Final Space tem primeira temporada divertida e com potencial para mais
O humor do desenho animado é leve e entretém, mas passa longe de clássicos de ficção científica como Rick and Morty e Futurama
atualizado
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Com ninguém menos que o comediante Conan O’Brien na lista de produtores, a animação Final Space chega à Netflix com 10 episódios de 30 minutos de duração: podem ser vistos numa bela maratona de fim de semana ou em pílulas diárias de humor nonsense. Com história simples, personagens cativantes e um visual de tirar o fôlego, a série espacial ainda não teve segunda temporada confirmada, mas se sustenta sozinha caso isso não aconteça.
Na história, um prisioneiro em uma nave espacial cumpre pena, solitário, cercado apenas por robôs e pelo sistema operacional do transporte, Hue (Tom Kenny – ele mesmo, o Bob Esponja). Gary (Olan Rodgers), nosso herói, está isolado, com a companhia insistente e hilária do robô KVN (Fred Armisen), o Companheiro Para Evitar Insanidade no Espaço Profundo. A chegada de um monstrinho fofinho, Mooncake, e dos mercenários que o perseguem dispara uma reação inusitada em Gary: em vez de temer a invasão, ele fica muito animado pela companhia analógica na nave.
A série lida com temas como isolamento, solidão, amizade e sacrifício. Os personagens são fantásticos – a voz poderosa de Tika Sumpter na pele da corajosa Quinn é um respiro de sanidade entre tantos personagens masculinos amalucados. Com humor simples, Final Space não tem a complexidade de Rick and Morty, tampouco as boas tiradas com temáticas de ficção científica. Na verdade, a série poderia se passar em qualquer lugar: por acaso, o cenário é o espaço.
E que cenário! A parte visual de Final Space é belíssima, embora bastante simples. Com o universo como pano de fundo, não é difícil criar imagens de tirar o fôlego. A atenção ao detalhe também é um grande trunfo, como na expressão digital e emocionada do olhar marejado de lágrimas de KVN ao final da série. Mas muito se engana quem pensa que só porque é um desenho, a produção destina-se às crianças: a história é muito pesada, tem imagens gráficas e um desenvolvimento exponencial da tensão.
Por fim, um desfecho sem conclusão clara deixa inúmeras perguntas. Quinn se sacrificou mesmo? O que aconteceu com Mooncake? O Lord Commander (David Tennant) vai conseguir sobreviver? Gary decidiu morrer ou voltar à vida? Onde está o Gatito (Steven Yeun)? Embora a história deixe pontas soltas, a série não precisa de uma segunda temporada. Muito pelo contrário, os 10 primeiros episódios se sustentam perfeitamente bem sem continuação: este, talvez, seja o maior mérito de Final Space.
Avaliação: Bom