“La Casa de Papel”: thriller espanhol tem personagens cativantes
O grupo de assaltantes da Casa da Moeda de Madri serve para desenvolver um roteiro muito bem bolado
atualizado
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Zapear pela Netflix pode trazer gratas surpresas. Assim foi com “La Casa de Papel”, série espanhola sobre um assalto à Casa da Moeda de Madri. A produção, feita pelo serviço de streaming, cativa desde o primeiro episódio com personagens interessantes, ritmo dinâmico e roteiro bastante atrativo.
Confesso que curto séries não americanas. Não entendam isso como uma declaração de ódio, ao contrário, 95% das minhas produções prediletas vêm dos Estados Unidos. Mas conhecer a teledramaturgia de outros países, convenhamos, é sempre divertido.
“La Casa de Papel” (assim como “Ingorbenable” e “El Chapo”), sem mais delongas, mostra oito assaltantes que, liderados pelo Professor (pseudônimo do personagem de Álvaro Morte), tentam realizar uma façanha criminosa: enrolar a polícia para conseguirem imprimir bilhões de euros. Aqui está a sacada do roteiro. Os bandidos estão sempre à frente dos investigadores.
É verdade que o Professor é uma espécie de gênio do crime, capaz de pensar em todos os detalhes (inclusive, alguns bem sádicos) do assalto. Mas não é o jogo de gato e rato o principal momento da série. Ao longo dos episódios, vamos conhecendo melhor os criminosos, os policiais e, cabe mencionar, os reféns. Meio na vibe de “Orange is the New Black”.Por exemplo (alerta de spoiler!), a vida da inspetora Raquel Murillo (Itziar Ituño) vai sendo destrinchada a cada capítulo. Vítima de violência doméstica, ela é a única mulher no grupo de investigadores. Responsável pelas ações, Raquel vê, constantemente, suas decisões serem atribuídas a “desequilíbrios hormonais” e “ciúmes do ex-marido”.
As viradas de roteiro em “La Casa de Papel” são muito bem boladas. Sempre que a situação parece caminhar para um desfecho desfavorável aos criminosos, o plano de assalto se revela capaz de lidar com todos os imprevistos e armadilhas.
As pessoas parecem ser, justamente, a única falha do Professor. Os próprios assaltantes se recusam a exercer o papel de assassinos, por exemplo. Ou mesmo adotar medidas mais duras e agressivas. Ao longo dos capítulos cresce a tensão entre os assaltantes, expondo a capacidade humana de estragar planos teóricos.
“La Casa de Papel”, sem dúvidas, é um dos mais viciantes produtos recentes da Netflix. Vale demais ver!