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A Via-crúcis dos pacientes do DF que têm câncer

Ter um diagnóstico de câncer ou mesmo a suspeita significa desespero e corrida contra o tempo para iniciar o tratamento.

atualizado

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1 de 1 Card Portal Metropoles 02 (1) (1) - Foto: Peter Neylon/SindSaúde

A rede pública de saúde do Distrito Federal já foi referência em muitas áreas, dentre elas a Oncologia. Porém, hoje, a realidade é muito diferente. Apesar de contar com equipes altamente capacitadas, a precarização imposta ao sistema reduziu as possibilidades de atendimento às centenas de pacientes que, todos os meses, buscam tratamento contra o câncer.

Estimativa do INCA (Instituto Nacional de Câncer) mostra que, em 2018, o Distrito Federal deve ter 8.450 novos casos de câncer entre homens e mulheres. A realidade de hoje, no entanto, causa mais desesperança. Do diagnóstico ao tratamento, o paciente enfrenta uma verdadeira via-crúcis.

O calvário se inicia com a suspeita da doença e se estende até o tratamento, ou não. Normalmente, os pacientes aguardam mais de um ano para a primeira consulta. Muitos têm a doença agravada em função da demora. Alguns morrem antes de conseguir atendimento.

A biópsia e os exames de imagem necessários para o diagnóstico não têm rede referenciada para agilizar os resultados. Os pacientes, desesperados, acabam buscando a rede particular para agilizar os primeiros laudos. Porém, todo esse esforço esbarra no acesso ao tratamento.

O antigo Hospital de Base, transformado em Instituto pelo governo Rollemberg, anunciou em abril que não haveria novos atendimentos para tratamento dos pacientes com câncer. Alegou falta de profissionais pelo fato de a Justiça do Trabalho ter suspenso as contratações celetistas no Instituto. A pergunta que não quer calar: o que foi feito com os profissionais que sempre atenderam na Oncologia do Hospital de Base? Foram removidos? Redistribuídos?

A resposta é simples e cristalina: o governo envidou todos os esforços para desmontar os serviços e facilitar “parcerias” com instituições privadas, sem qualquer controle e transparência na sua execução


Quando o Instituto Hospital de Base foi criado, Rollemberg alardeou que o acesso continuaria universalizado e que tudo seria público. Mais uma mentira para um governo que não disse a que veio. Seu legado será a destruição! É verdade que a área de Saúde vem sendo sucateada há vários governos. Mas, essa gestão superou todas as outras quando resolveu acabar com o único hospital de alta complexidade da rede pública. Hoje, todos os tomógrafos da rede estão quebrados!

Estranhamente, existem contratos vigentes de manutenção e reparo. Tem máquinas, profissionais, estrutura, mas, não tem gestão! Deixam tudo quebrado para justificar contratos emergenciais. No entanto, pacientes ainda agonizam à espera. A face mais cruel de uma doença fatal é a omissão do Estado. Nem mandados judiciais são atendidos. A morte vai se aproximando.

Outros estados
Até poucos anos atrás, os pacientes de fora procuravam o DF para o tratamento. Hoje, os pacientes da cidade migram para Goiânia, Barretos, São Paulo, Belo Horizonte e outros centros em busca de uma oportunidade de lutarem contra a doença.

Esse é o caso de Tatiana Rosa, de 36 anos. Ela descobriu um câncer na tireoide em julho de 2017. A médica que constatou a doença pediu que a cirurgia fosse feita em 20 dias e encaminhou a paciente para o Hospital de Base, único lugar do DF que faz esse tipo de cirurgia “cabeça e pescoço”.

Em março de 2018, oito meses depois e cansada de esperar, Tatiana buscou atendimento em Águas Lindas de Goiás. Lá, foi encaminhada para o Hospital Araújo Jorge, em Goiânia, referência no tratamento.

A primeira consulta foi agendada para 26 dias depois e, mais 17 dias após a primeira consulta, a paciente passou por cirurgia. Tatiana afirmou que vai continuar todo o tratamento em Goiás.

Afinal, nem todos tem as condições de uma primeira-dama que, diagnosticada com câncer, começou imediatamente o tratamento, com um prognóstico positivo para a cura. Seria maravilhoso que todos os pacientes que enfrentam a mesma patologia tivessem a mesma oportunidade. Em vez disso, nem uma tomografia ou “pet scan” é possível realizar, porque ou os aparelhos estão estragados ou não foram instalados.

O SindSaúde entrou em contato com a SES-DF em busca de outros dados sobre o tratamento do câncer no DF e sobre os contratos vigentes com empresas privadas para realização de exames, mas não obteve resposta até o fechamento desta coluna.

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