenvolvimentos na teoria terraplanista.

O filme mostra as diferentes atividades das quais eles participam, incluindo uma convenção em Raleigh, na Carolina do Norte, somente para quem acredita e apoia essa forma de enxergar o universo. No longa, também é possível conhecer alguns dos terraplanistas, várias pessoas normais de classe média. No entanto, o diretor fez questão de incluir como os preceitos dessa seita afetaram as vidas dessas pessoas.

Clark também entrevistou diversos especialistas, como astrofísicos, psiquiatras, escritores, etc. O dr. Spiros Michalakis, fisicista da CalTech, e Lamar Glover, outro fisicista, da Cal State LA, afirmam no filme que há um problema com a relação da comunidade científica e os leigos. “Às vezes, é difícil não olhar com desprezo. É o mesmo que dizer que, se uma criança não entende uma matéria, não é culpa sua como professor, é culpa dela”, opinaram.

“Conspiracionistas, terraplanistas, antivacinação… quando deixamos pessoas para trás, mentes inteligentes perdem a voz e se estagnam”, afirma Lamar Glover. “São cientistas em potencial que deram errado”, completa

O documentário mostra os muitos lados da discussão. Os terraplanistas aparecem como uma frente forte contra a NASA e outras organizações governamentais, enquanto os especialistas demonstram mais do mesmo: uma mentalidade de “somos melhores que vocês”.

Como qualquer documentário, este não é um retrato fiel de todos os lados da comunidade e do conflito entre a ciência e “teóricos da conspiração”. Em linhas gerais, é uma grande introdução a um mundo que cresce cada vez mais. Durante as convenções, terraplanistas se orgulham dos seus filhos que, ao aprender sobre a Terra na escola, questionam o formato do planeta.

Avaliação: Regular

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