Love: para o amor dar certo, é preciso deixar a autossabotagem de lado
A divertida série de Judd Apatow tem desfecho focado no amadurecimento e no amor próprio
atualizado
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Amo odiar Love. Passei três temporadas inteiras reclamando. É um seriado tão complicado quanto os relacionamentos ali apresentados. Todos os personagens aprontam uns com os outros: traem, manipulam, mentem e omitem tantas vezes… Parece até que esquecemos da nossa própria capacidade de cometer esses erros.
Mesmo diante do comportamento abusivo de Gus (Paul Rust) durante a história – para quem não lembra, ele se frustra violentamente com toda mulher que contrarie suas expectativas –, não consegui parar de assistir. Seu par romântico, Mickey (Gillian Anderson), erra de maneiras tão formidáveis que… Talvez eles se mereçam? Assistir aos dois se relacionarem é como passar ao lado de um acidente: uma visão terrível, mas impossível de não olhar.Com uma mocinha dependente química e viciada em sexo e em amor à primeira vista, os problemas do casal principal aparentam ser responsabilidade inteiramente dela. Mickey tem sua parcela de culpa: na segunda temporada, a garota se envolve com um ex-namorado enquanto Gus viaja a trabalho. Mas, a partir do momento em que eles decidem namorar firme, a jovem não para de investir no funcionamento da relação.
Gus, por sua vez, aparenta ser o mais ajustado dos dois. Com um emprego fixo, grupo sólido de amigos, família mononuclear e um apartamento bacana, acredita ser o grande salvador de Mickey. No entanto, ele mais atrapalha do que ajuda. Aliás, se a mulher fica sóbria e ganha uma promoção no trabalho, é muito mais por mérito e esforço dela. Já o rapaz desperdiça cada boa oportunidade profissional e pessoal apresentada, entre autossabotagens e acessos de raiva.
É possível duas pessoas fazerem tão mal uma a outra e o relacionamento funcionar? Chegar a um ponto em comum? A conclusão consegue ser ao mesmo tempo romântica e cordata, impulsiva e saudável. Mickey e (nos 45 do segundo tempo) Gus passam, juntos, por uma jornada de conquista do amor próprio e compreendem a necessidade de enxergar as próprias falhas para, em seguida, deixar o outro entrar.
O período de trégua e calmaria do relacionamento será eterno? Não existem garantias. Mickey pode ter recaídas com drogas e álcool. Gus está bem e ciente das próprias condições psicológicas, porém, num estalar de dedos, ainda é capaz de se descontrolar e ter acessos de raiva. Mas isso não é motivo para que duas pessoas apaixonadas e cientes disso não se casem, certo?