“Laerte-se” dá a largada para os documentários brasileiros na Netflix
Em 2017, o serviço de streaming faturou o Oscar de melhor documentário em curta-metragem por “Os Capacetes Brancos”
atualizado
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“Laerte-se”, lançamento da Netflix, é uma das produções mais interessantes do serviço de streaming. Nem tanto pela execução do documentário, que apresenta pontuais, mas consideráveis falhas. O destaque fica na abertura de um novo espaço para se contar histórias relevantes a um grande público.
É fato que as produções da Netflix impactam uma quantidade grande de usuários. Mesmo que o serviço não precise o número de assinantes no Brasil, é possível estimar que os usuários nacionais ultrapassem a casa dos milhões.
Os variados espectadores potenciais poderão, aberta essa fronteira, ser impactados por documentários nacionais. Temas extremamente relevantes podem ser abordados. O pontapé inicial foi a transexualidade.Vale lembrar que o histórico da produção de documentários pela Netflix é animador. Em 2017, o serviço de streaming ganhou o Oscar de melhor documentário em curta-metragem por “Os Capacetes Brancos”.
História regada a emoção
“Laerte-se” é um bom retrato sobre a cartunista, que virou, talvez, a personalidade pública mais conhecida quando o assunto é transexualidade. Essa, que é a principal qualidade do longa, também se revela sua principal fraqueza.
A história da Laerta (isso mesmo, no feminino) é regada a emoção: a perda do filho, a descoberta da transexualidade, a autoaceitação e outros dilemas. Porém, as diretoras Eliane Brum e Lygia Barbosa da Silva não a usam para mostrar outros casos.
A escolha é legítima e faz sentido. No entanto, contradiz o título da produção. “Laerte-se” transforma em verbo o nome da cartunista. Portanto, quem mais se laertou? Como nos laertaremos?
Esse deslize, no entanto, não desqualifica de modo algum a produção. Importantíssima em um período tão intolerante.