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Baahubali na Netflix: a franquia de Tollywood que desafia Bollywood

Saga sobre jovem aventureiro que tenta recuperar reino de irmão opressor impressiona pela trama épica de fantasia com belos efeitos visuais

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1 de 1 baahubali 1 - Foto: Divulgação

Uma das franquias cinematográficas mais cativantes dos últimos anos não é estrelada por super-heróis mascarados ou guerreiros das galáxias. Sequer vem de Hollywood, mas não deve nada aos longas norte-americanos. Dividida em dois longas, O Início (2015) e A Conclusão (2017), e disponível na Netflix do Brasil, a saga blockbuster Baahubali mostra a força da produção indiana da chamada Tollywood, indústria de filmes falados em telugu, língua do sul do país, que tenta rivalizar com a famosa Bollywood, de Mumbai, falante de hindi.

A Índia é grande e populosa o suficiente (mais de 1,3 bilhão de habitantes) para comportar múltiplos e frutíferos polos de entretenimento. Tollywood já chegou a superar o número de filmes produzidos por Bollywood em um ano diversas vezes. Mas alcançou um novo patamar com o sucesso de Baahubali. O jovem batiza uma épica história mitológica de irmãos inimigos que lutam pelo reino de Mahishmati, na Índia medieval.

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Cenas musicais são fartas no primeiro filme da franquia
Kattappa (Sathyaraj), o narrador da história e chefe da guarda real do reino
Baahubali: história de herança familiar, mitologia e fantasia na Índia medieval
Bhallaladeva (Rana Daggubati), o tirano irmão de criação de Baahubali
Devasena (Anushka Shetty), mãe do herói e esposa de guerreiro mítico: mulher questiona velhas leis e tradições do reino
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Prabhas, o astro da franquia: interpreta Baahubali pai e filho

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Cenas musicais são fartas no primeiro filme da franquia

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Kattappa (Sathyaraj), o narrador da história e chefe da guarda real do reino

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Baahubali: história de herança familiar, mitologia e fantasia na Índia medieval

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Bhallaladeva (Rana Daggubati), o tirano irmão de criação de Baahubali

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Devasena (Anushka Shetty), mãe do herói e esposa de guerreiro mítico: mulher questiona velhas leis e tradições do reino

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O alto investimento deu retorno imediato nas bilheterias. O Início representa a sexta maior bilheteria de um longa indiano (considerando cifras locais e mundiais) e a terceira maior na Índia (levando em conta obras nacionais e estrangeiras que estrearam no país). A Conclusão vem em segundo na primeira lista e lidera a segunda. Ambos os títulos custaram juntos o equivalente a US$ 66,45 milhões.

Enquanto o primeiro filme foi rodado em telugu, o segundo também contemplou o idioma tâmil durante a produção – uma maneira de abocanhar mais mercados simultaneamente. Na Netflix brasileira, porém, não estão disponíveis nenhuma dessas versões: O Início chegou ao catálogo somente dublado em português e espanhol – o que gerou reclamações de usuários na página do longa – e A Conclusão pode ser vista apenas em hindi.

Com uma escala digna do Velho Testamento bíblico e uma vigorosa mistura de gêneros – guerra, romance, drama, fantasia, ação e musical –, a franquia chama a atenção pela qualidade dos efeitos visuais e da narrativa, sem falar nas criativas coreografias de luta, felizmente desinteressadas em qualquer noção de realismo. Distribuída em dois eixos, a história acompanha a descoberta de Baahubali (Prabhas) de seu passado.

Em flashbacks – Kattappa (Sathyaraj), chefe da guarda real, conta toda a saga familiar e palaciana para o personagem principal –, os filmes mostram como o pai de Baahu (também vivido por Prabhas) foi criado como irmão mais novo de Bhallaladeva (Rana Daggubati). Órfão, cresceu sob os cuidados da tia, Sivagami (Ramya Krishnan), Rainha-Mãe e autoridade máxima de Mahishmati.

Bhalla carrega no sangue um longo histórico de ressentimentos, já que seu pai, Bijjaladeva (Nassar), jamais conseguiu assumir o trono. Ainda bebê, Baahu filho foi expulso do reino e só não morreu porque Sivagami o protegeu, mantendo-o sobre a cabeça enquanto morria afogada num rio caudaloso. A mãe da criança, Devasena (Anushka Shetty), acabou aprisionada e passou os próximos 25 anos em cativeiro, sem saber se o herdeiro sobreviveu.

Com uma estrutura que vai e vem no tempo, o diretor e autor S.S. Rajamouli narra uma poética lenda contada originalmente por seu pai, K. V. Vijayendra Prasad, corroteirista dos longas, e baseada nos quadrinhos da série Amar Chitra Katha, que formou gerações ao reunir personagens históricos, fábulas e lendas do folclore indiano.

Apesar de se complementarem, os dois filmes sustentam estilos distintos. Com fartas sequências musicais, um visual ligado à natureza e um colossal clímax bélico, O Início segue as origens do jovem Baahu numa terra distante de Mahishmati – a “divisa” é uma cachoeira praticamente impossível de se escalar. Aos poucos, percebemos como o reino se dividiu após as contendas de 25 anos atrás. Liderados por Kattappa e pela brava guerreira Avanthika (Tamannaah Bhatia), dissidentes resistem à opressão.

Mais dramático e folhetinesco, individualizando as rusgas entre os irmãos, A Conclusão explica a ruptura familiar que culminou na tentativa de assassinato do bebê Baahu. Boa parte da trama envolve, por sinal, o poder das mulheres e fissuras entre tradição, defendida por Sivagami, e novidade, representada pela questionadora Devasena, disposta até mesmo a relativizar a validade de velhas leis que amedrontam o povo e ignoram as vozes femininas.

Baahubali exibe mais personalidade do que a maioria dos grandes lançamentos americanos – as produções da Marvel, por exemplo, não chegam nem perto em termos de rigor visual e esmero narrativo. Somados, os dos filmes dão mais de cinco horas de duração. Para quem estiver afim de assistir, é tempo mui bem gasto.

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