Peyton Manning, seus irmãos e seu pai: a lendária dinastia da NFL

Peyton Manning, 39 anos, foi cinco vezes o MVP da NFL. O melhor jogador da temporada regular de futebol americano. Duas vezes campeão do Super Bowl, Peyton Manning é o único quarterback na história da liga profissional a vencê-la por dois clubes distintos: os Indianapolis Colts, em 2007, os Denver Broncos, agora em 2016.

Peyton Manning teve uma temporada complicada. Uma lesão no pé esquerdo o deixou fora de sete jogos, metade da temporada. Nos últimos três anos, ele sofreu com tornozelo, coxa, costela e ombro. Já operou a coluna cervical, em 2011, e desenvolveu uma limitação crônica no quadril de tanto levar pancadas.

Só Peyton Manning, no entanto, é capaz de dizer se vale a pena continuar em frente apesar das limitações da idade ou, como foi muito especulado na imprensa americana nas últimas semanas, se ele vai aproveitar o Super Bowl 50, de domingo passado, para colocar fim numa sensacional carreira. Com o caneco da mão, talvez a decisão seja um pouco menos dura. Após a conquista, ao ser perguntado sobre seu futuro, ainda no Levi’s Stadium de Santa Clara, Peyton Manning respondeu que vai tirar um tempo para pensar.

Idolatrado nos Estados Unidos, Peyton Manning já está entre os grandes nomes do futebol americano. Para o público brasileiro, que agora está descobrindo e se familiarizando com todo um esporte e sua mitologia, este filme produzido pelo canal ESPN, o documentário “The Book of Manning” (2013), ajuda a entender as motivações de Peyton Manning…

https://www.youtube.com/watch?v=eL2_bKDunFM

Archie Manning

Segundo de três irmãos, Peyton Manning nasceu em Nova Orleans, em março de 1976. Seu pai, Elisha Archibald Manning, tinha largado a pequenina cidade de Drew, no delta do Mississippi, para se tornar ainda adolescente o mais brilhante quarterback do time da Universidade de Mississippi, o mui popular Ole Miss Rebels.

Numa época em que os jogos ainda não eram televisionados com frequência, ele se tornou uma espécie de lenda oral do Sul dos Estados Unidos naqueles meados de anos 1960. Não raro, em vezes de dar um passe, Archie preferia segurar a bola e tentar avançar correndo ele próprio. (Num estilo bem à frente de seus dias e que hoje lembra, por exemplo, Cam Newton, sensação atual da NFL e vice-campeão do Super Bowl 50 à frente dos Carolina Panthers.)

Archie Manning, porém, nunca conseguiu repetir na NFL o sucesso dos dias de universidade. Franzino e um tanto desengonçado, ele estacou num time intermediário, o New Orleans Saints, por 11 temporadas. Por isso seus três filhos nasceram na cidade de Nova Orleans.

Cooper, Peyton e Eli Manning

Uma tragédia familiar, devidamente esmiuçada no filme, lançava uma sombra de angústia sobre Archie e o impedia de ser muito mandão na vida dos filhos. Os garotos jogavam futebol no quintal de casa. Archie e família garantem que nunca ninguém forçou a barra para que os meninos seguissem o rumo profissional do pai.

Mas todos os três se tornaram jogadores de futebol. Cada um a sua vez. Cooper também brilhou, como atacante, no Ole Miss Rebels. Teve a carreira interrompida pela descoberta de um problema na coluna que, caso ele continuasse jogando e recebesse uma pancada de mau jeito, poderia deixá-lo na cadeira de rodas.

Peyton cresceu ouvindo fitas cassetes com as antigas transmissões radiofônicas dos jogos de seu pai. E ele conta ter se tornado jogador para que seu irmão pudesse se sentir em campo novamente através dele. Contrariando as expectativas gerais, Peyton não foi para o Ole Miss Rebels e sim para o arqui-inimigo Tennessee Volunteers. O clima ruim deixado no Mississippi foi amenizado, cinco anos depois, quando o caçula Eli entrou para o Ole Miss.

Eli e Peyton Manning estão hoje entre os quarterbacks mais vencedores da NFL. Ambos bicampeões de Super Bowl. Há 12 anos, Eli defende os New York Giants, tendo conquistado os títulos de 2008 e 2012. Eli estava nas tribunas do Levi’s Stadium, domingo passado, vendo o irmão jogar.