metropoles.com

Mesmo após o Time’s Up, Oscar 2019 segue sem diretoras indicadas

Em 91 edições da premiação, apenas cinco mulheres receberam nomeações à estatueta e só uma levou o Oscar para casa

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
iStock
Behind the scene. Actor in front of the camera
1 de 1 Behind the scene. Actor in front of the camera - Foto: iStock

Em entrevista a Oprah Winfrey, Bradley Cooper – indicado ao Oscar 2019 por sua atuação em Nasce Uma Estrela, além de concorrer às estatuetas de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme – confessou que não ficou muito feliz na ocasião do anúncio dos indicados. Diretor estreante, o ator, ao não ser lembrado por essa parte do trabalho, afirmou ter se sentido “envergonhado por não ter feito minha parte”.

No rol dos indicados à estatueta de Melhor Diretor estão realizadores experientes: com mais de 30 longas no currículo, Spike Lee finalmente foi nomeado por Infiltrado na Klan. O diretor respondeu perguntas dos fãs no Twitter na última quarta-feira (6/2) e, questionado sobre como se sentiu com o reconhecimento tardio, desabafou: é lembrado constantemente disso. “As pessoas não acreditam que esta é minha primeira indicação a Melhor Diretor e Melhor Filme”, escreveu.

O que dizer, então, das cinco diretoras indicadas em 91 anos de história no Oscar? Deste seleto grupo, apenas uma recebeu o prêmio: Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror (2008). Em 2019, nenhum dos oito filmes concorrendo à categoria principal foi dirigido por uma mulher. No entanto, 10 produções participantes da cerimônia – cinco longas e cinco curtas – têm mulheres à frente. Ou seja, pode ser que uma diretora saia da festa do próximo dia 24 com uma estatueta no currículo.

Essa é outra forma de, no jargão das premiações, desprezar o trabalho das profissionais: indicar o longa a Melhor Filme – ou a Melhor Documentário, Melhor Animação, Melhor Filme Estrangeiro –, mas não reconhecer a direção. A premiação teve, em nove décadas de história, 13 produções dirigidas por mulheres indicadas à principal categoria da noite. Destas, apenas quatro foram lembradas para a estatueta de Melhor Direção.

Não é, no entanto, por falta de merecimento nem por trabalhos aquém do esperado pela crítica. Apesar das novas e diversas adições aos votantes da Academia, a categoria direção ainda é dominada por homens. Ademais, os estúdios tendem a contratar menos mulheres para os cargos de comando num filme. Segundo estudo publicado pelo Centro de Estudos da Mulher na Televisão e no Cinema (tradução livre), as mulheres representaram 26% dos produtores e 8% dos diretores entre as 250 produções mais lucrativas nos Estados Unidos em 2018.

O estudo mostra ainda que uma puxa a outra: em filmes dirigidos por pelo menos uma mulher, as chances de se contratarem pessoas do sexo feminino em outras áreas é bem maior que nos longas realizados exclusivamente por homens. Em 2018, entre as produções dirigidas por mulheres, 71% tiveram roteiristas do sexo feminino, 47% contrataram editoras, 19%, fotógrafas e 24% tiveram suas canções feitas por compositoras.

Para comparação: no último ano, entre os filmes realizados por homens, apenas 13% tiveram roteiristas mulheres, 19% passaram pelas mãos de editoras, míseros 3% foram fotografados por profissionais do sexo feminino e apenas 7% recorreram ao trabalho de compositoras.

Conheça todas as realizadoras indicadas ao Oscar de Direção ou cujos filmes foram nomeados na categoria principal:

13 imagens
Randa Haines dirigiu Filhos do Silêncio (1986), um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme em 1987. Marlee Matlin levou a estatueta de Melhor Atriz para a produção
Penny Marshall é a diretora de Tempo de Despertar (1990), indicado a três Oscars, inclusive o de Melhor Filme. Ela, no entanto, nunca foi reconhecida pela academia. Marshall morreu em dezembro passado e deve ser lembrada na cerimônia do próximo dia 24
Barbra Streisand tem dois Oscars, mas nenhum de direção. A artista realizou O Príncipe das Marés (1991), indicado ao Oscar de Melhor Filme no ano seguinte
A segunda mulher indicada ao Oscar de direção foi Jane Campion, por O Piano (1993). Ela levou para casa a estatueta de Melhor Roteiro Original
Sofia Coppola foi a terceira mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção por seu segundo filme, Encontros e Desencontros (2003). Na ocasião, ela levou para casa a estatueta de Melhor Roteiro Original
1 de 13

A italiana Lina Wertmüller foi a primeira mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção, em 1977, por Pasqualino Sete Belezas (1975)

Marco Cantile/LightRocket via Getty Images
2 de 13

Randa Haines dirigiu Filhos do Silêncio (1986), um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme em 1987. Marlee Matlin levou a estatueta de Melhor Atriz para a produção

Frazer Harrison/Getty Images
3 de 13

Penny Marshall é a diretora de Tempo de Despertar (1990), indicado a três Oscars, inclusive o de Melhor Filme. Ela, no entanto, nunca foi reconhecida pela academia. Marshall morreu em dezembro passado e deve ser lembrada na cerimônia do próximo dia 24

D Dipasupil/FilmMagic
4 de 13

Barbra Streisand tem dois Oscars, mas nenhum de direção. A artista realizou O Príncipe das Marés (1991), indicado ao Oscar de Melhor Filme no ano seguinte

Rich Fury/Getty Images
5 de 13

A segunda mulher indicada ao Oscar de direção foi Jane Campion, por O Piano (1993). Ela levou para casa a estatueta de Melhor Roteiro Original

Axelle/Bauer-Griffin/FilmMagic
6 de 13

Sofia Coppola foi a terceira mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção por seu segundo filme, Encontros e Desencontros (2003). Na ocasião, ela levou para casa a estatueta de Melhor Roteiro Original

Jun Sato/WireImage
7 de 13

O casal que dirigiu Pequena Miss Sunshine (2006), Jonathan Dayton e Valerie Faris, não foi sequer lembrado no prêmio de direção no ano seguinte. O longa foi indicado à categoria principal da noite e tem duas estatuetas

Amanda Edwards/Getty Images
8 de 13

Kathryn Bigelow fez história em 2010 quando se tornou a primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção por Guerra ao Terror (2008). Três anos depois, seu A Hora Mais Escura (2012) foi indicado a Melhor Filme

Dan MacMedan/WireImage
9 de 13

2010 foi o ano em que a principal categoria do Oscar passou a ter até 10 indicados: Educação (2009), da dinamarquesa Lone Scherfig, recebeu três nomeações, inclusive de Melhor Filme

Gareth Cattermole/Getty Images for DIFF
10 de 13

Lisa Cholodenko dirigiu Minhas Mães e Meu Pai (2010) e foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Original pelo longa

11 de 13

No mesmo ano, a diretora Debra Granik foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, por Inverno da Alma (2010). O filme teve quatro indicações, inclusive a primeira de Jennifer Lawrence

Jeff Spicer/Getty Images
12 de 13

Em 2018, Ava Duvernay fez história ao se tornar a primeira diretora negra a comandar um blockbuster. Antes disso, a californiana levou seu Selma: Uma Luta Pela Igualdade (2014) para a lista dos indicados a Melhor Filme em 2015 e, dois anos depois, recebeu uma nomeação pelo documentário A 13ª Emenda

Gilbert Carrasquillo/WireImage
13 de 13

Greta Gerwig tornou-se a quinta mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção – e ainda foi lembrada na categoria de Melhor Roteiro Original – por seu segundo filme, Lady Bird (2017). O longa recebeu outras três nomeações: Melhor Filme, Melhor Atriz para Saoirse Ronan e Melhor Atriz Coadjuvante para Laurie Metcalf

Kevork Djansezian/Getty Images

 

Outras categorias
Cada mulher indicada ao Oscar, no entanto, é uma vitoriosa: essa não é uma indústria igualitária. Segundo o mesmo estudo, nas últimas duas décadas, os homens representaram a maioria avassaladora atrás das câmeras. Em 1998, eles compunham 83% das equipes. Em 2018, 20 anos depois, o número permanece alto, em 80%.

A falta de diretoras indicadas não significa baixa presença feminina na premiação. Além das 10 nomeadas nos dois prêmios de atuação, não faltam mulheres em outras categorias, da cenografia à mixagem de som. Entre os concorrente a Melhor Documentário, por exemplo, todos os cinco filmes foram produzidos por mulheres: certamente alguma produtora sairá da cerimônia com o Oscar nas mãos. O mesmo aconteceu na categoria de Melhor Curta-Metragem.

Todas as indicações a Maquiagem e Cabelo são para mulheres, que também são maioria na categoria Design de Produção: dos cinco filmes indicados, apenas O Retorno de Mary Poppins teve homens cumprindo esta função. Dois dos roteiros nomeados foram elaborados por mulheres, o adaptado Poderia Me Perdoar? (2018) e o original A Favorita (2018).

Consideradas “funções masculinas”, a edição de som e a mixagem de som tiveram sua fatia de editoras: O Primeiro Homem (2018) tem mulheres indicadas nas duas categorias, enquanto Nina Hartstone concorre ao Oscar de Melhor Edição de Som por Bohemian Rhapsody (2018).

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?