Sem cateter, médicos do HMIB alertam para o risco de mortes de bebês
Desesperados, profissionais pediram ajuda à direção do Hospital Materno Infantil de Brasília para suprir a falta de cateteres na unidade
atualizado
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“É um item fundamental para a assistência dos pacientes criticamente enfermos, sem o qual não existe possibilidade de atendimento adequado, inclusive com risco de morte.” O relato, um verdadeiro pedido de socorro, integra um documento enviado por servidores à direção do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). A unidade é mais uma que está sem cateter para tratamento de bebês.
A Gerência de Assistência Clínica enviou um memorando solicitando a compra dos cateteres para acesso venoso central, em caráter de urgência. Clique aqui e acesse o memorando da Pediatria.
A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, questiona a situação: “Qual o real interesse da SES-DF em dificultar o acesso dessas crianças ao cateter? O governador do DF, que abraça tão fortemente a iniciativa privada no cuidado com as crianças, que anuncia aos quatro ventos a construção de novos hospitais, vai manter a situação da rede pública nesse caos? Será que ele não imagina, enquanto constrói um novo hospital para aprimorar o atendimento, que quem está vivo está precisando de ajuda e tem ajuda negada na rede? Muito estranho esse interesse da SES. Não parece ser uma coisa bem-orquestrada?”, questiona.
No dia 4 de julho, a presidente Marli foi até o Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) para denunciar a Secretaria de Saúde por causa da falta de cateter central de inserção periférica. Veja o documento entregue ao MPDF.
“A incompetência desse governo, nós podemos ver em todas as ações. A covardia, a gente enxerga em situações como essas. Bebês, recém-nascidos sem o atendimento adequado. O HMIB já foi nosso hospital de referência para atendimento pediátrico. Hoje, está nessa lamentável situação. Quanto custa para o Governo do Distrito Federal comprar os cateteres? Onde está o planejamento para essas aquisições? Eles não se importam com nada. Estão assinando atestado no qual comprovam que não se importam com a vida dos moradores do DF. A palavra correta é COVARDIA. Deixar crianças morrerem à espera de atendimento é COVARDIA”, critica.
Em 21 de junho, duas denúncias sobre o mesmo tema foram feitas pelo SindSaúde. Nessa data, o chefe do Núcleo de Farmácia Hospitalar do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) relatou a situação por meio de um memorando. Em dezembro de 2016, matéria publicada pelo Metrópoles já alertava para o problema – naquela ocasião, em Sobradinho.
Ouvida pelo SindSaúde, uma neonatologista da rede pública do Distrito Federal se mostrou indignada com a situação: “Em todo esse tempo que trabalho na Secretaria de Saúde, nunca vi tamanho abandono como agora. Falta tudo! Menos a nossa vontade de fazer o melhor e salvar vidas. A equipe esbarra na burocracia e fica impotente. É como se aquelas pequenas vidas não tivessem valor. Todos sabem a importância dos cateteres na terapêutica. Já falamos em todas as instâncias. As chefias levam o caso à coordenação, CRM, Coreme, e nada muda… Já pensei em desistir, mas, se todos jogarem a toalha, o que será desses bebês? É desesperador!”, finaliza a servidora.
A Secretaria de Saúde foi acionada pelo SindSaúde, mas não comentou a circunstância e não informou como está o processo de compra dos cateteres.
O SindSaúde continua sua cobrança para que a situação seja regularizada e os gestores punidos por tamanha OMISSÃO com a vida.