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Letterman entrevista Obama: um belo talk show para abrir 2018

“O Próximo Convidado Dispensa Apresentação” rejuvenesce o formato com atmosfera de conversa entre amigos

atualizado

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1 de 1 david-letterman-netflix-show-barack-obama - Foto: Netflix/Divulgação

Após mais de dois anos longe da televisão, David Letterman retornou à telinha. Setentão, barbudo, sem banda (mas com tema assinado por Paul Shaffer, seu bandleader de sempre), com um cenário minimalista – duas cadeiras + luzes + plateia – e mais poder de curadoria do que durante as décadas trabalhadas nas tradicionais redes NBC (“Late Night”) e CBS (“Late Show”).

Agora, ele pode ser visto a qualquer hora e em todo tipo de tela no programa mensal “O Próximo Convidado Dispensa Apresentação” (“My Next Guest Needs No Introduction”), produzido e lançado pela Netflix. Quem abre a primeira temporada (seis episódios) é o ex-presidente americano Barack Obama.

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A ativista paquistanesa Malala Yousafzai também é uma das entrevistadas de "O Próximo Convidado"
Obama e Letterman: conversa entre amigos sobre fake news, racismo, luta pelos direitos civis nos anos 1960 e vida pós-Casa Branca
Além de Obama, primeira temporada terá entrevistas com George Clooney, Malala Yousafzai, Jay-Z, Tina Fey e Howard Stern
Pôster de "O Próximo Convidado Dispensa Apresentação"
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Geroge Clooney: atração de fevereiro em "O Próximo Convidado"

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A ativista paquistanesa Malala Yousafzai também é uma das entrevistadas de "O Próximo Convidado"

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Obama e Letterman: conversa entre amigos sobre fake news, racismo, luta pelos direitos civis nos anos 1960 e vida pós-Casa Branca

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Além de Obama, primeira temporada terá entrevistas com George Clooney, Malala Yousafzai, Jay-Z, Tina Fey e Howard Stern

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Pôster de "O Próximo Convidado Dispensa Apresentação"

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“Eu tinha um programa, mas fui demitido. Agora, estou de volta e não tenho bem um programa, mas é algo chamado… Já ouviram falar da Netflix?”, começa Letterman, obviamente fazendo mesura à plataforma de streaming que o acolheu.

“O Próximo Convidado” parece exalar uma certa noção de independência criativa, algo que a Netflix vende como “política empresarial” em seus produtos originais. Demagogia ou não, de fato Letterman tenta quebrar a forma – mas sem jogá-la fora – em sua aventura na nova plataforma.

A conversa com Obama começa pelo caminho mais óbvio: o que o 44º presidente dos Estados Unidos anda fazendo após deixar a Casa Branca? Viajando, curtindo as férias com Michelle e as filhas. Mas, também encarnando cada vez mais sua persona carismática de personalidade pop – ele próprio daria um baita entrevistador.

Talk show, reportagem e senso histórico
Disposto a falar sobre sua vida pessoal, Obama detalha suas origens – pai africano, mãe americana – ao mergulhar em trechos da sua biografia (sobretudo a narrada no livro “Dreams from My Father”) e reforçar sua identidade de afro-americano num país hoje assombrado por grupos supremacistas brancos e um presidente, o republicano Donald Trump, simpático a eles.

Daí em diante, torna-se inevitável tocar em pontos sensíveis da política americana atual, como a obsessão da atual Casa Branca em classificar a imprensa liberal (e oposicionista) como fake news. Tudo isso sem citar nominalmente o chefe da nação.

Assumindo o formato de reportagem, “O Próximo Convidado” larga por alguns instantes o ambiente controlado de estúdio e mostra o que essa nova fase de Letterman tem de melhor: o interesse de verter a entrevista não apenas em bom entretenimento, mas também em documento de fundo histórico.

Letterman encontra John Lewis, congressista e ativista pacifista tal qual Martin Luther King Jr., e refaz com ele um trecho da marcha de Selma, momento definidor na conquista do direito ao voto e na árdua luta contra a injustiça racial nos Estados Unidos.

“Simbolicamente, quando a marcha foi completada, o que havia do outro lado da ponte?”, indaga Letterman. “O voto”, responde Lewis. Depois, com uma lucidez de quem viveu a história, cria ele próprio uma ponte entre passado e presente. “Não fosse a marcha de Selma a Montgomery, Barack Obama não teria sido presidente dos EUA.”

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