Globo acerta muito mais nas séries do que nas novelas
As tramas curtas da emissora têm conquistado público e crítica, movimento inverso ao que ocorre com os folhetins
atualizado
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“Os Dias Eram Assim“, a julgar pelos primeiros capítulos, parece ser uma boa aposta da Globo. Outra vez, a emissora acerta com o formato de série, mais curto (e menos enfadonho) que as tradicionais novelas.
Com exibição na faixa das 23h, há pelo menos dois anos, a emissora mantém produções de sucesso nesse horário. “Justiça” (2016), “Felizes Para Sempre?” (2015) e “Verdades Secretas” (2015) ganharam elogios da crítica e do público — principalmente pelas cenas de sexo (quem não lembra da bunda da Paolla Oliveira?).
“Verdades Secretas”, por exemplo, levou o Emmy internacional de melhor telenovela e ainda projetou para fora do Brasil a carreira de Grazi Massafera, que disputou o prêmio na categoria de melhor atriz.A liberdade oferecida pelo horário e pelo formato mais curto (cerca de um mês de duração) deram fôlego às produções. Os temas mais adultos — como prostituição, corrupção e drogas — permitiram tramas próximas ao que se acompanha nas séries norte-americanas. Além disso, é inegável que os assuntos foram tratados de forma parecida com a realidade, sem pegar leve, como geralmente acontece nas novelas.
Enquanto todas essas produções arrancam elogios, as novelas perdem audiência e acumulam críticas. Desde “Avenida Brasil” (2012), nenhum folhetim teve o impacto que as séries conseguiram. Isso significa que nossa telenovela morreu?
Nossa Senhora (do Destino)! Nunca. Apenas o formato longo, com meses de duração e trama arrastada parece ter ficado um pouco envelhecido. Quando os mesmos atores e diretores migram para as séries e minisséries o resultado é infinitamente melhor.
O mundo é outro, conectado, em streaming. A própria emissora sacou isso ao lançar o Globo Play. Nos grandes centros urbanos, com maioria da população acessando a internet, é raro conseguir convencer as pessoas a assistirem TV da mesma forma que há 20 anos.
Séries de tiro curto, com capítulos disponibilizados no streaming e tramas mais adultas são, provavelmente, o futuro da TV aberta. No presente, fica um pedido: Globo, o povo não é bobo! Faça mais seriados e menos novelas!