Grace and Frankie retorna em temporada consistente, mas sem novidades
Com pouquíssimas reviravoltas e um roteiro mais do mesmo, a série se salva graças aos irresistíveis personagens
atualizado
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Duas mulheres que se detestam se veem obrigadas a morar na mesma casa quando seus maridos saem do armário e anunciam que vão casar um com o outro. É impossível não se apaixonar por Grace and Frankie no primeiro episódio: se não pela premissa genial, por seus personagens cativantes. Uma pena que, eventualmente, a produção não acerta o tom – foi o caso da quinta temporada do adorável seriado.
Com uma fórmula tão certeira quanto a desta comédia sobre a terceira idade, é muito fácil para a Netflix cair em dois problemas recorrentes em suas séries. O primeiro é a velha e nada boa fórmula de fazer episódios arrastados e de pouco rendimento: ora, se o streaming libera todos os capítulos de uma vez, o espectador provavelmente chegará ao final. Depois, fiar-se quase exclusivamente no quão interessantes são seus personagens pode tornar a temporada insossa, como aconteceu na terceira de Orange Is the New Black.
A problemática da casa – após uma passagem por um lar de idosos, as amigas retornam à construção para encontrá-la com uma placa de “vendida” em frente – é resolvida como num passe de mágica, em uma reviravolta do roteiro que só pode ser classificada como Deus Ex Machina. A impressão passada pela produção é de que os escritores não conseguiram encontrar uma solução adequada ao problema e resolveram tapar o buraco com uma aparição afrontosa de RuPaul.
O grande acerto ao escrever esta etapa da vida de Grace (Jane Fonda) e Frankie (Lily Tomlin) é a difícil discussão sobre o distanciamento em uma amizade. As duas passam, cada uma à sua maneira, por uma jornada de autoconhecimento. Determinadas as prioridades, o momento de partir se aproxima. Triste mesmo é constatar que o roteiro usou um plot preguiçoso – imaginar o que teria acontecido se as duas não tivessem se tornado amigas – para mostrar como são inseparáveis.
Robert (Martin Sheen) e Sol (Sam Waterston), por sua vez, aparecem cada vez menos juntos. Os dois passaram 20 anos como amantes dentro do armário, sonhando com o momento em que finalmente poderiam viver aquele amor plenamente. Passada a lua de mel, cada um busca interesses próprios e, absortos por seus hobbies, vão se afastando cada vez mais. Casais não devem viver grudados, mas a série passa a ideia de má convivência entre os homens.
O cliffhanger do último episódio é de dar um descompasso no coração. Aos fãs, resta a esperança de que este seja o mote da próxima temporada, em vez de se tornar algo resolvido com explicações estapafúrdias. Grace e Frankie merecem mais profundidade.
Avaliação: Bom