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“Ben-Hur” e a magnitude de Hollywood

Com o resultado desastroso do novo remake, o Metrópoles recorda o clássico de 1959

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1 de 1 ben-hur-1 - Foto: Metro-Goldwyn-Mayer

Atenção: o texto pode conter spoilers!

Imagine entrar num estádio romano com dez mil pessoas ornamentadas, várias bigas de cavalo e terra batida. Virando num corredor seria possível se deparar com um gigantesco palácio romano onde César sentava em uma cadeira banhada a ouro. Isso era um dia comum no set do filme “Ben-Hur”, de 1959.

Estamos em 1952. O estúdio Metro-Goldwyn-Mayer se encontra à beira da falência, mas ainda possuía vários recursos presos na Itália sob o regime de Mussolini. Excitados com o sucesso do épico bíblico “Os Dez Mandamentos” (1956), a MGM contratou o produtor Sam Zimbalist e anunciou a refilmagem de um filme mudo de 1926: “Ben-Hur”.

Para atrair o público às salas de cinema, o longa não poderia ter uma produção qualquer. Havia uma necessidade de mostrar um produto de proporções astronômicas, afinal os aparelhos televisores já eram um adversário perigoso. Estavam em grande parcela das casas e, no começo dos anos 50, já apresentavam conteúdo a cores. Afim de balancear a ameaça do aparelho, o diretor William Wyler usou cameras 65mm.

camera 65mm

 

Esses aparelhos eram tão pesados que dificilmente conseguiam ser operados por uma ou duas pessoas. Portanto, estavam quase sempre apoiadas sobre gruas ou trilhos. Mas os 65 milímetros de película garantiram ao filme uma qualidade inigualável. Para que se tenha uma ideia, enquanto nossos smartphones têm uma resolução aproximada de mil pixels, esse formato foi exibido nas telas com cerca de mais de onze mil.

Para expandir ainda mais a escala do filme, artistas usaram diversos efeitos especiais. A técnica apelidada de “matte painting” foi impressa a vários frames do projeto. Extremamente sofisticada, a ferramenta consiste em uma dupla exposição da película, uma com a filmagem real e outra com uma pintura ultra realista.

Um exemplo de "matte painting"
Um exemplo de “matte painting”

 

Mas a escala não ficou restringida apenas aos aspectos técnicos. A trama exigiria que os personagens tivessem arcos dramáticos bastante expressivos. Judah Ben-Hur é um príncipe rico que mora na Judeia. Reencontra um grande amigo de infância chamado Messala que agora é um militar romano. São dois grandes amigos que se tornariam inimigos. O interessante é que Wyler retratou a relação dos dois menos como uma rivalidade do que como um romance que deu errado.

Namoro ou amizade?
Namoro ou amizade?

 

Wyler demonstra isso de uma forma muito simbólica. Num dado momento, lembrando de uma brincadeira de infância, os dois atiram lanças contra uma viga de madeira num gesto caloroso e amigável:

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Num outro momento, a lança é usada como arma, um contra o outro, numa rima visual.

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Por sorte ou talento a MGM transformou toda essa escala em faturamento. “Ben-Hur” virou o segundo filme de maior bilheteria na sua época. Com valores atualizados, ele arrecadaria cerca de 74 milhões de dólares. Foi indicado para doze estatuetas do Oscar e ganhou onze. Com 85 milhões de dólares a mais e todos os novos recursos, o remake já é considerado um desastre de bilheteria nos EUA. Neste caso, não se fazem mais filmes como antigamente.

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