“Alias Grace” apresenta o lado histórico de Margaret Atwood
A trama, baseada em uma história real, gira em torno da empregada doméstica Grace Marks, que está presa há quinze anos por matar seu patrão
atualizado
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Em 2017, Margaret Atwood é uma das escritoras mais populares do mundo. A Netflix lançou na última sexta (3/11) a série “Alias Grace”, inspirada em obra homônima da autora, após o estrondoso sucesso de “The Handmaid’s Tale”, também originada de outro livro da autora.
Se em “The Handmaid’s Tale” a narrativa provoca os espectadores com um mundo distópico terrivelmente próximo da realidade, em “Alias Grace” o que se vê é um fato histórico que nos ajuda a entender porque temos medo de que o primeiro universo apresentado é tão possível de existir.
Porém, graças a uma amnésia, ela não se lembra de ter cometido o ato e sua condenação foi baseada em depoimentos de pessoas que afirmaram tê-la visto no local do crime, mas não testemunharam o ataque.
O crime, ocorrido na primeira metade do século 19 no Canadá, provocou grande comoção à época, havendo pessoas contra e a favor à condenação de Grace. Na busca por reverter o processo, os defensores da jovem empregada chamam o psicanalista Simon Jordan (Edward Holcroft) para avaliá-la e tentar fazê-la superar a tal amnésia.
Assim, a jovem revisita o passado, apresentado em flashbacks na série, e desvela o forte machismo que afetava a vida das mulheres daquele tempo – e, em muitos casos, afeta até os dias de hoje.
Porém, ao invés de trazer cenas de violência extrema contra a mulher, a série aposta na exibição de um ataque velado e extremamente íntimo, que poderia ser entendido por muitos como um comportamento normal às pessoas que viveram aquele período. E é nisso que reside a força de “Alias Grace”.
Por considerarmos “pequenas” essas violências domésticas, permitimos a insurgência de monstros capazes de devorar um país inteiro, como vemos em “The Handmaid’s Tale”. Juntas, as séries dão vida à mensagem dos livros de Atwood: o passado e o futuro andam de mãos dadas.