Dia da Mulher: conheça 5 grandes diretoras contemporâneas
No Dia da Mulher, falamos sobre as carreiras de cinco grandes diretoras do cinema contemporâneo
atualizado
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O cinema nasceu a partir de uma revolução tecnológica, mas ainda parece incapaz de avanços simples. Como ter mais mulheres dirigindo filmes, por exemplo. Na escala industrial de Hollywood, elas esbarram em um modelo de trabalho masculinizado: apenas 7% das 250 maiores produções de 2016 nos EUA foram comandadas por diretoras.
Futuros blockbusters à parte, como “Mulher Maravilha”, de Patty Jenkins, sabe-se que o circuito não ajuda. A presença esmagadora de super-heróis, remakes e sequências evita a estreia de produções independentes e estrangeiras. Elas estão justamente nessas brechas que nem sempre se apresentam ao público: filmes pequenos, alternativos e feitos em diversas partes do mundo.Abaixo, mapeamos cinco diretoras que militam no cinema contemporâneo em frentes diversas. Tem de primeira e única vencedora do Oscar a cineastas cultuadas em festivais.
Ava DuVernay
Aos 44 anos, Ava DuVernay desenvolve uma carreira de pioneirismo. Primeira mulher negra a vencer o prêmio de direção em Sundance, por “Middle of Nowhere” (2012). Por “Selma – Uma Luta pela Igualdade” (2014), foi a primeira mulher negra a ter uma produção indicada ao Oscar de melhor filme.
Ela voltou à premiação com o documentário “A 13ª Emenda” (2016), sobre racismo e encarceramento em massa nos EUA.
“A Wrinkle in Time” (2018), adaptação de livro de fantasia com Oprah Winfrey no elenco, tornou Ava a primeira mulher negra a dirigir um longa com orçamento superior a US$ 100 milhões.
Onde ver: Google Play, iTunes, Netflix e em DVD
Claire Denis
Com uma câmera sempre próxima de seus personagens, a registrar corpos, cheiros e gestos, Claire Denis é dona de uma das carreiras mais sólidas e inventivas do cinema contemporâneo. Só não é tão conhecida por injustiça dos festivais: faltam prêmios, mas sobram filmaços.
Parisiense criada em países africanos colonizados pela França, Claire leva para suas obras tanto discussões sobre pós-colonialismo (“Minha Terra África”) quanto crises envolvendo relações humanas (“35 Doses de Rum”, “Desejo e Obsessão”).
Aos 70 anos, Claire toma um rumo curioso na carreira ao trabalhar em “High Life” (2018), seu primeiro longa falado em inglês. Uma ficção científica sobre presos que trocam o cumprimento da pena por uma missão suicida a um buraco negro (!). Robert Pattinson e Patricia Arquette formam o elenco principal.
Onde ver: iTunes e em DVD
Kathryn Bigelow
Em 2009, quando “Guerra ao Terror” faturou as estatuetas de direção e filme, Kathryn Bigelow virou a primeira mulher a ganhar as principais categorias do Oscar. Antes, ela já havia sido pioneira ao comandar um filme (“K-19: The Widowmaker”, de 2002) com orçamento superior a US$ 100 milhões.
Prêmios e números não definem uma carreira, mas ajudam a entendê-la. Ao longo dos anos 1980 e 1990, Kathryn se tornou uma das melhores cineastas de filmes de ação, gênero dominado por homens. “Caçadores de Emoção” (1991) sempre surge como o exemplo máximo, mas ela entregou pelo menos mais duas obras-primas: o vampiresco “Quando Chega a Escuridão” (1987) e o subversivo e pouco visto “Estranhos Prazeres” (1995).
Com foco no ponto de vista de personagens mulheres, ela arejou o cinema policial em “Jogo Perverso” (1990) e transcendeu os thrillers de guerra na caça a Bin Laden narrada em “A Hora Mais Escura” (2012). De volta ao clima urbano e tenso de “Estranhos Prazeres”, Kathryn lembra a violenta Detroit de 1967 em um projeto ainda sem título, com estreia prevista para 2017.
Onde ver: Google Play, iTunes, Netflix, Net Now e em DVD e Blu-ray
Kelly Reichardt
Com mais de 20 anos de carreira, Kelly representa o raro perfil de cineasta indie que ainda não foi engolido(a) pelos sedutores projetos caros dos estúdios. Os orçamentos pequenos e a presença de atores conhecidos criam um ambiente favorável para crônicas interioranas sobre os EUA, personagens deslocados e o espaço da mulher no mundo.
Após dois longas nos anos 1990, Kelly começou a trabalhar mais regularmente nos anos 2000. “Antiga Alegria” (2006) e “Wendy and Lucy” (2008), primeira de três parcerias com Michelle Williams, firmaram as bases estéticas de um cinema burilado no minimalismo.
Em “O Atalho” (2010), Kelly juntou as tradições do faroeste com sua inclinação para o feminismo. A política retornou forte em “Movimentos Noturnos” (2013), sobre ativistas tentando sabotar uma hidrelétrica. O poético “Certas Mulheres” (2016), mesmo com Kristen Stewart no elenco, sequer tem data de estreia no Brasil.
Onde ver: Google Play, iTunes e Netflix
Maren Ade
Aos 40 anos, a alemã vive o melhor momento da carreira. “Toni Erdmann”, terceiro longa, saiu de Cannes direto para o coração dos cinéfilos. Emplacou indicações a Globo de Ouro e Oscar e inspirou até futuro remake em Hollywood, com Kristen Wiig e Jack Nicholson (saindo da aposentadoria) nos papéis principais.
“Toni Erdmann” ilustra crises geracionais na Europa atual por meio dos encontros surreais entre pai e filha. Ela, uma consultora workaholic, recebe uma inesperada visita do pai. Ele inventa um personagem chamado Toni Erdmann para se infiltrar no mundo corporativo da filha e tentar reconquistá-la.
Antes de “Toni”, Maren abriu os anos 2000 com dois curtas. Mais tarde, fez os longas “Der Wald vor lauter Bäumen” (2003) e “Todos os Outros” (2009). Em paralelo, a cineasta trabalha como produtora no circuito de arte: a trilogia “As Mil e Uma Noites”, do português Miguel Gomes, e “Una Mujer Fantástica”, drama sobre uma mulher transgênero dirigido pelo chileno Sebastián Lelio e premiado no Festival de Berlim 2017.
Onde ver: “Toni Erdmann” saiu dos cinemas e está em pré-venda na iTunes